2023-05-28

Voltar a andar

 Em 25/Mai/2023 vi esta foto no New York Times de um tetraplégico que conseguiu voltar a andar usando eléctrodos no cérebro, um computador numa mochila que detecta actividade cerebral de intenções motrizes através de sinais captados por esses eléctrodos e implantes epidurais que transmitem sinais à espinal medula

 

Depois fui à procura de mais informação e encontrei esta notícia na RTP intitulada "Tetraplégico volta a andar com recurso a interface que liga cérebro à medula" que faz um bom resumo dos que se fez e conseguiu.

O artigo da revista Nature que relata os trabalhos tem o título "Walking naturally after spinal cord injury using a brain–spine interface", sendo assinado por 34 autores, descreve ainda com maior pormenor o que foi realizado.

Neste caso foi preciso localizar quais as zonas do cérebro onde ocorria actividade quando havia intenção de movimento, colocar implantes com eléctrodos no cérebro, analisar a natureza dos sinais eléctricos gerados no cérebro para esta actividade, converter esses sinais em estímulos adequados para enviar para a espinal medula,  e fazer a transmissão de informação sem recorrer a fios a atravessar a pele.

Revi uma demonstração TED muito mais simples, que eu vira há alguns anos, em que o sinal enviado pelo cérebro para mover um pulso é captado já ao pé do pulso e aproveitado para mover o pulso de outra pessoa.

 

 

 


2023-05-25

Outra livraria chinesa, desta vez em Chengdu


Enviaram-me uma foto de outra livraria chinesa com um aspecto fora do comum, referida neste artigo da AD, a revista Architecture Digest.


Embora fora do comum, este blogue já mostrara uma livraria também notável cujo projecto pela mesma firma de Arquitectura foi inspirado dessa vez por poços indianos que referi neste post.

O artigo da AD de Elisabeth Stamp, publicado em Outubro/2020 diz que se trata da livraria Dujiangyan Zhongshuge, localizada em Chengdu, tendo sido projectada pela firma de Arquitectura X+Living baseada em Xangai, que já projectou outras livrarias desta cadeia Zhongshuge, tendo como um dos elementos comuns os espelhos a cobrir integralmente o tecto, criando ambientes surreais que fazem lembrar obras de M.C.Escher.

Neste caso as parateleiras mais altas estão cobertas de imagens de lombadas de livros em sítios excessivamente altos para serem acessíveis, mas criando a ilusão da presença de livros até ao tecto real, sendo depois essa presença continuada pelas reflexões dos espelhos.

A imagem que me enviaram tinha pouca definição, a que mostro acima estava neste artigo da revista ITSLIQUID, uma “plataforma de comunicação para Arte contemporânea, Arquitectura, Design e Moda”.

A livraria situa-se na cidade de Dujiangyan que tinha 600.000 habitantes em 2003 e no GoogleMap ligeiramente editado que mostro a seguir ocupa uma área delimitada por uma linha vermelha tracejada. Parece ser uma cidade satélite de Chengdu, a capital da província de Sichuan.
 


Para situar Chengdu e Dujiangyan mostro um mapa da divisão administrativa da China em que se vê Chengdu distando por estrada cerca de 300km de Chongqing a cidade capital da “Municipalidade de Chongqing”.
 


Como se vê no mapa a República Popular da China compõe-se, além de Taiwan, de várias regiões autónomas a amarelo, de províncias a cor-de-rosa, das Regiões Administrativas especiais de Macau e Hong.Kong e de 4 “Municipalidades”, estas últimas directamente dependentes do Governo central, que são as áreas de Beijing, Tianjin (região adjacente a Beijing com um porto importante), Xangai (cidade portuária importante) e a “Municipalidade” de Chongqing que foi destacada de Sichuan e cobre uma área de cerca de 82000km2! Na Wikipédia refere que destes 82000km2 apenas 5000 são urbanos. Parece assim que também na China se esticam conceitos, neste caso “municípalidade”, para dimensões pouco apropriadas.

Temos assim na China um “município” com o tamanho de Portugal. A cidade encontra-se na confluência do rio Jialing com o Yangtze (que na minha geografia do liceu se chamava o Iansequião) sendo uma cidade importante por se situar na confluência de dois importantes rios. Foi sede de antigas dinastias chinesas e no século XX foi a capital da República da China governada por Chang-Kai-Check antes da derrota do Kuomintang e consequente retirada para Taiwan. Conjecturo que a sua situação interior a torna mais difícil de ocupar por potências estrangeiras com meios navais poderosos e daí a sua dependência directa do governo central.



2023-05-18

Açoteia em Istambul

 

A propósito das eleições na Turquia no passado Domingo, dia 14/Maio/2023, gostei desta imagem de uma açoteia em Istambul, publicada no “Briefing” dos dias úteis que o New York Times me envia regularmente, em que uma família presumivelmente turca, reunida em frente a uma mesinha baixa com dispositivos electrónicos, tapas, garrafas de água e de vinho  e copos respectivos, vai seguindo o programa de TV revelando os resultados eleitorais num aparelho grande, fixado a uma parede da açoteia, ou melhor, como fez notar um amigo mais observador, vai seguindo o programa sobre eleições numa imagem de TV projectada sobre uma parede

 

 Fui verificar a latitude de Istambul que é 41ºN, a mesma da cidade do Porto, enquanto a de Lisboa é 38,7ºN, 250km mais a Sul, medidos sobre o meridiano.

Dos gráficos sobre o clima de Lisboa e de Istambul, que fui buscar à Wikipedia e que mostro mais abaixo, nota-se que a temperatura máxima média em Lisboa está um grau acima de Istambul e que no Inverno a mínima média de Lisboa está 5 graus acima da outra cidade. Chove um pouco mais em Istambul, com os verões não tão secos como em Lisboa. O Porto tem limites de temperaturas uns 2 graus abaixo de Lisboa e maior precipitação do que Istambul.

Tudo isto para concluir que esta solução para aproveitar o terraço de uma casa é viável em qualquer uma das cidades, embora não me lembre de ter visto uma televisão ao ar livre como nesta imagem. Será necessária alguma protecção contra o Sol e contra a chuva 

No cenário nocturno da açoteia destaca-se a Torre de Galata iluminada, um dos ex-libris de Istambul, construída provavelmente em 1348 pelos genoveses na encosta que limita a Norte o Corno de Ouro, um braço de mar que limita a norte a parte da antiga Constantinopla protegida por famosas muralhas até à sua queda em 1453.

Mostro ainda uma foto aérea que facilita localizar a açoteia que encontrei no Daity Sabah,  um diário turco pró-governo segundo a Wikipédia.

Na foto da açoteia, imediatamente à esquerda da Torre mas lá ao fundo vêem-se 2 pares de minaretes um par estando mais alto do que o outro. Deve ser a Süleymaniye Camii, Mesquita de Suleimão. Um pouco mais à esquerda aparece um pequeno rectângulo azul, mais alto que largo, que suponho ser uma torre de telecomunicações iluminada.

Fiz uma pequena matriz de 2 x 2 em que na primeira linha mostro os elementos que acabo de referir na imagem nocturna da açoteia e na 2ª linha os mesmos elementos na imagem diurna.





Não resisto a mostrar ainda uma foto aérea tirada mais ao menos do mesmo sítio durante o crepúsculo, 

 

enquadrando desta vez também a maravilhosa Igreja de Santa Sofia, convertida em mesquita com 4 minaretes após a conquista de Constantinopla pelos turcos em 1453 (no reinado de D.Duarte), convertida em museu por Kemal Ataturk e que noticiei reconvertida em mesquita pelo actual presidente Recep Tayyip Erdoğan, em notícia onde onde também refiro a minha opinião favorável à adesão da Turquia à União Europeia e a adesão da Turquia ao alfabeto latino.

Notar que a mesquita que aparece entre a Santa Sofia e a Torre de Gálata é a Mesquita Azul, também lindíssima, com os seus 6 minaretes. A torre de telecomunicações e a Mesquita de Suleimão ficaram fora desta fotografia.

As eleições que referi no início deste post eram legislativas e presidenciais. No parlamento o AKP, partido chefiado por Erdogan, ganhou a maioria absoluta mas precisará de fazer alianças para alterar a Constituição. Na eleição presidencial Erdogan foi o mais votado mas sem atingir os 50%+1 dos votos pelo que ocorrerá uma 2ª volta entre os dois mais votados.

 Mesmo que na eleição presidencial ganhe a oposição, esta terá dificuldade em governar dado não ter maioria no parlamento. Qualquer que seja o resultado da eleição presidencial a adesão da Turquia à União Europeia continuará muito difícil no curto e médio prazo.

 

2023-05-04

O meu PC e a minha impressora reataram diálogo

 

Numa sequência temporal inusitada, depois de eu publicar um post no dia 1/Maio/2023 em que referia que o meu PC não conseguia fazer impressões na minha HP LaserJet CP1025 color desde Setembro/2022, em que descrevia variadas tentativas de restabelecer a comunicação e revelava uma forma de contornar o problema usando um PC com o WindowsXP, depois desse post em 1/Maio, constatei ontem dia 3/Maio no final de mais uma tentativa usando o HP Smart Install  haver uma mensagem dizendo que os drivers da impressora foram instalados com sucesso!

Seguidamente imprimiu automaticamente uma Windows Printer Test Page onde verifiquei que a versão do driver era exactamente a mesma da instalada em 2015-11-24 no dia em que comprei a impressora e a instalei então no Windows da época.

Os produtores vivem com a tentação de programar a obsolescência dos seus produtos e alguns sucumbem a essa tentação. A própria HP (Hewlett-Packard) é conhecida por "canibalizar" os seus produtos, isto é, produzir produtos "novos" que entram em concorrência directa com outros produtos fabricados por eles próprios com a alegação razoável que têm a capacidade de os fazer e que caso se abstivessem outros fabricantes iriam "comer" os produtos que eles "canibalizam".

A obsolescência programada é dificultada pela existência de concorrência, pelas organizações de defesa do consumidor e por vezes pela dificuldade em produzir um produto que funcione de forma fiável durante todo o período da garantia e que ao fim desse período, mas só então, se avarie o mais rapidamente possivel.

No modelo da indústria das impressoras em que vendem o equipamento muito barato reservando a colheita de lucros na venda de tinteiros/toners exclusivos para as impressoras da sua marca algumas empresas, nomeadamente a Lexmark, chegaram ao ponto de exigir que o PC esteja ligado à internet para ser possível imprimir. Esta necessidade aparentemente absurda ganha sentido quando se toma conhecimento que essa empresa declarava que o tinteiro precisava de ser substituído quando ainda tinha tinta, forçando assim os clientes a comprar mais tinteiros do que os que eram necessários. Vi agora na internet que a Lexmark vendeu a divisão dos tinteiros de jacto de tinta em 2012 após muitos processos em tribunal em que tentara impedir que os tinteiros fossem reenchidos por outras empresas.

Do que observei estou convencido que o problema não estava nem na impressora nem no seu driver mas em algum defeito introduzido por lapso no componente do Windows que comunica com a impressora levando à impossibilidade de comunicação. Talvez a maior parte destas impressoras já tenham ido para o lixo e o erro introduzido tenha por isso demorado mais tempo a ser corrigido. Era também a opinião de um amigo que consultei sobre este assunto que previu que o problema acabaria por ser corrigido.

A propósito de "lixo" googlei (electronic litter) e só me apareciam aparelhos para limpar o pó ou formas de lidar electronicamente com dejectos de animais de estimação. Já com (electronic waste) tive maior sucesso e achei interessante o uso de uma palavra que julgo significar mais "desperdício" (algo que se perdeu) sem ser exactamente "lixo".

A primeira imagem que encontrei na net foi esta da ERI (Electronis Recycler International) onde se vê uma pilha de circuitos impressos

depois googlei (electronic waste mountain) e cheguei a este monte na Bélgica, tratado pela Recupel e mostrado no Financial Times

 

Resumindo, melhor ainda do que a reciclagem é a utilização durante um período mais prolongado, caso os produtos antigos sejam ainda satisfatórios.



2023-05-01

A Obsolescência da minha impressora HP LaserJet CP1025 Color


Comprei em Novembro/2015 uma impressora HP LaserJet CP1025 Color que funcionou bem até Jun/2022 como impressora dum PC fixo HP 110-250ep (CORE-ie3, 4GB) adquirido em Junho/2014.

Esse PC veio inicialmente com o sistema operativo Windows 8.1 pré-instalado. Instalei em Nov/2015 a versão 1511 do Windows 10 tendo optado por fazer todos os upgrades do sistema operativo enviados pela Microsoft.

Quando regressei das férias grandes de 2022 (desde Julho a meados de Setembro) ao tentar fazer uma impressão constatei com surpresa que a impressora deixara de fazer parte dos periféricos reconhecidos pelo PC.

Iniciei então o calvário da verificação dos drivers, se haveria algum mais recente, da reinstalação dos disponíveis pela HP, da corrida dos programas “Troubleshooters”, dos pomposamente chamados “HP Print and Scan Doctor” e "HP Smart Install”, das ferramentas da Microsoft para comunicar problemas e pior ainda dos Forums de utlilizadores quer da HP quer da Microsoft, com as suas sugestões umas vezes triviais outras vezes disparatadas, raramente úteis.

Fiz também um autoteste da impressora que concluiu com sucesso. Além disso instalei o driver da impressora num portátil da Toshiba (antigo pois a Toshiba faliu e a marca de portáteis não sobreviveu) que tenho em casa com um magnífico MSWindows XP que nunca ligo à internet e que imprimiu lindamente um ficheiro que fizera no computador fixo acima referido, usando uma pen para o transporte do ficheiro.

Claro que redireccionar temporariamente (porque ainda não perdi a esperança de que num futuro mais ou menos distante o problema desapareça) o cabo USB duma impressora ligada a um PC fixo pode não ser tarefa fácil. Neste caso fui buscar uma mesa comprada para as brincadeiras dos netos, para suportar o portátil Toshiba, liguei-o aos 220V,  pois há muito tempo que a bateria perdeu a capacidade de armazenar energia, e usei as 3 portas USB existentes: uma para a pen transportar o(s) ficheiro(s) a imprimir, outra para ligar à impressora Laserjet (de que só ficou na foto a respectiva bandeja de papel) e outra para o rato óptico, conforme imagem a seguir

 



Revi agora o número de páginas impressas ao longo do tempo, constatando que nos primeiros 3 anos imprimi em média cerca de 15 páginas/mês e no último ano cerca de 30. Quando tinha uma impressora de jacto de tinta fiz pouco mais de uma dúzia de impressões de fotos da máquina digital que comprara e passei a fazer impressão de umas poucas fotos numa loja de fotografias do bairro, abandonando a impressão em casa para fotografias. A maior parte das “impressões” que faço é para ficheiros.pdf que guardo no computador com backup em disco externo. Esta baixa utilização de impressões em papel foi o que me levou a optar por uma impressora laser, pois tivera má experiência com as impressoras de jacto de tinta cujos tinteiros costumavam estar secos ao fim de poucas utilizações

Como só de longe em longe sinto necessidade de uma impressão em papel esta “solução” é uma forma de ultrapassar o problema.

Contudo este problema revela mais uma vez as consequências desastrosas do sistema de preços adoptado nas sociedades industrializadas em que a inovação constante tem como consequência a produção descontrolada de quantidades imensas de lixo. Numa empresa este contorno do problema para não enviar a impressora para a eufemística “reciclagem” é insuportável face aos cerca de 150€ que custa uma impressora destas acabada de sair da fábrica, praticamente igual a esta mas incapaz de decifrar as variantes infinitesimais dos protocolos de comunicação entre aparelhos que tornaram esta impressora obsoleta quando tudo o resto funciona perfeitamente.

Como nota final, que talvez venha a expandir num futuro post, adianto que a consulta que fiz ao ChatGPT, tão justamente incensado em notícias recentes, não me deu sugestões diferentes das que eu obtivera consultando a internet usando o Google, “apenas” sintetizando num documento de fácil leitura os conselhos que já recebera.