2022-01-26

Baixar os Impostos e Esperar que Chova

 

Há muito tempo que ouço a direita clamar que a nossa carga fiscal é esmagadora, se bem que que seja público e notório que está abaixo da média da União Europeia em termos de percentagem do Produto Interno Bruto.

Quando se refere isso costumam contra-argumentar que sim, existem países com carga fiscal igual ou maior do que Portugal mas nesses casos os serviços públicos, como por exemplo educação e assistência na doença, são de primeira qualidade enquanto em Portugal são muito fracos.

Aí costumo dizer que se esses países, normalmente mais desenvolvidos do que Portugal, têm serviços públicos de melhor qualidade deve ser por terem maior produtividade, logo um PIB/per capita maior e com a mesma percentagem do PIB conseguem ter profissionais com melhor formação e comprar melhores equipamentos de suporte ao funcionamento dos serviços públicos.

Mais recentemente tem-se também falado na falta de crescimento da economia portuguesa, comparando-o com o dos os países de Leste que entraram depois de Portugal na União Europeia e têm crescido muito mais.

Aí costumo argumentar que tal se deve à enorme diferença da estrutura de preços entre os países dentro da UE e os novos entrantes. A economia de Portugal também cresceu muito quando entrámos na UE, em boa parte devido a uma maior homogeneização dos preços praticados em Portugal e no resto da UE.

Vi agora neste post "Os cinco erros da direita sobre o crescimento económico em Portugal" do Ricardo Pais Mamede uma argumentação nesta linha de raciocínio mais fundamentada e mais completa que recomendo.

Transcrevo o início:

«

Os partidos de direita apresentam-se a estas eleições com um discurso simples sobre a economia portuguesa. Afirmam que Portugal tem tido um crescimento medíocre comparado com os países do Leste europeu, que eram pobres e hoje são mais ricos que nós. E que essa diferença se deve às políticas adoptadas: liberais naqueles países, “socialistas” aqui. Logo, segundo a direita, é preciso liberalizar, privatizar e desregulamentar para Portugal crescer.
Este discurso é simples e eficaz. É também errado, por cinco razões.

»

As cinco razões:

«

1. O desempenho das economias de Leste é menos diferente do português do que parece
2. Os países de Leste tinham condições para crescer que nada têm que ver com “medidas liberais”
3. A estagnação económica em Portugal nada tem a ver com a “falta de liberalismo”
4. Baixar os impostos e esperar que chova não nos vai salvar
5. Se a história nos ensina alguma coisa é que é preciso mais – e não menos – intervenção pública

»

e o gráfico na argumentação do ponto 1:


 


2022-01-20

Hans Rosling (1948 - 2017) – Uma Biografia



Em Junho/2018 fiz um post referindo a actividade de Hans Rosling descobrindo preconceitos através da Estatística.

O apreço pelo que vi levou-me em 2019 a ler o livro  Factfulness (Factualidade) e a falar a propósito da evolução do abastecimento de água no Algarve.

Ele pretendeu agora nesta obra biográfica, cuja capa está ao lado, mostrar através da sua vida como as condições dos próprios suecos progrediram na segunda metade do século XX, os dilemas  que teve que resolver em África na qualidade de quase único médico de saúde pública duma área vasta de Moçambique, o regresso à Suécia ensinando na Universidade e mantendo contacto com estadias mais curtas em África. Depois tornou-se apresentador itinerante de estatísticas sugestivas sobre o estado do mundo. Esteve em Monróvia desde Out/2014 para combater no local o surto de Ébola na África Ocidental iniciado em 2014 e que terminou em finais de 2015.

Surpreenderam-me um pouco as condições de vida dos avós, vivendo inicialmente em 1915 numa casa alugada com soalho de madeira, com um quarto e uma cozinha. Em 1927 mudaram-se com os então cinco filhos para uma nova casa mais ao pé do emprego, com apenas 24 metros quadrados, mas já com electricidade e água canalizada. Em 1930, quando se mudaram para a casa que o avô construiu, esta tinha 4 divisões todas com energia eléctrica e uma latrina na cave. Mas em 1952 quando Hans foi viver algum tempo com os avós, porque a mãe contraíra tuberculose estando hospitalizada, ele acidentalmente resvalou para um esgoto a céu aberto em frente da casa dos avós, na zona de Eriksberg em Uppsala, tendo sido salvo por uma tia quando quase afogado já só tinha um pé de fora do líquido imundo.

Hans foi o primeiro elemento da família a ir estudar para a Universidade concluindo o curso de medicina. Como estudante viajou pela Europa começando pela Inglaterra e país de Gales aos 16 anos.

Como secretário da Associação de estudantes da Universidade organizou em 1967 um encontro com Eduardo Mondlane que estava de visita à Suécia para angariar fundos para os combatentes da independência de Moçambique, encontro que para sua vergonha teria apenas um auditório de 8 pessoas. Mas gostou do que ouviu e prometeu que quando acabasse o curso de medicina em 1975 iria trabalhar durante algum tempo para Moçambique. A juventude sueca desse tempo tinha consciência das grandes melhorias das condições de vida ocorridas na Suécia na construção do Estado Social e queriam contribuir para que países mais atrasados passassem por uma melhoria semelhante.

Ainda como estudante em 1972 visitou o Ceilão e a Índia. Parte do plano da viagem era ser aluno convidado na Faculdade de Medicina St. John em Bangalore, onde se apercebeu que os estudantes indianos usavam na altura o “Harrison”, um manual de Medicina americano mais completo do que o manual em uso na altura na Suécia.


Em Portugal este manual era usado após os 6 anos de estudo de Medicina na preparação da Prova de Acesso à Especialidade e em Novembro de 2019 teve lugar a primeira prova com esta função, após cerca de 40 anos, que deixou de se basear de forma quase exclusiva nesse manual.

Fiquei também a pensar na importância que as estatísticas têm na forma que os suecos têm de abordar os problemas sociais, designadamente na saúde pública, dado serem dos primeiros países a fazer estatísticas sobre variados aspectos da sua sociedade. Referem aqui a organização “Statistics Sweden” que existe desde 1858. Contudo foi logo em 1764 que informação sobre a população sueca foi publicada pela primeira vez.

Vi a capa de uma edição inglesa aludindo a um dos gráficos mais sugestivos usado por Hans Rosling que mostro aqui ao lado.

Resumindo, gostei muito de ler o livro que recomendo.


Adenda: alguns gráficos interessantes da Gapminder, fundação criada por Hans Rosling, Ola Rosling e Anna Rosling Rönnlund estão aqui: https://www.gapminder.org/tools/#$chart-type=bubbles&url=v1

2022-01-17

As Fragilidades da Justiça



Quando vi na TV os videos da invasão em Washington do Capitólio em 6/Jan/2021 impressionaram-me os trechos da intervenção do então presidente dos E.U.A. dirigindo-se à multidão, como se vê nesta foto publicada pelo New York Times,
 


que depois concretizou essa invasão de que resultaram 5 mortes, vários feridos e destruição de propriedade pública dos E.U.A..

Essa intervenção foi tomada em conta no processo de destituição apresentado pelo partido Democrata no Congresso, processo esse que segundo notícia da CBS News de 14Jan2021 foi aprovado na Câmara dos Representantes por 232 votos a  favor e 197 contra, em que apenas 10 membros do partido Republicano votaram a favor. No Senado o processo foi rejeitado por não ter sido suportado por uma maioria de 2/3 (67) mas apenas por 57 a favor e 43 contra se bem que alguns do Republicanos, embora convencidos que Trump era moralmente responsável pelo que acontecera, alegaram que não seria constitucional votar a favor.

Agora, passado um ano sobre o acontecimento, Trump ainda não foi acusado de nenhuma actividade ilegal relacionada com a invasão do Capitólio em 6/Jan/2021.

A revista New Yorker dedica um artigo a este assunto de que cito

«
Federal prosecutors in Washington have charged dozens of rioters who stormed the Capitol with felony counts of obstructing an official proceeding of Congress, which carry a potential sentence of up to twenty years. But legal experts said that convicting Trump of such a charge could be difficult. Ilya Somin, a libertarian legal scholar at George Mason University and a critic of the former President, told me that Trump’s lawyers would likely argue that it did not apply to him because he did not enter the Capitol on January 6th. “I think it is very clear that it applies to the people who entered the building,” Somin said. “If Trump did enter the building and lead the attack in person, it would be much easier to convict him of this and other offenses.”
»

Destaco a frase “If Trump did enter the building and lead the attack in person, it would be much easier to convict him of this and other offenses.” que me parece duplamente surpreendente:
- por um lado considera difícil acusar alguém de ser responsável por um evento sobre o qual  esse responsável discursou publicamente a favor, visto que não participou fisicamente na acção;
- por outro lado considera que se tivesse entrado no edifício liderando o ataque seria mais fácil condená-lo por estas e outras ofensas, o que quer dizer que não seria seguro que fosse condenado, seria apenas “mais fácil”.
 
Próximo do final o artigo refere:
«
In an era when the majority of Republicans falsely believe that the 2020 election was fraudulent and the majority of Democrats think that it was not, Garland will be demonized no matter what action he takes regarding Trump. The Attorney General, based on his speech, continues to believe that he can restore “normal order”—a Justice Department term for basing decisions on whether to charge defendants strictly on the facts of a case. He continues to believe that the majority of Americans still support the principle that all people should be treated fairly under the law, including Donald Trump. And that the majority will reject political violence and trust the judicial system. At the moment, that belief, for Garland and all Americans, is an enormous political gamble.
»

É claro que a acusação se deve basear na violação de leis existentes. Acho estranho que não existam na lei americana limites criminais à actuação de presidente que alega sem fundamento que lhe roubaram a eleição, incitando como se viu em numerosos videos, uma multidão a invadir o Capitólio.

Uma das situações que me leva a pensar que alguns países não estão preparados para a democracia é a incapacidade sistemática dos presidentes incumbentes em abandonar o cargo após uma eleição. Será que nem os  pais fundadores consideraram esta eventualidade?

Vi agora na BBC que foi feita a primeira acusação de conspiração sediciosa (seditious conspiracy) a 11 pessoas, entre elas um chefe de milícia de estrema-direita, relacionada com a invasão do Capitólio. A ausência deste tipo de acusação tem sido usado por Republicanos para menorizar a gravidade dos tumultos de  6/Jan/2021.

Constato que a este nivel nos E.U.A. (e provavelmente em todos os países) não existe completa independência do poder judicial em relação ao poder politico. Ou que os sistemas judiciais acabam por ter grande dificuldade em condenar abusos de poder, quando quem abusa é politicamente muito poderoso.


2022-01-16

Raio de Sol sobre Rosa Vermelha

 

A minha casa nos Olivais Sul foi bem projectada e construída. Numa fachada exposta ao sol as janelas estão retraídas, protegidas por uma pequena varanda, impedindo que os raios de sol entrem em casa durante o Verão e deixando-os entrar à vontade durante o Inverno.

É o que ultimamente tem acontecido, há uns dias em que um raio de sol encontrou uma jarra de cristal, desta vez foi uma rosa vermelha



2022-01-15

Jardim Zen (2)

 

Ofereceram-me há bastantes anos um tabuleiro de madeira com areia, 3 pedras e um ancinho, com "dentes" de madeira, para poder fazer uns jardins Zen sem precisar de ir à praia.

Depois de algumas experiências iniciais o tabuleiro tem estado resguardado devido às  visitas de netos muito jovens, atraídos pela areia e consequente passagem de partes da mesma para fora do tabuleiro.

De vez em quando o tabuleiro volta a estar visível e ontem (14/Jan/2022) fiz estes desenhos que me agradaram


Em Abril/2008, pouco depois de ter iniciado este blogue (em Mar/2008), mostrei outra configuração que fizera no mesmo tabuleiro com a ajuda de um compasso e fotografara em Out/2004, que volto a mostrar aqui

 

 Estes círculos sobre areia foram certamente inspirados pelos círculos que surgem em superfícies aquáticas como na imagem seguinte duma piscina tocada por andorinhas, em voos tendencialmente rasantes mas pontualmente tangentes, que mostrei  noutro post antigo e volto a mostrar aqui



 E claro que também influenciado por jardins Zen como este 

 


situado em Ryoan-ji-Garden em Kyoto no Japão, cuja foto fui buscar à Wikipédia

 

 

 

2022-01-05

Cubo com elástico


Comprei há muito tempo o cubo composto por 27 cubinhos que mostro na imagem ao lado.

Foi no Largo do Príncipe Real, numa feira talvez de artesanato, vi agora num registo que foi em 24/Nov/2007 e que custou apenas 3 euros.

Os cubinhos são atravessados por um único elástico cujas pontas estão nos 2 cubinhos verdes com um buraco ao meio como se vê na foto. Todos os cubinhos têm dois buracos ligados por um túnel dentro de cada cubinho. Existem dois tipos de cubinhos, aqueles em que o túnel liga duas faces opostas e os outros em que liga duas faces com uma aresta comum.

Pegando nesses dois cubinhos e afastando-os chega-se rapidamente à situação da foto seguinte.



 

O enorme trabalho que me deu refazer o Cubo de Rubik num “método de reinvenção” de algo já descoberto levou-me a sobrestimar o trabalho que daria desmanchar e refazer este puzzle.

Durante bastante tempo tive o cubo parcialmente desfeito, uma ou duas vezes consegui retornar ao estado inicial e quando passaram cá por casa vários netos optei por guardar num armário este cubo, o cubo de Rubik e o cubo de Naoki Yoshimoto de que talvez venha a falar noutra oportunidade.

Recentemente um neto, que sai ao avô, começou a investigar o conteudo de armários e gavetas existentes cá em casa, descobriu os 3 cubos acima referidos, optei por “salvar” o cubo de Rubik e em pouco tempo o neto conseguiu colocar o cubo com elástico restante numa posição parecida ou mesmo igual à da 2ª imagem deste post.

Achei que nesta situação seria aconselhável dedicar algum tempo a estudar o cubo para o poder refazer rapidamente após as espectáveis intervenções deste neto mais novo.

Comecei por tentativa não sistemática e tive sucesso em pouco tempo psicológico mas quando noutra altura desfiz o cubo demorei um tempo psicológico que me arreliou, constatando que seria melhor um método mais sistemático.

Este cubo acaba por ser pelo menos duas ordens de grandeza mais simples de refazer do que o cubo de Rubik porque, uma vez encontrada a posição final por tentativa e erro ao fim de um tempo psicológico não desesperante, basta registar a sequência de colocação dos cubinhos começando numa das duas pontas.

Para esse efeito achei que o PowerPoint me poderia ajudar, registando a sequência de cubinhos, o que fiz colocando cubinho a cubinho nas imagens sucessivas de uma apresentação.

Quando o número de cubinhos era elevado e os novos cubinhos teriam ficado ocultos transformei os cubinhos já colocados em objectos transparentes. O resultado pode-se ver na imagem seguinte, obtida produzindo a impressão de 6 “handouts” e produzindo a partir do ficheiro .pdf um ficheiro .png, tipo de ficheiro de imagem que costumo usar para esquemas.


 

No fim achei que uma perspectiva cavaleira, em que cada cubinho fosse representado por uma pequena esfera colocada no centro de cada cubinho, com uma linha a passar por todas as esferas num trajecto idêntico ao do elástico seria mais perceptível.

Para identificar mais facilmente a posição de cada esfera defini 3 planos paralelos à face frontal, cada um contendo 9 esferas. O plano mais à frente tem côr verde, o do meio cinzenta e o de trás cor vermelha, todos em tom pastel para possibilitar transparência.  As esferas têm a cor do plano onde estão.

Outro neto, que poderia ser um utilizador potencial deste guia, preferiu a representação mais “realista”.

Como última sugestão, para reconstituir o cubo inicial, pode-se começar por qualquer das extremidades mas é mais fácil se se iniciar pela extremidade do lado direito da segunda fotografia, como por sorte fiz ao desenhar o PowerPoint.

Depois disto ainda fui à procura na internet de (cubo com elástico) e, para minha surpresa, apareceram logo imagens de cubos deste tipo e uma entrada na Wikipédia intitulada “Snake Cube”, mostrando a importância dos nomes das coisas. 

Esta entrada não tinha versão em português mas recordo-me de ter visto um artigo da Wikipédia sobre isto em português do Brasil mas, lá está, falta-me o nome em português.

O artigo da wikipédia contém 2 links: 

1) Snake Cube at Mathematische Basteleien onde constatei que existe mais do que uma forma de dobrar a “cobra” em forma de cubo, a forma como eu dobrei a cobra coincide com a figura no artigo da Wikipédia mas é diferente da que mostra este artigo. Neste caso a diferença corresponde a uma solução devida a simetria em que cada forma é a imagem espelhada da outra.

Este artigo ainda mostra uma sequência de 12 cubinhos polícromos com uma articulação diferente da que temos vindo a falar, comprei uma igual numa loja “Imaginarium” em Lisboa mas nem o autor nem eu sabíamos o nome desta cobra. Contudo, no segundo link deste artigo da Wikipédia consta que se chamam “Kibble cube”.


2) Snake Cube at www.jaapsch.net
Neste artigo referem a existência de vários tipos de “cobras” que podem dar origem a cubos de 3x3x3. Propõe designar os cubinhos das extremidades por E (End), os com buracos em faces paralelas por S(Straight) e aqueles em que o elástico passa por duas faces adjacentes por C(Corner). Usando esta notação, a cobra do meu cubo que tem esta sequência na foto acima

ESCSCSCSCCCCSCSCCCSCCSCCCSE
ou a seguinte se formos da direita para a esquerda
ESCCCSCCSCCCSCSCCCCSCSCSCSE
 
é a que o artigo designa por “Cubra Blue” tendo apenas uma solução e o seu espelho, sendo referida como a mais comum nos cubos à venda.

Finalmente a Wikipédia refere ainda um artigo “Snake cube puzzle and protein folding”) de Nobuhiro Go,  professor emérito da Universidade de Kyoto na revista “Biophysics and Physicobiology”.

Comecei a ler o artigo, achando extraordinário que um puzzle pudesse constituir-se como modelo da forma como algumas proteínas se dobram.

Entretanto com a prática de montar e desmontar o meu cubo com elástico neste estudo sinto-me agora competente para com grande facilidade reconstituir o cubo, caso ele seja acidental ou intencionalmente afastado da sua forma mais compacta, pelo que termino aqui este post.


2022-01-02

O Expresso à sexta-feira, Raul Solnado e a tosse


Ao ler no Jornal Expresso, que saiu excepcionalmente na 5ª feira dia 30/Dez/2021, as frases:  “A partir da primeira edição do ano o Expresso passará a ser publicado à sexta-feira, respondendo à alteração dos hábitos de consumo dos leitores. Uma alteração que também foi solicitada pelos pontos de venda, permitindo maior tempo de exposição  em banca.” lembrei-me dum espectáculo de comédia do Raul Solnado em que dizia ter ido ao médico que lhe pedira repetidas vezes para tossir concluindo logo a seguir que o que ele tinha era tosse.

Eu achava a saída ao Sábado bem adaptada para a rotina de quem trabalha cinco dias por semana e faz uma pausa durante o fim-de-semana, mesmo agora que estou reformado prefiro a saída ao Sábado pois a saída á sexta-feira, devida aos períodos de confinamento, baralhava-me um bocado pensando ao Sábado que já estava no Domingo, tendo ficado satisfeito quando regressou a saída ao Sábado.

Uma boa razão para a mudança seria a adopção pelo jornal Expresso duma semana de 4 dias de trabalho e 3 dias de descanso iniciados na 6ª feira, dando um bom exemplo ao resto das empresas portuguesas, mas não me parece que isso possa ter a adesão dum maior que minúsculo conjunto de responsáveis pelo jornal.

Havendo actualmente tanto comércio aberto ao fim-de-semana não vejo também qual a vantagem de começar por ter o jornal nas bancas às sextas-feiras quando quem trabalha não tem tempo para o ler.

Vou assim enviar este texto ao jornal Expresso solicitando que regressem à saida ao Sábado, exortando os leitores que prefiram este dia a fazerem o mesmo.