2021-05-30

Imagens e Textos

 

No 2 Dedos de Conversa a Helena Araújo continua a brindar-nos com belíssimas fotografias, muitas vezes com a simplicidade desta, num minimalismo que faz lembrar a arte do Japão

 


enquanto a seguinte faz pensar em Giverny, onde o jardim da casa de Claude Monnet, de inspiração japonesa, lhe permitiu pintar muitos quadros em que o protagonista é o lago com nenúfares desse jardim

 


Há uns anos que a Helena vive ao pé dum lago em Berlim e embora seja uma grande viajante tem esta possibilidade de observar a vida num lago ao pé de casa, que nos revela de forma extraordinária, na multiplicidade de seres vivos, padrões, cores e texturas  ao longo das estações do ano.

Ambas as fotos foram copiadas deste post sem palavras, pois as imagens sugerem que se respeite o silêncio.

Mas o blogue tem também textos que merecem ser lidos, como este a propósito da guerra recente em Israel.

Já para não falar das sugestões musicais...



 

2021-05-28

Primavera instável

 

Das numerosas transformações nas plantas quando chega a Primavera uma das que aprecio é o nascimento de muitas folhas de um verde muito mais claro, quase amarelo, em algumas árvores que mantiveram folhas durante o inverno.

Um exemplo é o desta árvore nos Olivais, que fotografei de um andar mais alto, rodeada de outras plantas fazendo um conjunto harmonioso de vários tons

 

A foto é do passado mês de Abril, o tempo em Lisboa esteve instável, a figura humana solitária trás alguma melancolia.
 

No canto inferior direito está a árvore bicolor que já apresentei noutro post de Abril/2020, com tempo também chuvoso, em Abril águas mil, e que volto agora a mostrar
 


Ao contrário do que então eu julgava, as folhas verdes nesta planta não vão passar a vermelho escuro mantendo a árvore permanentemente com folhas de duas cores, trata-se provavelmente de uma enxertia. Talvez refira esta árvore no futuro.

Regressando à arvore principal da primeira imagem, tirei ainda outra foto uns dias mais tarde, com a tomada de vista desta vez de baixo para cima:

Adenda: pedi ajuda aos autores do blogue Dias com Árvores que identificaram esta árvore como sendo uma Gleditsia Triacanthos.

2021-05-24

Sol "de Inverno"

As janelas da minha casa estão retraídas cerca de meio metro da fachada do prédio, uma boa prática tradicional no Sul de Portugal, que permite a entrada do Sol dentro de casa durante o Inverno ajudando o aquecimento e dificulta essa entrada durante o Verão, em que o Sol anda mais alto, dificultando o aquecimento então indesejado.

Das fotografias que vou tirando e que não publico rapidamente dada a ausência de urgência, passei agora por esta


e esta


dum banco  "Stone", fabricado pela italiana Kartell e projectado no Marcel Wanders Studio que mostrara noutro post deste blogue.

O banco não está directamente iluminado pela luz do sol mas é atravessado pelo reflexo da parede branca por trás, essa sim iluminada, bem como uma parte do soalho que ficou sobreexposto.

Estes raios de Sol a entrar muito para o interior da casa costumam fazer-me lembrar o templo de Abu Simbel no Egipto, que visitei em Abril de 2006 no seu novo local, uns metros acima do local original para evitar que fosse inundado pelas águas da albufeira da barragem de Assuão.

Dado que o templo cavado na rocha tinha um corredor comprido a seguir à entrada no fim do qual estava uma estátua do faraó Ramsés II que ordenou a construção, estátua que era iluminada ao nascer do Sol apenas em 2 dias do ano (22/Fevereiro e 22/Outubro) nas datas do nascimento e da coroação desse faraó, a orientação do templo foi cuidadosamente mantida.

Deixo uma foto do templo na sua nova  posição. Infelizmente não deixavam tirar fotografias no interior do templo, não sei se por receio de ataque terrorista se para reservar direitos das imagens.




2021-05-18

Energia na Rede de Bitcoins

 

Há algum tempo que se fala no consumo excessivo de energia  para manter activa a rede de Bitcoins.

Tenho lido de vez em quando uns artigos sobre esta moeda digital mas à partida parece-me um jogo de soma nula em que os enormes ganhos de alguns poucos se fazem à custa das perdas mais ou menos pequenas de muitos. O facto de ser uma moeda em que é impossível detectar a identidade do detentor, pelo menos mantendo-se dentro de acções legais, torna apetecível o seu uso por entidades que se dedicam a actividades ilegais.

Embora não tenha grande simpatia pelos bancos, sei que a emissão de moeda pelos bancos centrais é um tema complexo que se rege por numerosas regras, que são produto de outros tantos problemas ou mesmo crises que resultaram de regras inapropriadas. Custa-me acreditar que estas moedas digitais possam substituir com vantagem os bancos centrais actuais.

Recentemente Elon Musk tem falado sobre bitcoins, tirando partido da sua notoriedade pública, provocando movimentos especulativos de que provavelmente tirará grande proveito, informando que deixaria de  aceitar bitcoins para a compra de automóveis Tesla porque se convencera que a rede de bitcoins gastava imensa energia eléctrica, ainda por cima predominantemente gerada em centrais a carvão.

Andei à procura da energia que estaria a ser gasta na gestão dessa moeda digital e cheguei a este sítio da Universidade de Cambridge onde calculam o CBECI (Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index) de que mostro a seguir uma imagem tirada cercas das 20:30 de 17/Mai/2021


onde são apresentados um limites inferiores e superiores além das estimativas para a potência instantânea média e para a energia eléctrica anual. 

Para ter uma ideia do que significam os 45,15TWh de consumo anual de electricidade (limite inferior estimado) informo que em Portugal se consumiram 45,5 TWh no ano de 2004 e que esse consumo subiu até atingir o máximo de 52,2TWh em 2010. Desde esse ano o consumo situou-se à volta de 50TWh tendo sido de 48,8 TWh em 2020. 

Multiplicando os GW da tabela por 8760 Horas (365dias x 24horas/dia) obtemos valores não exactamente iguais aos TWh da figura porque o valor médio da potência não é constante ao longo do ano. Fiquei surpreendido pela dimensão do consumo de energia para manter as Bitcoins, cuja estimativa inferior é equivalente ao consumo de electricidade em Portugal.

O sítio explicita a Metodologia usada onde numa primeira leitura nos apercebemos logo da dificuldade destes cálculos. No final há uma bibliografia de estudos sobre a importância dos gastos de energia para manter a rede dos Bitcoins.

Um desses artigos (Bitcoin’s Growing Energy Problem, by Alex de Vries) refere casos de apropriação indevida de energia eléctrica para a actividade de "mineração"(realização de cálculos muito intensivos em computadores) de Bitcoins: 

«... In one case a researcher misused National Science Foundation-funded supercomputers to mine $8,000–$10,000 worth of Bitcoin. The operation ended up costing the university $150,000. More recently, a mining facility in Russia (with 6,000 devices) was shut down after ‘‘not paying for several million kilowatthours of electricity. ...»

Esta actividade computacional foi inicialmente executada com recurso a circuitos dedicados a computação gráfica, pelo elevado paralelismo desse tipo de processadores mas apareceram pouco depois componentes ASICs (Application-specific integrated circuit) dedicados à tarefa de mineração de Bitcoins.

Para ter uma ideia dos equipamentos usados na mineração dos Bitcoins recolhi esta imagem num artigo da Forbes:

A technician inspects the backside of bitcoin mining at Bitfarms in Saint Hyacinthe, Quebec on March 19, 2018. Bitcoin is a cryptocurrency and worldwide payment system. It is the first decentralized digital currency, as the system works based on the blockchain technology without a central bank or single administrator. / AFP PHOTO / Lars Hagberg (Photo credit should read LARS HAGBERG/AFP via Getty Images)


Aparentemente uma elevada percentagem da mineração das Bitcoins é feita na China, nomeadamente em Sichuan onde o preço do kWh é por vezes 0,04€. A referência de Elon Musk à elevada percentagem de energias fósseis usadas na mineração de Bitcoins deve-se certamente à participação do sistema electroprodutor chinês nesta actividade, sistema com ainda muitas centrais a carvão. Os defensores do Bitcoin alegam que a electricidade em Sichuan é predominantemente hidroeléctrica mas pode-se contraargumentar que caso não fosse consumida em Sichuan poderia ser exportada para outras províncias da China, diminuindo a produção com origem no carvão.

Investigando possibilidade de usar Bitcoins em Portugal li esta nota do Banco de Portugal que não será muito conclusiva pois talvez seja difícil manter o anonimato em transacções superiores a 3000€. 

Encontrei ainda este sítio "Global Citizens Solutions", que trabalha com vários Paraísos Fiscais (Antigua and Barbuda, Cyprus, Dominica, Grenada, Malta, Portugal, St. Kitts and Nevis, St. Lucia, Spain e Vanuatu) para Vistos Dourados (Gold Visas) com uma página sobre o tema "Bitcoin in Portugal" onde dizem que Portugal é Bitcoin-friendly. Referem uma intenção de fazer mineração de bitcoins em Portugal, o que parece estranho dado que a electricidade em Portugal é bastante cara. Será para isso que vão instalar hectares de fotovoltaicas no Alentejo?

Uma vez que existe discriminação de preços de energia eléctrica conforme o fim a que se destinam, por exemplo entre consumidores domésticos e industriais, e que a produção de energia eléctrica tem inevitavelmente impacto ecológico, mesmo quando usa fontes renováveis, considero que a mineração de bitcoins em Portugal se não proibida pelo menos deveria ser fortemente desencorajada através de taxas específicas. Mas o mais natural é que em Portugal recebam benefícios fiscais para aumentar o consumo de energia eléctrica no país.

O mundo das finanças rege-se por leis específicas que apenas por acidente levam em consideração as leis da física, designadamente sobre energia. Falei sobre isso a propósito do cultivo de milho nos EUA para produzir biocombustíveis neste post sobre biocombustíveis de que cito:

«...

Já nos anos 70 se dizia que a agricultura americana usava mais energia para obter o produto final do que a energia que este continha. A energia não é o único valor em jogo nas actividades humanas e em época de energia barata como a que temos vivido poderá ser razoável adoptar esse tipo de agricultura grande consumidora de energia para a produção de alimentos. Agora não existe sistema económico razoável que possa subsidiar uma agricultura que coloca mais energia do que a contida no produto final quando esse produto se destina precisamente a fornecer energia e não alimento. O facto de não poder existir um sistema económico razoável que faça isso não quer dizer que não exista nenhum: actualmente existe um sistema destes nos EUA, que subsidia a plantação de milho para produzir etanol mas trata-se de um sistema absurdo de esbanjamento do dinheiro dos contribuintes americanos.

...»





2021-05-16

Papa Francisco em Ventania

 

Achei graça a esta imagem que vi na net do Papa  Francisco, mantendo-se firme no meio de grande ventania




2021-05-10

Pegas Azuis na Prainha em Alvor

 

No Verão de 2019 escrevi um post quando fotografei uma ave que descobri tratar-se de uma Pega-azul, Cyanopica cooki conforme refere o sítio "Aves de Portugal". A ave tem o hábito de ficar muito pouco tempo em cada sítio onde poisa, provavelmente um resultado de selecção natural pois torna-se mais difícil ser presa de predador, costuma ser silenciosa e bastante solitária.

Foi por isso com bastante surpresa que no dia 12/Julho/2020, ao investigar a origem de grande barulho constatei um enorme número de pegas-azuis, muitas com o bico aberto emitindo sons estridentes, poisadas no mesmo ramo ou em ramos próximos, voando em grande agitação de um para outro poiso.

O evento foi suficientemente demorado para eu ir buscar uma Canon IXUS com zoom óptico de 12x e ainda chegar a tempo de tirar tantas fotografias que só agora consegui seleccionar 10 para mostrar neste post.

A ordem de apresentação não é cronológica, começo por introduzir um par de aves em ramos próximos

 
e depois 3 aves no mesmo ramo
 
e continuando a progressão, 4 aves na mesma árvore/arbusto

 na imagem seguinte não sei se a ave está a chegar ou vai partir

e nesta há uma que já chegou e outra que está a chegar


e na seguinte, talvez a mesma ave voltou a partir

e esta também

creio que se terá tornado evidente por esta altura o meu embasbacamento com instantâneos de aves a voar, como o de mais este doutra ave em pleno voo

e ainda desta com uma estranha sombra colorida no chão

 

finalizando com duas pegas azuis a voar no céu azul do Algarve



2021-05-02

Valquíria "Mumbet" por Joana Vasconcelos

 

O Museu MassArt de Boston remodelou parte das instalações e convidou Joana Vasconcelos para apresentar uma instalação no novo espaço.

Joana Vasconcelos propôs montar uma Valquíria, nome de uma série de instalações que tem realizado homenageando mulheres notáveis como essas deusas mitológiacs nórdicas.

Perguntando por mulheres notáveis de Boston optou por homenagear Elisabeth Freeman, também conhecida por MumBet, a primeira escrava a processar o Estado de Boston quando tomou conhecimento que na Constituição deste Estado aprovada em 1780 se afirmava que "Todos os homens nascem livres e iguais...", alegando que a sua  condição de escrava era incompatível com essa Constituição e ganhando assim a sua liberdade.

Mostro a apresentação da curadora Lisa Tung, sobre essa instalação

 


onde refere a presença de Capulanas de Moçambique e de rendas dos Açores em partes desta Valquíria.