2024-01-31

Malika Favre (5)

 

Continuo fã desta maravilhora ilustradora, desta vez em mais uma capa da New Yorker dedicada a "As Princesas Fugitivas" sobre as dúvidas que existem sobre a qualidade de vida das filhas do Xeik Mohammed bin Rashid Al Maktoum, governante com poderes absolutos do Dubai.

Pelo menos duas princesas tentaram fugir de casa, provavelmente pela calada da noite, uma delas usando um bote e um jetski para chegar a um iate que durante a fuga foi invadido por comandos que a trouxeram de volta à casa paterna.

A Malika Favre fez uma animação .gif para a capa da edição online de que mostro a parte superior, numa cena nocturna com o edifício Burj Khalifa e outros prédios do Dubai ao fundo, e a princesa de cabelos  e capuz ao vento e fechando as pálpebras de vez em quando como mostro a seguir:

 


Tem depois mais 4 imagens imagens fixas associadas a 4 podcasts da revista que passo a mostrar





 Além dos posts que já dediquei à Malika Favre neste blogue, existe o sítio da internet da ilustradora https://www.malikafavre.com/  e ainda uma selecção de obras dela aqui.



2024-01-29

Consumos Domésticos de Electricidade

 

A e-redes, companhia do grupo EDP que gere as redes eléctricas de baixa, média e alta tensão de Portugal num regime semelhante ao da REN para a rede eléctrica de muito alta tensão sendo actividades fortemente reguladas pela ERSE, tem vindo a instalar contadores de electricidade digitais em substituição dos antigos contadores analógicos também nos consumidores domésticos.

A operação tem sido demorada e a leitura dos novos contadores para os leigos será um pouco mais complicada do que com os contadores anteriormente instalados mas entre outras vantagens destaco três:

 - estes novos contadores podem distinguir entre 3 períodos de facturação, podendo o consumidor optar entre tarifação única ou "tri-horária", sem necessidade de instalação dum contador especial como quando antigamente se optava por tarifa bi-horária;

- a leitura da contagem pode agora ser feita remotamente pela e-redes, presumo que o aparelho tem possibilidade de comunicar com o posto de transformação mais próximo usando os próprios fios condutores de electricidade como suporte para essa comunicação. O consumidor deixou assim de ter vantagem em enviar as leituras do seu contador para evitar as estimativas muito afastadas da realidade que ocorriam com frequência nos meses em que a e-redes não fazia leituras no local de consumo:

- ao fim de algum tempo (talvez semanas) após a instalação do contador digital a e-redes envia um e-mail ao consumidor informando-o que as leituras feitas cada 15 minutos no seu contador podem ser descarregadas no "Balcão Digital da e-redes na internet"

Para ver histórico de consumos:

1) Entrar no sítio: https://balcaodigital.e-redes.pt/home
2) Fazer login como cliente particular
3) Seleccionar: Os meus locais (Leituras, Contadores, consumos e potências, produção de energia e
4) Seleccionar: Produção, consumos e potências
5) Seleccionar: Consultar histórico
6) Seleccionar: Local que pretende consultar 

Aparecerá esta imagem:

Clicando no sítio indicado na imagem por uma seta vermelha poderá seleccionar o mês desejado, eventualmente dum ano anterior. Em Janeiro deste ano consegui aceder a todos os meses de 2023, não sei quanta história ficará disponível no futuro.
 

Os dados são disponibilizados por mês, o sítio mostra um gráfico desses valores, neste caso de Abril/2023

 



 e existe a opção de descarregá-los para uma folha Excel, como se constata no topo direito. Por exemplo para Abril/2023  temos um conjunto de 30dias x 24horas x 4valores/hora totalizando 2880 valores de potência média consumida em cada um dos períodos de 15 minutos.

Os dados são disponibilizados com este aspecto:

 

Acho interessante esta fartura de informação para eventuais necessidades futuras mas actualmente estou mais interessado no consumo anual, mensal, diário e horário pelo que construí uma folha Excel com esse propósito.

Existem também aplicações disponíveis na net para ver esta informação.


2024-01-22

Châteaux



As redes eléctricas dos países de toda a Europa ocidental e central estão interligadas, à excepção da Bielorússia e da Rússia e das ilhas da Islândia, de Malta e de Chipre. Existem ainda ligações para a Ucrânia, para a Turquia e para os 3 países do Magrebe que referi neste post. (ver adenda)

Existindo associações que agregam todos os TSOs (operadores de transporte de energia eléctrica) da Europa como a ENTSO-E, existem outras de carácter regional como a IESOE (Interligação Eléctrica do SudOeste da Europa) que agrega os TSOs de Portugal, Espanha, França e COMELEC, esta última uma associação dos TSOs de Marrocos, Argélia e Tunísia interligados entre si e Marrocos ligado a Espanha por dois cabos submarinos em corrente alterna a 400kV cruzando o estreito de Gibraltar.

A IESOE costumava reunir duas vezes por ano, em Junho e em Novembro, sendo as reuniões realizadas em locais dos países membros em sequência rotativa. Quando se realizavam em França tinham frequentemente lugar em “Chateaux”. Os estrangeiros chegavam ao local na véspera, havia jantar em grupo, na manhã seguinte fazia-se a reunião de 4 ou 5 horas com eventual pequeno prolongamento a seguir ao almoço e ia-se apanhar o avião de regresso.

Em Novembro/2010 a reunião teve lugar no Chateau d’Ermenonville uma aldeia a 50km na direcção Nordeste do centro de Paris e a 25km do aeroporto Charles de Gaule

Na vista aérea ao lado constata-se que, como quase sempre, o Chateau está rodeado por água, neste caso um lago, sendo o acesso restrito a uma ponte.

Entretanto ao escrever este post interroguei-me porque será que “chateau” se traduz por “castelo” quando os castelos de Portugal são tão diferentes destes chateaux de França e perguntei-me então qual a diferença entre chateau e palais pois estes chateaux pareciam-se mais com palácios do que com castelos. No mínimo os castelos portugueses costumam ter sempre ameias componente que raramente se vê nos chateaux.

A Wikipédia ajuda a compreender as diferenças, quando se procura “Chateau” na versão francesa chega-se à entrada Château (com acento circunflexo sobre o a) e quando se muda de língua quer para o inglês quer para o português quer para o espanhol, em vez das traduções “literais” respectivamente castle, castelo, castillo, aparece a mesma palavra château. Já em alemão aparece a entrada Schloss (Architektur), referindo a existência de Burg e Herrenhaus, esta última significando provavelmente “Casa de Senhor(nobre)”.

Passo a citar o texto da entrada château em português que se resume a este parágrafo: “Um château (plural: châteaux; pronúncia em francês: [ʃɑto]; em português: "castelo") é a designação dada na França a uma casa senhorial (casa do senhor) ou uma casa de campo de um nobre, com ou sem fortificações. Por extensão, o termo é também usado noutras línguas às casas que imitam os châteaux franceses”.

Por outro lado a entrada “castelo” em português quando se selecciona a língua francesa leva-nos a  “Château fort” em inglês a “Castle” e em espanhol a “Castillo” enquanto em alemão nos leva a “Burg”.

No liceu aprendi que o feudalismo em Portugal foi pouco acentuado pois a guerra contra os mouros aconselhava a unidade em torno do rei, por isso os nobres de Portugal não tiveram tantos direitos feudais como os franceses ou os alemães.

Mesmo assim volto a referir que estes Château franceses costumam estar rodeados por água, abundante nas planícies e vales mas que rareia no alto dos montes, como no castelo de S.Jorge em Lisboa, no castelo dos Mouros em Sintra, em Marvão ou no castelo de Silves. Em Portugal o único castelo de que me lembro rodeado por água é o de Almourol e mesmo assim sem estar em contacto com a mesma, deve ser a excepção que confirma a regra. Ser rodeado por água é certamente uma medida de protecção pois na ausência de perigo de invasão não parece razoável fazer uma construção com paredes que precisam de resistir às inevitáveis infiltrações. E o uso da água para protecção de palácios e fortalezas é também muito comum na Dinamarca.

A designação de palácio é mais usada para habitações luxuosas de pessoas com poder económico e eventualmente político, não tendo carácter fortificado.

Tentei arranjar uma perspectiva que revelasse a simetria da construção mas foi impossível mostrar a totalidade do chateau a partir do eixo de simetria pois a máquina (o telemóvel) não tinha zoom e não era razoável tentar caminhar sobre a água.

 

Esta vista do castelo fez-me logo pensar no château de Moulinsart, simpática residência do capitão Haddock, grande amigo do Tintin, cujo desenho passo a mostrar

 

O Chateau de Moulinsart pertencera a um antepassado do Capitão Haddock, apareceu pela primeira vez no álbum do Tintin “Le Secret de la Licorne” e foi comprado com parte do dinheiro ganho pelo professor Tournesol na venda ao governo do mini-submarino que inventara em “Le Trésor de Rackham Le Rouge

 

Hergé baseou a forma do chateau de Moulinsart no chateau de Cheverny, uma povoação que  fica 200km a Sul de Paris, ao pé de Blois, limitando-se a retirar as alas laterais, mantendo o resto da fachada intacto conforme se constata nesta animação que fiz (https://ezgif.com/maker) com a fotografia na entrada da Wikipédia para o chateau de Cheverny, "transformando-o" no de Moulinsart

 

Com o  tempo este chateau foi influenciado pelos interiores que foram sendo criados por Hergé nos álbuns que ia lançando, transformando-se numa espécie de museu das histórias do Tintin. O chateau influenciou a obra de Hergé que por sua vez influenciou o chateau.

Ao dar um pequeno passeio à noite em Ermenonville encontrei esta estátua, coordenadas: 49.12548205, 2.694267344 interrogando-me de quem seria.
 

Tratava-se de Jean Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo e escritor nascido em Genève e que veio morrer aqui, convidado do Marquês de Girardin.
 


Teve uma vida agitada, consequência das teses polémicas que defendeu sobre a natureza humana, a educação e as regras da sociedade.


Adenda: Corrigi primeira versão deste texto em que por erro referi que a Irlanda era um sistema isolado quando tem interligações DC com o Reino Unido. A Moldávia está ligada à rede continental europeia desde 16/Mar/2022. A ligação eléctrica entre Marrocos e Argélia foi desligada há uns tempos, provavelmente em 2021 após o rompimento das relações diplomáticas entre a Argélia e Marrocos em 24Ago2021 que referi num post, os sistemas argelino e tunisino deixaram assim de estar síncronos com a Europa Continental embora permaneçam síncronos entre si.

2024-01-20

Os jardins suspensos da Gulbenkian

 

Já sabia que o Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian era maravilhoso e, bem vistas as coisas, que uma parte do jardim era sobre o tecto da garagem, mas foi uma novidade tomar conhecimento a partir deste vídeo de 22 minutos tão interessante sobre o jardim, que 2/3 da área é de um jardim suspenso




2024-01-10

Presépio actualizado

 

Já tinha visto versões actualizadas do nascimento de Jesus em Belém, aludindo ao impacto que a guerra tem tido na Palestina. 

Agora vi uma versão desse tipo na Igreja do Campo Grande 

 


onde além da Sagrada Família e dos Reis Magos (foto tirada no  dia de Reis) se notam uns panos de tenda usados por refugiados em vez do clássico estábulo, umas ruínas por trás da tenda rodeada de escombros, a ausência do burro e da vaquinha, que ou fugiram ou foram usados para alimentar a população esfomeada, a ausência de pastores e de ovelhas pois existem poucos espaços para pastagens e finalmente a representação do "cogumelo" da explosão de uma bomba com a face inferior iluminada por um projector de côr avermelhada para dar maior realismo.