2023-12-31

Paciência de Chinês

 

Entre outras memórias da China os portugueses usam duas expressões características; "Negócio da China" para caracterizar um negócio muito lucrativo, provavelmente do tempo em que Macau era o porto comercial quase único por onde passava o comércio da China com a Europa e "Paciência de Chinês" para designar artesanato muito perfeito e muito trabalhoso.

Nesta última categoria cabem estes recipientes de vidro ocos em que o interior foi pintado com um pequeno pincel e muita paciência para evitar pinceladas fora do sítio, o da esquerda que comprei em Xangai, o da direita oferecido por uma delegação chinesa que visitou a REN e a quem fiz uma apresentação sobre actividades da empresa.

Ambos os recipientes eram antigamente destinados a guardar tabaco em pó, como outros frascos chineses que mostrei noutro post

 


O frasco da direita é um prisma cuja base é um triângulo rectângulo com ângulos agudos de 45º e estando a hipotenusa paralela ao plano do sensor da máquina fotográfica. As pinturas internas na parede do cilindro oco aparecem diectamente no centro da imagem do frasco e também reflectidas nas paredes internas, inclinadas a 45º, do prisma.

Rodando 180º à volta dum eixo vertical, o frasco da esquerda mostra outra pintura de grous e na imagem do frasco da direita aparece apenas o cilindro central pois as laterais estão a ser projectadas para as "traseiras" do frasco:

 


Para clarificar a geometria do frasco prismático mostro ainda outra perspectiva:

 


As três fotos acima foram tiradas com uma máquina reflex Olympus E-450. Ficaram muito mais escuras do que parecia à vista desarmada. Uso pouco esta máquina pois, ao contrário do telemóvel, não está sempre à mão. A ver se no próximo ano dedico algum tempo ao estudo desta máquina (talvez a única resolução para o ano que vem) cujo uso é muito mais difícil do que o telemóvel, que talvez não tenha tantas possibilidades mas que dá na maior parte das vezes uma imagem razoável como a que mostro a seguir do mesmo motivo:

 

Este será o último post do ano deste blogue, em que consegui igualar o número de posts do ano anterior que foram 70.

Desejo aos leitores um Ano Novo de 2024 muito feliz.


2023-12-30

Urinol em Bruxelas

 

Fotografei este equipamento urbano, algo insólito nos tempos que correm, nas traseiras da Bolsa em Bruxelas, na Rue du Midi, em 9/Abr/2014

Receei que já não existisse e fui verificar no Google Maps na Street View mas o edifício da Bolsa está em obras de grande conservação, rodeado por tapumes que impedem a vista.

Pesquisando Public WC toilet no Google Maps em Bruxelas acabei por ver sinalizados alguns Urinoirs, verifiquei um ao pé da Gare du Midi que era de um modelo parecido a este.

Em Lisboa, pesquisando Urinol na via pública no Google Maps, obtêm-se dois, um em Olivais Velho, outro em Marvila. São sítios recônditos, em comparação com este ao pé da Bolsa de Bruxelas.


Adenda: acabam de me informar que ainda existe outro urinol em Lisboa no Castelo de S.Jorge mas esse trata-se de uma "atracção turística", para turistas não-belgas adiantaria eu.

2023-12-28

Pompa Real


Quando em Outubro de 2019 guardei esta imagem da rainha do Reino Unido, lendo na Câmara dos Lordes o discurso escrito pelo primeiro-ministro num ambiente de tanta pompa



guardei a imagem para publicar num futuro post deste blogue mas não consegui desde então produzir um texto para comentar esta cerimónia. Porque se por um lado toda aquela pompa me parece uma mascarada de Carnaval, por outro lado o ritual recorda eventos ocorridos desde há centenas de anos que foram definindo o que é hoje o Reino Unido.

A rainha está acompanhada do filho Carlos porque o esposo estava na altura doente. Tem um manto que nunca mais acaba mas as damas de honor devem dar uma ajuda no transporte. Já a coroa é uma das mais leves certamente por causa da fragilidade da rainha, enquanto a coroa mais pesada fica em cima duma almofada sobre uma mesa. O príncipe vem com uma farda militar e uma data de medalhas, as senhoras mais importantes têm uma faixa azul em diagonal, os cavalheiros vestem uns casacos vermelho e ouro vistosos e as duas cadeiras de trono são rodeadas duns anjinhos dourados com asinhas e estão à frente de uma parede com vários baixo-relevos polícromos, com abundância de dourados e de leões e unicórnios. E os juízes com as suas cabeleiras postiças brancas.

Em 7/Nov/2023 ocorreu outra cerimónia, desta vez a abertura da 4ª sessão do 58º Parlamento do Reino Unido em que o leitor já era o rei Carlos III.

 


A esposa Camila já passou a rainha, ocupando uma cadeira melhor, e ambos os monarcas têm direito a um manto exagerado. O rei tem força suficiente para suportar uma coroa mais pesada e o manto real tapa as suas condecorações que aparentemente perderam importância.

A seguir uma panorâmica mais abrangente da Câmara dos Lordes

 

com legenda em inglês do que o rei está a ler

Em ambos os casos se nota do lado esquerdo das fotos a presença de convidados aparentemente estrangeiros, alguns usando na cabeça kéfiés árabes.

Eu não sinto necessidade dum ritual tão elaborado, lembrando-me a propósito dum texto do Oscar Wilde sobre a pompa real, que traduzi e apresentei noutro post sobre a igreja da Sagrada Família de Barcelona:
«
E o Camareiro dirigiu-se ao jovem Rei e disse, «Meu senhor suplico-te, põe de lado esses teus pensamentos negros e veste esta bela túnica e coloca esta coroa sobre a tua cabeça. Pois, como poderá o povo saber que tu és um rei, se não tens um traje de rei?»
...
Os nobres fizeram troça e alguns deles gritaram para o Rei, «Meu senhor, o povo aguarda pelo seu rei e tu mostras-lhes um mendigo», e outros indignados diziam, «Ele traz vergonha sobre o nosso estado, e não é digno de ser o nosso senhor».
»

O povo também mostrou pouco entusiasmo com esta alteração dos costumes:

«...
O povo ria e dizia, «É o louco do Rei quem cavalga», e gozavam com ele. O jovem Rei puxou pelas rédeas e retorquiu, «Não, pois eu sou o Rei». E contou-lhes os seus três sonhos.

E um homem saiu da multidão e falou amargamente para ele, dizendo, «senhor, não saberás tu que da luxúria do rico surge a vida do pobre? Somos educados pela tua pompa e os teus vícios dão-nos o pão. Trabalhar para o duro mestre é amargo, mas não ter mestre para quem trabalhar é ainda mais amargo.
Pensas tu que os corvos irão alimentar-nos? E que remédio tens tu para estas coisas? Irás dizer ao comprador, “Deverás comprar esta quantidade” e ao vendedor, ‘tu deverás vender a este preço?’ Não creio. Por isso, volta para o teu palácio e coloca em ti o bom linho vermelho. O que tens tu a ver connosco e com o que sofremos?»
«Não são o rico e o pobre irmãos?» Perguntou o jovem Rei.
«Sim», respondeu o homem, «e o nome do irmão rico é Caim».
Os olhos do jovem Rei encheram-se de lágrimas, e ele cavalgou através dos murmúrios do povo, enquanto o pequeno pagem amedrontado, o deixou.
»

O próprio bispo que o ia coroar disse-lhe entre outras coisas:

«...
mas digo-te que cavalgues de volta para o Palácio e alegra a sua cara, coloca as vestes próprias de um rei e com a coroa de ouro, te coroarei e o ceptro de pérola colocarei na tua mão. E quanto aos teus sonhos, não penses mais neles. O fardo deste mundo é demasiado grande para que um homem o carregue e a tristeza do mundo demasiado pesada para um coração sofrer.
»

A saída que o Oscar Wilde arranjou foi pôr os raios de sol a entrar pelos vitrais adentro, dando cores belas à roupa modesta e fazendo florir lírios e rosas vermelhas no bastão que o Rei levava, daí me lembrar desta história quando vejo raios luminosos a atravessar vitrais.

Resumindo, parece que a única alternativa àqueles programas conservadores, quer de governação quer de economia, acaba por ser um milagre, o que sabemos ser pouco frequente.

»



2023-12-27

Tartaruga de Vanuatu

 

Vanuatu é um arquipélago de 83 pequenas ilhas situadas no Pacífico Sul, com 300 000 habitantes numa superfície de 12 000 km2.

Povoado por melanésios foi colonizado em 1906 e administrado conjuntamente pela França e pelo Reino Unido, conhecido como Novas Hébridas durante 74 anos, sendo uma república desde a independência em 1980.

Mostro ao lado a sua posição no globo em imagem da Wikipédia.  

Não me lembro como cheguei a um artigo da revista Scientific American intitulado "An Ancient Art Form Topples Assumptions about Mathematics".

Falava nesse artigo de figuras que artistas de Vanuatu desenhavam na areia, marcando uma matriz de pontos previamente, iniciando o desenho colocando o dedo no ponto inicial e passando pela matriz de pontos num percurso Euleriano apenas levantando o dedo depois de passar por todos os pontos e chegar ao ponto inicial.

Gostei muito de ver este filme do artigo acima referido, mostrando como desenham uma tartaruga nessas ilhas dos mares do Sul.

 

 

Este artigo refere a existência de "etnomatemáticos" que se dedicam a estudar métodos matemáticos de civilizações sem descriçoes textuais dos algoritmos utilizados.

Vi ainda uma crítica do livro "Inventing the Mathematician".


Nota: não sabia como se inseriam vídeos num post sem conhecer o código "embed" que aparece sempre nos vídeos do Youtube. Afinal é fácil, construindo o <iframe> "à mão" se bem que ainda não domine completamente esta técnica. Por isso este post apareceu primeiro intitulado "Teste" e só depois se passou a chamar "Tartaruga de Vanuatu".


2023-12-25

Indesejável Persistência Histórica

 

Em 1966 num album de Simon & Garfunkel apareceu uma canção intitulada 7 O'clock News/Silent Night em que se fazia o contraste entre a canção tradicional de Natal "Silent Night" e o noticiário das 7 focado sobre a guerra da época no Vietnam. Agora, em vez do Vietnam temos a Ucrânia e Gaza


2023-12-21

 Feliz Natal e Bom Ano Novo de 2024

 

Desta vez acompanho os votos natalícios com o quadro "Natividade Mística" feito por Sandro Botticelli (1445-1510) no ano 1500.

Gostei da profusão de anjos a acompanhar o momentoso nascimento do menino Jesus em Belém, onde este ano, ao contrário de há mais de 2000 anos, não existe falta de quartos disponíveis nas estalagens da povoação, devido à guerra em curso que se está a prolongar muito mais do que seria razoável.

e de que mostro um detalhe do respectivo centro 


É um quadro que está na National Gallery em Londres de onde descarreguei estas imagens.

No mesno sítio tem uma breve descrição da imagem que passo a citar:

«

O menino Cristo estende a mão para a Virgem Maria, alheio aos seus visitantes – os Reis Magos à esquerda e os pastores à direita. A cúpula dourada do céu se abriu e é circundada por 12 anjos segurando ramos de oliveira entrelaçados com pergaminhos e pendurados com coroas. Em primeiro plano, três pares de anjos e homens se abraçam; entre seus pés, demônios correm em busca de abrigo no submundo através de fendas nas rochas.

»

Esta tradução foi feita integralmente pelo Google Tradutor e as alterações que eu faria resumem-se a diferenças entre opções mais comuns no português de Portugal ou do Brasil, assinaladas noutra côr:

«

O menino Cristo estende a mão para a Virgem Maria, alheio aos seus visitantes – os Reis Magos à esquerda e os pastores à direita. A cúpula dourada do céu abriu-se e está circundada por 12 anjos segurando ramos de oliveira entrelaçados com pergaminhos e pendurados com coroas. Em primeiro plano, três pares de anjos e homens abraçam-se; entre os seus pés, demónios correm em busca de abrigo no submundo através de fendas nas rochas.

»

A frase original em inglês era:

«

The infant Christ reaches up towards the Virgin Mary, oblivious of his visitors – the Three Kings on the left and the shepherds on the right. The golden dome of heaven has opened up and is circled by 12 angels holding olive branches entwined with scrolls and hung with crowns. In the foreground, three pairs of angels and men embrace; among their feet demons scuttle for shelter in the underworld through cracks in the rocks.

»

O Google Tradutor está cada vez melhor.



2023-12-19

Contradições de Israel em Gaza

 

Li agora na newsletter diária do jornal Expresso sobre a "Cidade Terrorista Subterrânea":

«

Israel garante ter descoberto o maior túnel de Gaza, com uma entrada de mais de três metros de diâmetro e largura suficiente, em algumas das suas ramificações, para permitir a circulação de um carro normal. No total, este túnel tem cerca de quatro quilómetros de comprimento e foi escavado a 50 metros de profundidade. “Este não é um túnel qualquer. É uma cidade. Uma cidade terrorista subterrânea", disse o porta-voz do exército israelita numa visita à Faixa de Gaza com alguns meios de comunicação. O túnel termina a cerca de 400 metros da passagem fronteiriça de Erez, e pode ter sido uma peça essencial no ataque de 7 de outubro

»

Existem tantas informações de ambas as partes da guerra de Gaza bem como de terceiras partes sobre a grande quantidade de túneis em Gaza construídas pelo Hamas, que considero esta descrição publicada no jornal Expresso baseada em declarações do exército israelita como altamente fiável.

Acentua contudo as minhas dúvidas sobre a necessidade que o Hamas teria de utilizar os hospitais de Gaza como pontos privilegiados de acesso a essa infraestrutura, até me parecem locais inconvenientes, por falta de discrição, pois são vizinhanças às quais é provável que acorrram multidões não só de feridos dos bombardeamentos e dos seus acompanhantes como ainda civis que tinham a ilusão que ao pé dos hospitais estariam mais protegidos das bombas israelitas.

Começo a ficar convencido que o bombardeamento dos hospitais é premeditado pelo exército israelita para criar condições de vida ainda mais difíceis para os civis vítimas dos bombardeamentos e suas famílias, pois me parece absurdo que sejam pontos notáveis da cidade subterrânea.

Quanto às milícias armadas do Hamas, elas terão tido as suas baixas sobretudo nos encontros com a infantaria israelita, no resto do tempo devem estar em segurança nos túneis e espaços da cidade subterrânea.




2023-12-15

Nova Resolução da Assembleia Geral da ONU de 12/Dez/2023


Foi aprovada nova Resolução da Assembleia Geral da ONU em 12/Dez/2023 propondo Trégua Humanitária em Gaza.

Esta reunião da assembleia surge na sequência do veto dos EUA à proposta, com o mesmo objectivo de obter uma trégua humanitária, submetida ao Conselho de Segurança em 8/Dez/2023.

Já houvera uma Resolução da mesma assembleia com o mesmo objectivo aprovada em 27/Out/2023 que relatei noutro post deste blogue.

Resultados das duas votações:

- em 27/Out/2023: A favor: 120, Contra: 14, Abstenção: 45

- em 12/Dez/2023: A favor: 153, Contra: 10, Abstenção: 23

 A soma dos votos é diferente porque foram diferentes os números de países que não votaram.

Segundo o mapa da votação que retirei deste sítio e que mostro a seguir,  desta vez votaram contra Áustria, Chéquia, Guatemala, Israel, Libéria, Micronésia, Nauru, Papua-Nova Guiné, Paraguai, E.U.A.

 


Na Europa e sua vizinhança mudaram de abstenção para a favor os países Albânia, Chipre, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Grécia, Islândia, Letónia, Macedónia do Norte, Polónia, Moldávia, São Marino, Sérvia e Eslováquia enquanto a Hungria mudou de contra para abstenção e a Croácia de contra para a favor.

Fiz uma actualização do mapa desta região em que os novos verdes e o novo amarelo têm tons ligeiramente diferentes dos iniciais

 



Depois usei este sítio ezgif.com para criar uma imagem .gif basculando entre as duas votações e assim ilustrando as diferenças

 


Israel vai ficando cada vez mais isolado.


 

Destruição do Ministério Público

 

Se, como diz a Procuradora Geral da República "há quem queira menorizar, descredibilizar ou destruir o Ministério Público" este deverá iniciar uma investigação sobre os suspeitos e deverá revelar publicamente os nomes dos suspeitos que está a investigar, para não correr o risco de ser acusado de os estar a proteger.


2023-12-10

EUA vetou proposta de Resolução do Conselho de Segurança da ONU

 

Na sequência de carta endereçada pelo Secretário-Geral da ONU António Guterres, convocando reunião do Conselho de Segurança da ONU, invocando pela primeira vez no seu mandato o artigo 99º da Carta da ONU, que lhe dá essa prerrogativa quando existem situações que ponham em perigo a Segurança e a Paz internacional, os Emiratos Àrabes Unidos apresentaram na reunião de 8/Dezembro/2023 uma Proposta de Resolução exigindo um cessar-fogo imediato da guerra de gaza a Istael e ao Hamas e a entrega de reféns.

A proposta era subscrita por mais 97 estados e teve o voto favorável de 13 dos 15 estados actualmente membros do Conselho,

- a abstenção do Reino Unido por a proposta não condenar a agressão terrorista do Hamas de 7/Out/2023 mas fazendo entre outras estas declarações: 

"The sheer scale of civilians killed in Gaza is shocking.
The fact that 80% of the population has been displaced cannot continue.
The UK supports Israel’s right to defend itself against Hamas, but Israel must be targeted and precise in its actions."

- o veto contra dos EUA pela omissão de condenação do 7/Out e por o cessar-fogo impedir o objectivo da destruição do Hamas, acompanhando estes motivos de "votos piedosos" de protecção dos civis de Gaza que qté agora não têm tido eficácia. Em inglês "votos piedosos" podem ser traduzidos por "lip service".

Noto que, a alegada interdição pelo Hamas do deslocamento dos civis em Gaza para as alegadas zonas seguras, não justifica a carnificina que se tem observado em Gaza, perante a declaração da embaixadora do Reino Unido do facto de 80% da população de Gaza estar deslocada.

Nesta notícia da circunspecta e tendencialmente neutra BBC "Bowen: US uses veto but pressure for Gaza ceasefire is building" surpreendeu-me esta frase: 

"The Israeli government detests the UN and they detest the secretary general. "

Até fui verificar em dicionários se "detest" seria um "falso amigo" mas não, significa mesmo "detestar".

 

2023-12-04

Humor tipo mal-entendido

 

Também se aplica à alegada Inteligência Artificial, talvez até seja uma nova fonte de inspiração, mesmo para quem está com o "bloqueamento da folha em branco", como nesta história de quadradinhos que não sei se chegou a ser a capa da New Yorker



2023-11-30

Mulheres

 

 Na primeira página da seccão "Culturas" da Revista do Jornal Expresso de 10/Nov/2023 vi esta ilustração com cabeças de figuras femininas e pouco mais, todas diferentes e todas iguais que me agradou muito.

Pensei que gostaria de guardar esta imagem na minha colecção e ao ver no canto inferior esquerdo, na cercadura branca, o texto "GETTY IMAGES" (clicando sobre a imagem ela aparece maior e é possível ver esse texto), constatei que não era uma imagem feita no jornal e que seria possível encontrá-la noutros sítios da internet.

Digitalizei-a, fiz busca no Google Images e acabei por ir parar a um artigo da revista Forbes de 7/Mar/2023 sobre a participação das mulheres nas empresas tecnológicas importantes, a propósito do Dia Internacional da Mulher que é a 8 de Março.

No caso do Jornal Expresso a escolha desta imagem tinha a ver com referência a dois livros recentemente editados de duas autoras femininas. 

Passo a mostrar a imagem do sítio da Forbes a que reduzi o contraste e corrigi os brancos:

 

As figuras estão todas de perfil e os rostos têm todos a mesma forma e as cores são sólidas, podiam ser guache. As pestanas são pretas ou castanhas, 7 ou 8 tons de pele, cabelos de várias cores e penteados e 3 hijabs, lábios com batom de várias cores, uma manchinha de rouge em todas as bochechas. Parecem tranquilas e em movimento

Depois visitei também o sítio da Getty Images e apercebi-me que, como seria de esperar, têm numeroras ilustrações e fotografias à venda para grande variedade de ocasiões e também para o Dia Internacional da Mulher embora não tenha visto a que tenho vindo a referir.

Das existentes seleccionei esta Multicultural

 


em que a forma do rosto me faz lembrar América Central e do Sul. Não consegui localizar "AlonzoDesign".

Seleccionei também esta 

 


que me fez pensar no movimento do Irão "My Stealthy Freedom" que referi em post sobre a mulher iraniana Mahsa Amini, vítima mortal dos teocratas.

 

Para terminar deixo outra ilustração detectada pelo Google Images, fora do sítio da Getty Images, duma empresa de vestuário chamada "House of Irawo" em que se dá maior atenção à roupa das figuras




2023-11-27

Custe o que Custar


"Custe o que custar" é uma expressão idiomática em português, com equivalentes noutras línguas, adequada para pequenos problemas e para alguns grandes, como por exemplo o famoso “We will do Whatever it takes to save the Euro” de Mario Draghi.

Contudo, na maior parte dos problemas com alguma dimensão, é uma receita para incorrer em custos excessivos de natureza diversa, designadamente económicos, sociais, ambientais, de saúde, etc.

 


Como engenheiro ouvi vezes sem conta que os engenheiros têm tendência para desprezar os custos e ocorre-me dizer, citando um amigo arquitecto, que em todas as profissões existem bons e maus profissionais, na maior parte dos casos a minimização do custo de uma acção de engenharia ou de qualquer outra profissão é uma actividade essencial e cuidadosamente levada em conta, embora a ausência explícita de restrições seja uma tentação para aparecerem exageros.

Como exemplo de edifício em que alegadamente não se definiram limites de preço mostro “Hongkong and Shanghai Banking Corporation Headquarters” numa foto que tirei em Hongkong em1990 que já mostrei no post “A Revolução Cultural na China (1966-1976)”.

Foi projectado pelo gabinete de Norman Foster, construído de 1983 a 1985, é um edifício notável que aprecio, tendo sido na altura o mais caro edifício de todo o mundo, consequência bastante influenciada pela ausência de restrições orçamentais.

Ouvi o arquitecto argumentar numa entrevista que os projectos do seu gabinete não eram sempre caros, aquele edifício de Hongkong tinha características específicas, dando como contra-exemplo o metropolitano de Bilbau, também projectado pelo seu gabinete e que tinha tido soluções muito económicas, reforçando assim a minha convicção que a ausência de restrições favorece excessos.

 

Como segundo exemplo de ausência de restrições escolho o recente caso do Processo Influencer que causou a demissão do primeiro-ministro António Costa em 7/Nov/2023, ao ser revelado no sítio do Ministério Público (Comunicados) em Nota para a comunicação social – Inquérito DCIAP (de 07-11-2023) no último parágrafo que
«
No decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente.
»

É frequente que na presença de críticas à actuação de agentes de qualquer instituição surjam os argumentos seguintes:
1) que não havia alternativa válida ao tipo de actuação do agente, e na ausência deste tipo de actuação o agente ficava impedido de realizar a sua missão;
2) que eventuais efeitos colaterais da sua actuação não eram da sua responsabilidade.

Na ausência de explicações públicas da Procuradora-Geral da República socorri-me das declarações de Manuel Soares, presidente da Associação Sindical dos Juízes, no programa Grande Entrevista da RTP conduzido por Vítor Gonçalves no Episódio 46 de 22/Nov/2023:

- quanto ao ponto 1) argumentou que os magistrados do Ministério Público (MP) não podiam manter o segredo  sobre a existência de uma investigação criminal ao PM (Primeiro-Ministro) por questões de obrigações processuais (o PM fora referido no processo) e de transparência, a fim de evitar serem acusados de favorecimento do PM.
As “obrigações processuais” consistiriam na necessidade de emitir uma certidão de que iriam investigar o PM no Processo Influencer, pois pretendiam incluir a investigação do PM neste processo em vez de desencadear um processo autónomo. A presença dessa certidão no processo levaria a que, ao este ser consultado pelos advogados dos arguidos estes tomassem conhecimento da existência da investigação ao PM, resultando perigo de que esta informação fosse divulgada e o Ministério Público fosse acusado de falta de transparência.

Resumindo, quando num processo de averiguações algum dos suspeitos refira o PM, o MP teria que investigar o PM e sempre que investigasse o PM teria que o comunicar ao público em geral.

- passando ao ponto 2) argumenta-se que o PM se demitiu por sua iniciativa e que era possível continuar em funções, não sendo assim o MP responsável pela demissão do PM.

Na opinião publicada, perante o comunicado da procuradoria, a esmagadora maioria dividia-se apenas entre os que diziam que o PM fez bem em apresentar a demissão e os que diziam que não lhe restava outra alternativa. Havia uma muito pequena minoria alegando que perante o comunicado poderia não se demitir (MP e próximos) e praticamente ninguém dizendo que devia permanecer no cargo.

Assim, não me ficaram dúvidas que o MP foi irresponsável ao alegadamente ignorar a quase fatalidade da demissão do PM perante o comunicado emitido. Espero que no futuro eventuais investigações ao PM sejam mantidas em segredo até parecer indispensável interrogá-lo, o que deverá corresponder provavelmente a indícios tão fortes que correspondam à sua constituição como arguido.

Lamento ter que fazer estas considerações baseado na entrevista do juiz Manuel Soares em vez de em declarações da Procuradora-Geral da República. Admito que a Procuradora não se dê bem com entrevistas mas, perante a perturbação nas instituições causada por esta actuação do MP, tinha a obrigação de publicar uma nota explicativa.


 

Adenda em 2/Dez/2023, citando parte de artigo de Miguel Sousa Tavares em "Desculpem-me insistir" no Semanário Expresso#2666 - 1/12/2023:

«

...
Peguemos no caso MP vs. António Costa, que finalmente mereceu uma curta explicação da procuradora-geral da República, Lucília Gago. Na esteira dos argumentos que lhe foram sugeridos pelo sindicato dos magistrados do Ministério Público, “esclareceu” ela que “havendo notícia de um crime”, o MP é “obrigado por lei a abrir um inquérito” e, depois, por um “dever de transparência”, a dar-lhe publicidade. Nenhuma das razões colhe. Primeiro, não havia notícia de qualquer crime contra António Costa. O facto de em duas ou três escutas telefónicas os intervenientes dizerem que queriam falar com o primeiro-ministro ou que iriam falar com ele não indicia: a) que o tenham feito; b) que o primeiro-ministro os tenha ouvido e concordado com a sua pretensão; e c) que esta fosse ilegítima ou criminosa. Pelo que não havia razão alguma para a abertura de um inquérito à actuação do primeiro-ministro; quanto muito, o MP prosseguiria a investigação em relação aos restantes suspeitos e se, no decurso desta, surgissem indícios sérios contra o primeiro-ministro, então, sim, abriria o tal inquérito. Mas mesmo que tenha entendido o contrário, nada, nenhum “dever de transparência”, obrigava o MP a tornar isso público: todos os dias o MP recebe dezenas de participações criminais e abre inquéritos contra denunciados ou suspeitos sem que, até por razões de eficácia, vá participar ao denunciado, particular ou publicamente, que está a investigá-lo. É óbvio e indesmentível que quando Lucília Gago escreve o tal “parágrafo assassino” sabia ao que ia. E, se não sabia, é porque não entende português — o que é muito grave nas funções que desempenha.

Durante toda a semana assisti a um impressionante blitz de defensores da PGR e da actuação do MP, insistindo, nomeadamente, que António Costa não se demitiu por causa do tal parágrafo, mas de tudo o resto: as suspeitas sobre o seu chefe de gabinete, o “melhor amigo”, dois ministros, os €75 mil no gabinete de Vítor Escária. Concedo que muito provavelmente ele demitir-se-ia depois de saber tudo isso. O problema é que demitiu-se não depois mas antes de saber tudo isso: o comunicado da PGR é ao meio-dia, Costa demite-se às 13h, o gabinete de Escária só é buscado da parte da tarde e os fundamentos das suspeitas do MP sobre os implicados só são conhecidos ao final do dia, já as agências de notícias internacionais titulavam: “PM de Portugal demite-se sob suspeitas de corrupção”. O resto da história conhecemo-lo. Talvez pudéssemos mesmo encenar uma peça de teatro sobre ela, chamada “Os Salvados do 7 de Novembro”, tendo como protagonistas principais Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro e André Ventura.
...

»

2023-11-16

Entrevista de Dominique de Villepin sobre a Guerra de Gaza

 

Passei por esta entrevista feita a Dominique de Villepin,  que entre outros cargos foi primeiro-ministro de França de Maio/2005 a Março/2007 e Ministro dos Negócios Estrangeiros de Maio/2002 a Mar/2004.

A entrevista em francês dura 20 minutos. Existe uma transcrição em inglês aqui.

Gostei do diálogo vivo entre ele e a entrevistadora, dizendo de forma eloquente o que tenho vindo a pensar sobre este tema:

- que o ataque do Hamas a Israel em 7/Out/2023 foi um acto terrorista horrendo sem justificação;

- que Israel tem direito a defender-se e a evitar novos actos terroristas;

- que a intervenção de Israel em Gaza até hoje, 16/Nov/2023, já há muito tempo que ultrapassou tudo o que seria razoável deixando de ser legítima;

- que a guerra pode ser inevitável mas a Segurança só se obtém com soluções Justas.

 

Em 14/Fev/2003 Villepin fez uma intervenção no Conselho de Segurança da ONU defendendo que, de acordo com as informações prestadas por Hans Blix e ElBaradei, as inspecções realizadas no Iraque e acções correctivas estavam a progredir de forma satisfatória, não estando ainda esgotadas as possibilidades de melhoria da situação nesse país, pelo que seria prematura uma acção militar. 

Na Wikipédia tem uma entrada sobre "United Nations Security Council and the Iraq War", iniciada em Março de 2003 pelos EUA e outros países sem aprovação da ONU.



2023-11-13

Proporções de Navios de Cruzeiros

 

Noutro dia vi um destes navios de cruzeiros a cerca de 1km da Praia da Rocha e interroguei-me sobre quanto seria o calado do navio.

Encaminharam-me para este exemplo de um barco de cruzeiros na Wikipédia com características exteriores parecidas aos grandes barcos deste tipo e constatei que o calado (draught em inglês) era 9,3m.

Depois procurei um diagrama na net de um barco deste tipo e encontrei este

tracei então umas rectas vermelhas no desenho e fazendo regras de 3 simples constatei que, sendo o calado parecido com os 9,3m do navio referido na Wikipédia de que falei anteriormente, a altura acima da linha de água deste barco, não contando com a chaminé, andará pelos 43m. A parte do convés até ao topo dos 8 andares visíveis andará pelos 25m, o que é consistente com os 3m de altura de um andar.

 

Nota-se que embora gigante o barco é muito oco.




2023-11-10

Falta de Água em Gaza


Começo por avisar que ao contrário do que tenho lido frequentemente que, “já ninguém se lembra” dos massacres de civis Israelitas perpetrados pelo Hamas da faixa de Gaza nos povoados vizinhos causando mais de 1400 mortes, torturando e feito entre duas e três centenas de reféns, eu lembro-me perfeitamente desses actos de terror sem qualquer justificação possível.

Não deixo contudo de me lembrar que após o 7/Out Israel cortou também todos os abastecimentos à faixa de Gaza, incluindo os que não passavam por Israel pois poderiam vir através da fronteira dessa faixa com o Egipto. Este cerco, envolvendo 2,2 ou 2,3 milhões de habitantes só por si tem agravado a falta de alimentos, de água potável, de cuidados médicos, de electricidade e de combustível na faixa de Gaza.

De vez em quando vejo uns vídeos em que se interrogam porque será que Israel teria a obrigação de fornecer alguma água a Gaza, justificando assim o fecho das condutas de água existentes entre Israel e a faixa de Gaza.

Notei também que segundo o presidente Biden, nesta notícia da Reuters de 21/Out/2023,  os EUA estão empenhados em assegurar que os civis de Gaza continuem a ter acesso a comida, água e cuidados médicos, evitando que estes recursos sejam usados pelo Hamas, empenhamento desnecessário caso Israel já se tivesse empenhado nesta tarefa.

Fui então verificar porque existe falta de água em Gaza, consultando a CNN e uma organização islâmica.

Em Gaza não existe um sistema unificado de tratamento e distribuição canalizada de água sendo o abastecimento feito através de furos que retiram água do lençol freático, através de 3 centrais dessalinizadoras que em funcionamento cobrem 10% do consumo e de importação da companhia de água israelita Mekorot quando existe falta.

Sem electricidade as bombas dos furos não devem funcionar, mesmo que se recorra a pequenos geradores eléctricos estes precisam de fuel assim como as dessalinizadoras que não o têm.

Portanto, o bloqueio de fuel a Gaza, alegadamente inevitável pois poderia ser usado para a produção de mais mísseis, tem como consequência a falta de água.

Antigamente não havia fuel nem electricidade e as pessoas viviam, mas na faixa de Gaza não habitavam de certeza mais de dois milhões de pessoas. No auge de Roma viviam na cidade um milhão mas existia o rio Tibre e uns tantos aquedutos.

No artigo da organização islâmica que referi acima sobre a água em Gaza dizem que em muitos prédios existe um furo(poço) na cave e um depósito de água no topo, para que a água não falte quando falta a electricidade pois nessa altura as bombas de água dos furos deixam de funcionar.

Antes desta guerra em Gaza apenas havia electricidade durante 4 horas por dia, por cortes rotativos de várias zonas da cidade. Em Portugal os ultimos cortes rotativos de electricidade de que me lembro ocorreram em 1975 quando após uma seca prolongada no país, na central do Carregado aumentou o número de avarias, devido a estar a funcionar durante muito mais horas do que era habitual.

Nos prédios em que vivi em Lisboa, desde 1959, não existia nenhum depósito de água no topo do prédio. Já na Praia da Rocha conheci a existência de depósitos desse tipo, que eram cheios regulados por um mecanismo semelhante ao dos autoclismos e que quando faltava a água da rede podiam continuar a fornecer água durante algum tempo, mantendo um funcionamento mais regular das casas quando a duração da falta de água da rede não era muito demorada. Estes dispositivos introduzem riscos na qualidade da água pelo que são abandonados quando a rede é eficaz.

Quando passei por Nova Iorque em Outubro/2003 reparei que no topo dos prédios mais antigos, até talvez uns 15 andares, existiam depósitos de água metálicos cilíndricos, encimados por um cone, um depósito por cada prédio. Talvez já não sejam usados mas testemunham que anos atrás eram bastante comuns, como se constata nas duas fotos seguintes tiradas em Manhattan com poucos minutos de intervalo.

 


 

Os prédios mais modernos de Nova Iorque já não têm estes depósitos.

Noutra altura em Chennai em 2012 fotografei a cidade a partir do terraço do hotel Raintree que referi aqui e aqui


e a seguir o detalhe dos depósitos de água
 


Nota-se que os depósitos de forma esférica foram abandonados, predominando agora os de forma cilíndrica. Além disso, em vez de existir apenas um depósito por prédio existirá provavelmente  um depósito por apartamento, dado que são tantos.

Com o dinheiro gasto pelo Hamas em rockets e em túneis seria certamente possível ter um sistema de abastecimento de água muito melhor do que o actual bem como um sistema eléctrico a funcionar normalmente.

A aposta do Hamas na via da guerra teve como consequência más condições de vida para os habitantes de Gaza mesmo antes do ataque terrorista a Israel em 7/Out/2023.

A resposta de Israel a esse ataque terrorista, se bem que de início plenamente justificada como legítima defesa, tem vindo a assumir com o passar do tempo proporções cada vez mais inaceitáveis perante a dimensão da catástrofe humanitária na faixa de Gaza causada pelos bombardeamentos constantes, responsáveis por um número imenso de civis feridos, estropiados e mortos, que ultrapassam em muito a antiga lei de Hamurabi, para nem falar das muito mais recentes convenções de Genebra.

 

2023-11-06

Unchained Melody by The Righteous Brothers and others

 

Enviaram-me por email um filminho com uma canção muito conhecida, muito bem interpretada por uma pessoa com 71 anos. Um elemento do júri referiu Elvis Presley como tendo interpretado essa canção mas eu não me lembrava do título da mesma.

Googlei as primeiras palavras da canção (Oh my love, my darling) e apareceram logo várias interpretações do Elvis desta canção chamada "Unchained Melody". 

Depois ainda ouvi outro Youtube que tem a maioritariamente considerada como melhor interpretação desta canção, pelos Righteous Brothers, em 1955:

 

Um bocado melada mas era um "slow" muito popular nas discotecas para variar um bocado das músicas yé-yé dos anos sessenta.

Na altura não havia "playlists" gravava-se a partir de discos emprestados ou de programas da rádio, fui à procura dos índices das minhas bobines de gravação, do Grundig TK340 que referi neste post, e lá descobri esta música, na posição 310 da pista 4 do contador de voltas de uma das bobines de fita magnética

 


na interpretação dos RIGHTEOUS BROTHERS.

Entretanto descobri que o filminho que me enviaram é a interpretação de "UNCHAINED MElODY" por René Bishop no programa "The Voice Of Holland SENIOR 2018" que poderão ver aqui:

 


2023-10-28

Resolução da Assembleia Geral da ONU sobre Trégua Humanitária em Gaza

 

Não resisiti a pintar um quadro da Europa e sua vizinhança em que cada país foi pintado com o código de côr do quadro, verde - a favor, amarelo - abstenção, vermelho - contra a resolução.

 



Acho que o quadro permite que uma pessoa se aperceba melhor das posições dos diversos países e confesso que desde criança sempre gostei de livros de colorir e de colorir mapas "políticos".

Nos países mais populosos fora da Europa, votaram a favor a China e o Brasil, a Índia absteve-se e os Estados Unidos da América votaram contra.

 

 

Obtive esta informação no sítio da Al Jazeera, devem ter obtido este quadro resumo da votação

 


  

neste sítio da ONU onde está um vídeo com a sessão da votação.


2023-10-25

Guterres, o Google , o ChatGPT, a Pitonisa de Delfos e um amigo

 

Na sequência do post anterior sobre a intervenção de Guterres no Conselho de Segurança da ONU e da resposta que o Google deu a uma pergunta que fiz:

«

How many UN rules has Israel violated?
Laws Violated: Israel has violated 28 resolutions of the United Nations Security Council (which are legally binding on member-nations U.N. Charter, Article 25 (1945); a few sample resolutions - 54, 111, 233, 234, 236, 248, 250, 252, 256, 262, 267, 270, 280, 285, 298, 313, 316, 468, 476, etc.

»

alguém se interrogou sobre o que diria o ChatGPT a uma pergunta destas. Fiquei curioso, fiz a mesma pergunta que obteve uma resposta menos "pão, pão, queijo, queijo":

«

 How many UN rules has Israel violated?

The question of how many United Nations (UN) rules or resolutions Israel has violated is a complex and contentious issue. Israel's relationship with the UN has been a subject of debate and criticism for many years, and there have been numerous resolutions, both in the UN General Assembly and the UN Security Council, that have addressed various aspects of the Israeli-Palestinian conflict and Israel's actions in the region.

It's important to note that opinions on this matter vary widely depending on one's perspective. Some argue that Israel has violated multiple UN resolutions and international law through its actions in the occupied Palestinian territories, including the construction of settlements and the treatment of Palestinians. Others argue that Israel has legitimate security concerns and that its actions are within the bounds of international law.

Additionally, the UN's approach to Israel has evolved over time, and its stance on different issues related to the Israeli-Palestinian conflict has changed with the passage of time and the priorities of different administrations.

Therefore, it is challenging to provide a specific number of UN rules or resolutions that Israel has violated without a specific context or timeframe. The Israeli-Palestinian conflict is a deeply complex and politically charged issue, and it is often the subject of ongoing debate, negotiation, and international diplomacy.

»

A ambiguidade e carácter defensivo da resposta fez-me pensar na Pitonisa de Delfos que também se protegia nas suas previsões. E se às vezes se ouve dizer "prognósticos só no fim do jogo" ou "previsões são sempre difíceis, principalmente no que respeita ao futuro", também existe por vezes grande incerteza quanto ao passado, como facilmente se constata na resposta do ChatGPT à minha pergunta.

O quadro, que fui buscar à Wikipédia, é do pintor John Collier (1891) tendo representado a pitonisa sobre a pneuma, um gás que saía da terra numa fenda existente em Delfos, de composição química desconhecida que talvez tivesse propriedades psicotrópicas, sendo inspirador para a pitonisa.

Agora previsão boa foi a de um meu amigo que ao ouvir o embaixador israelita pedir a demissão de Guterres me disse que isso não era uma reacção irreflectida mas a preparação para dentro em breve negar vistos de entrada a funcionários da ONU, como se constatou esta manhã em notícia da BBC.

O embaixador Seixas da Costa manifestou hoje no seu blogue satisfação pela intervenção de Guterres e a propósito republicou um texto seu de há dez anos sobre o tema "Israel e Palestina" que continua muito actual.

Intervenção de Guterres no Conselho de Segurança da ONU em 24Out2023

 

 



 Transcrevo na íntegra do sítio da ONU a intervenção de António Guterres no Conselho de Segurança da ONU em 24Out2023 sobre a situação no Médio Oriente, focada sobre Israel e a Palestina:

«

Mr. President, with your permission, I will make a small introduction and then ask my colleagues to brief the Security Council on the situation on the ground.

Excellencies,
The situation in the Middle East is growing more dire by the hour.
The war in Gaza is raging and risks spiralling throughout the region.
Divisions are splintering societies.  Tensions threaten to boil over.
At a crucial moment like this, it is vital to be clear on principles -- starting with the fundamental principle of respecting and protecting civilians.
I have condemned unequivocally the horrifying and unprecedented 7 October acts of terror by Hamas in Israel.
Nothing can justify the deliberate killing, injuring and kidnapping of civilians – or the launching of rockets against civilian targets.
All hostages must be treated humanely and released immediately and without conditions.  I respectfully note the presence among us of members of their families.

Excellencies,
It is important to also recognize the attacks by Hamas did not happen in a vacuum.
The Palestinian people have been subjected to 56 years of suffocating occupation.
They have seen their land steadily devoured by settlements and plagued by violence; their economy stifled; their people displaced and their homes demolished.  Their hopes for a political solution to their plight have been vanishing.
But the grievances of the Palestinian people cannot justify the appalling attacks by Hamas.  And those appalling attacks cannot justify the collective punishment of the Palestinian people.

Excellencies,
Even war has rules.
We must demand that all parties uphold and respect their obligations under international humanitarian law; take constant care in the conduct of military operations to spare civilians; and respect and protect hospitals and respect the inviolability of UN facilities which today are sheltering more than 600,000 Palestinians.
The relentless bombardment of Gaza by Israeli forces, the level of civilian casualties, and the wholesale destruction of neighborhoods continue to mount and are deeply alarming.
I mourn and honour the dozens of UN colleagues working for UNRWA – sadly, at least 35 and counting – killed in the bombardment of Gaza over the last two weeks.
I owe to their families my condemnation of these and many other similar killings.
The protection of civilians is paramount in any armed conflict.
Protecting civilians can never mean using them as human shields.
Protecting civilians does not mean ordering more than one million people to evacuate to the south, where there is no shelter, no food, no water, no medicine and no fuel, and then continuing to bomb the south itself.
I am deeply concerned about the clear violations of international humanitarian law that we are witnessing in Gaza.
Let me be clear:  No party to an armed conflict is above international humanitarian law.

Excellencies,
Thankfully, some humanitarian relief is finally getting into Gaza.
But it is a drop of aid in an ocean of need.
In addition, our UN fuel supplies in Gaza will run out in a matter of days.  That would be another disaster.
Without fuel, aid cannot be delivered, hospitals will not have power, and drinking water cannot be purified or even pumped.
The people of Gaza need continuous aid delivery at a level that corresponds to the enormous needs.  That aid must be delivered without restrictions.
I salute our UN colleagues and humanitarian partners in Gaza working under hazardous conditions and risking their lives to provide aid to those in need.  They are an inspiration.
To ease epic suffering, make the delivery of aid easier and safer, and facilitate the release of hostages, I reiterate my appeal for an immediate humanitarian ceasefire.

Excellencies,
Even in this moment of grave and immediate danger, we cannot lose sight of the only realistic foundation for a true peace and stability:  a two-State solution.
Israelis must see their legitimate needs for security materialized, and Palestinians must see their legitimate aspirations for an independent State realized, in line with United Nations resolutions, international law and previous agreements.
Finally, we must be clear on the principle of upholding human dignity.
Polarization and dehumanization are being fueled by a tsunami of disinformation.
We must stand up to the forces of antisemitism, anti-Muslim bigotry and all forms of hate.

Mr. President,
Excellencies,
Today is United Nations Day, marking 78 years since the UN Charter entered into force.
That Charter reflects our shared commitment to advance peace, sustainable development and human rights.  
On this UN Day, at this critical hour, I appeal to all to pull back from the brink before the violence claims even more lives and spreads even farther.  

Thank you very much.

»

Concordo inteiramente com esta intervenção do Secretário-Geral em que refere que depois de já ter condenado inequívocamente os actos terroristas horriveis e sem precedentes do Hamas em Israel em 7/Out, pois nada pode justificar o assassínio deliberado e rapto de civis e/ou o lançamento de mísseis contra alvos civis, diz ainda que todos os reféns devem ser tratados com humanidade e imediatamente libertos.

Passa então a referir que os palestinos têm os seus territórios ocupados por Israel há 56 anos mas que as suas queixas em nada podem justificar os ataques terríveis do Hamas. E esses ataques terríveis não podem justificar a punição colectiva do povo palestino.

Na sequência desta intervenção o embaixador de Israel considerou que Guterres tinha compreensão pelos ataques do Hamas e pediu a sua demissão.

Considero a posição do embaixador israelita muito errada. Guterres repudiou o"acto de terror" do Hamas que considerou sem qualquer justificação. Para grande contrariedade do embaixador israelita repudiou também os ataques israelitas a Gaza cuja dimensão considerou não poder ser justificada pelos actos terroristas do Hamas pois violam algumas leis da guerra, designadamente por constituírem uma punição colectiva do povo palestino.

O embaixador israelita vive num mundo que considera que Israel não está obrigado a cumprir as resoluções do Conselho de Segurança, em contravenção da Carta da ONU, e talvez por isso considere que Guterres se deveria demitir. Além de errado parece-me pouco diplomático.

Numa pergunta ao Google obtive a seguinte informação:

«

How many UN rules has Israel violated?
Laws Violated: Israel has violated 28 resolutions of the United Nations Security Council (which are legally binding on member-nations U.N. Charter, Article 25 (1945); a few sample resolutions - 54, 111, 233, 234, 236, 248, 250, 252, 256, 262, 267, 270, 280, 285, 298, 313, 316, 468, 476, etc.

»


2023-10-19

O misterioso caso dos 6 jovens portugueses contra 32 estados

 Vi algumas notícias neste mês de Outubro em que 6 jovens portugueses, alguns deles menores, apresentaram uma queixa em finais de 2020 contra 32 Estados europeus, incluindo Portugal, no TEDH  (Tribunal Europeu de Direitos Humanos, CEDH em inglês, também conhecido como Tribunal de Estrasburgo) por não agirem adequadamente para enfrentar a emergência climática. A queixa foi aceite, houve uma primeira  audiência no tribunal no dia 27/Setembro/2023.

O TEDH é uma instituição do Conselho da Europa (Council of Europe), uma das numerosas associações de países europeus formando uma constelação complexa já em 2011

 


e que está ainda mais complicada em 2023, como se constata 


que retirei da “Predefinição: Órgãos europeus supranacionais”.

Tenho ouvido vezes sem conta falar sobre a importância do Estado de Direito e a necessidade da separação dos poderes Legislativo, Executivo e Judicial. De forma muito resumida o poder legislativo faz as leis e aprova/reprova o poder Executivo, este cumpre e faz cumprir as leis enquanto o poder judicial verifica se as leis estão a ser cumpridas ou infrigidas.

Na minha qualidade de cidadão comum tenho constatado que cada poder costuma, no exercício da sua actividade, extravasar a sua área de actuação entrando por áreas que estão reservadas aos outros dois.

Como engenheiro tenho observado como os juízes invadem a área do poder legislativo ao declarar-se com competência, por exemplo, para julgar se uma linha de transporte de energia declarada pelo executivo como conforme à legislação em vigor será mesmo segura, pronunciando um conjunto de disparates sobre um assunto em que são manifestamente ignorantes.

Este processo de 6 jovens portugueses, pedindo a uma espécie de Rei Salomão que verifique se os administradores dos seus domínios têm feito todos os possíveis para garantir um planeta em perfeita saúde como herança a que têm direito, parece-me completamente idiota.

Eu, se fosse o Rei Salomão recusaria liminarmente o caso. O que leva este tribunal a dar prioridade a esta questão, se bem que a primeira audição tenha decorrido quase 3 anos depois do início do processo? Não têm  nada melhor em que gastar o seu tempo? Na realidade os processos têm-se acumulado neste tribunal, confirmando a minha suspeita que aceitam processos a mais.

A estranheza de esta audiência ter reunido, além das seis crianças queixosas e seus advogados, ainda mais 82 advogados representando os 32 Estados réus, 17 juízes do tribunal e mais certamente muitos funcionários administrativos, abalou outra vez a minha confiança nas instituições europeias.

Por isso ainda me informei um pouco mais sobre este assunto num artigo do jornal Expresso constatando que os seis jovens portugueses foram aliciados para fazerem esta queixa por uma advogada portuguesa a estudar então no King’s College em Londres, em contacto com o GLAN (Global Legal Action Network) que formulou a queixa numa equipa coordenada pela famosa advogada Alison Macdonald KC, em que KC-King’s Counsel significa que representou a Coroa do Reino Unido nalguns casos, uma espécie dos “By Appointment to His Majesty the King” que garantem a qualidade de alguns produtores pois já foram fornecedores da realeza.

Parece-me assim tratar-se duma operação de marketing de alguns advogados, causando uma relativamente pequena despesa inútil aos contribuintes dos países do Conselho da Europa.

Num artigo do Guardian sobre este processo refere-se que os 32 países concordaram numa resposta em conjunto e que o advogado do Reino Unido Sudhanshu Swaroop, que falou em primeiro lugar, argumentou que os Estados compreendem a gravidade da luta contra as alterações climáticas, que já existem acordos internacionais como o de Paris sobre este tema e que a queixa devia ter sido rejeitada pelo TEDH por estar fora da sua jurisdição.

Na busca que fiz na internet sobre o advogado Sudhanshu Swaroop descobri este TEDTalk de 2012 “Do trees have rights? Protecting the environment in the 21st century | Sudhanshu Swaroop | TEDxWWF” que achei interessante.

Para finalizar ainda pensei que o TEDH poderia aceitar uma queixa sobre a lentidão da justiça em Portugal, que sem dúvida afecta os direitos humanos dos portugueses a uma Justiça atempada mas, dado o acumular de processos neste tribunal, seria provavelmente ocioso apresentar-lhe esse tipo de queixa.




2023-10-14

Lisboa e Gaza


Andei no liceu de 1959 a 1966 e lembro-me de nas aulas de Religião e Moral o professor, que era um antigo seminarista que não fora ordenado padre, sempre que falava de Israel desenhava a faixa de Gaza, se bem que nessa altura sem a limitação a Sul da fronteira com o Egipto.

Tenho ouvido ultimamente que a Faixa de Gaza seria o sítio mais densamente povoado do planeta. Esta afirmação suscitou-me dúvidas pois nessa área habitam cerca de 2,2 milhões de palestinos, numa área de 367km2 dando uma densidade populacional de 6000 habitantes por km2 .
Por exemplo Hong-Kong ocupa, incluindo os novos territórios, cerca de 1000km2 , onde vivem 6 milhões de pessoas, dando uma densidade parecida com a de Gaza.

Foi verificar no Google Earth a extensão do território da faixa de Gaza e delimitei uma superfície incluindo Lisboa e alguns arredores com uma área idêntica àquela faixa de que mostro os mapas respectivos

 



 

 
Recorri depois à Wikipédia para ver uma lista de concelhos de Portugal com a respectiva população em 2021, a este para ver a área de cada município e à Associação Nacional de Municípios Portugueses para aceder ao mapa de Portugal com as fronteiras dos concelhos

Com a consulta dos dois primeiros sítios elaborei esta tabela com áreas, populações e densidades de Pop./km2

 


e no sítio da Associação de Municípios retirei uma secção do mapa contendo concelhos adjacentes a Lisboa com as cores: Amadora-turquesa, Lisboa-laranja, Odivelas-amarelo e Oeiras-verde

 


constatando-se que o conjunto dos concelhos Amadora+Lisboa+Odivelas+Oeiras têm uma densidade superior à de Gaza. A faixa de Gaza tem alguma área dedicada a actividades agrícolas, áreas muito diminutas nos concelhos que escolhi, caso tivesse incluído Cascais a densidade do conjunto Lisboa e alguns arredores já seria inferior à de Gaza.

O maior problema da faixa de Gaza é o seu completo isolamento quer do interior do pais de onde poderia vir alguma água (como a de Lisboa que vem da bacia do rio Zêzere), quer da ausência de um porto livre através do qual  poderiam comerciar e importar combustíveis para a produção de electricidade e para exportar alguns produtos. E por último a enorme dificuldade de atravessar as fronteiras, quer por Israel quer pelo Egipto que tão pouco autoriza a movimentação de palestinos.

Por isso a recomendação de Benjamin Netanyahu aos palestinos para que saiam rapidamente de Gaza é no mínimo completamente incompreensível.

Talvez eu tenha ouvido apenas “”The Israeli military has urged all people in Gaza City to leave their homes "for their own safety", in a strong suggestion it is set to begin a ground assault.”, significando que será mais seguro estar e dormir ao ar livre do que dentro de casas, presumo que estar dentro duma tenda também poderá ser perigoso.

A recente carnificina feita pelo Hamas em território israelita não tem qualquer justificação. Hà muitos anos que considero que os terroristas são pessoas más cujo principal objectivo é fazer mal a outros seres humanos e que por vezes recorrem a umas desculpas políticas/religiosas para cometerem os actos hediondos que os satisfazem.

No entanto, também aprendi que as ferramentas bélicas actualmente existentes, como por exemplo bombardeamentos aéreos, permitem executar com menor dificuldade, porque não se vêem as vítimas a morrer, actos também hediondos de matança de inocentes que tiveram o azar de viver próximo de terroristas e que têm reconhecidamente dificuldade de sair de onde vivem.

2023-10-12

Mundo Vegetal


Sou seguidor do magnífico blogue  “Dias com Árvores”que além de imagens belísssimas de plantas e das suas paisagens nos brinda ainda com a erudição de amadores apaixonados por plantas e com um discurso aparentemente antropomórfico mas que no fundo o que faz é integrar as plantas no grande reino evolutivo dos seres vivos, usando termos como estratégia, investimento, preferências, sucessos e insucessos, descrevendo a evolução de cada espécie botânica e da respectiva família com explicações convincentes, claras e interessantes.

Desta vez surpreenderam-me com esta imagem de inflorescências gigantes (cerca de 1,80m de altura) numa curva de estrada nas ilhas Canárias, julgo que na ilha de Palma num post intitulado “A viagem dos massarocos
 

seguida por estes detalhes


 
Trata-se da Echium perezii, uma planta do mesmo género do Massaroco, tão comum na ilha da Madeira e que eu já mostrara em post de Março/2009 nesta imagem:

 Tratava-se de uma pequena inflorescência com uns 15 cm de altura que estava num canteiro na entrada das instalações da REN (Rede Eléctrica Nacional) em Sacavém onde eu então trabalhava.

Soube o nome comum desta planta por um amigo madeirense que ao ver a fotografia disse logo: olha um Massaroco!

Na wikipédia refere que o Massaroco designa duas plantas do género Echium, a Echium candicans e a Echium nervosum.

As inflorescências da primeira medem de 15 a 35cm enquanto as da segunda vão de 5 a 16cm. Das imagens que vi na net inclino-me mais para a Echium candicans mas sem grandes certezas.

Por curiosidade fui ver a máquina que usei para a fotografia, de 27/Março/2009 14:05, constatando que se tratava dum telemóvel ainda da Nokia, o N95(8GB), um modelo ainda com teclas que deslizavam quando eram necessárias, conforme se vê na imagem de publicidade do aparelho


 


Lembro-me que as fotos saíam razoáveis quando havia muita luz, como foi o caso da foto do Massaroco.

Na procura de mais Echium na internet passei por este Echium wildpretii, foto de Yoko Arakawa

 

neste sítio de jardinagem Longwood Gardens, com a designação curiosa de “tower-of-jewels”, originais das Canárias, especificamente da ilha de Tenerife. Este sítio dos Longwood Gardens, na Pensilvânia, também merece uma visita, pelo menos uma virtual.

Fiquei a pensar que já vira algo que estas inflorescências me faziam também lembrar. Eram uns modelos de roupas da estilista Rei Kawakubo que referi neste post de Jul/2018

 

Julgava que os cones nas cabeças eram vermelhos como as “tower-of-jewels” mas afinal o que era vermelho eram as roupas, os cones pontiagudos nas cabeças eram amarelos ou loiros