2023-05-25

Outra livraria chinesa, desta vez em Chengdu


Enviaram-me uma foto de outra livraria chinesa com um aspecto fora do comum, referida neste artigo da AD, a revista Architecture Digest.


Embora fora do comum, este blogue já mostrara uma livraria também notável cujo projecto pela mesma firma de Arquitectura foi inspirado dessa vez por poços indianos que referi neste post.

O artigo da AD de Elisabeth Stamp, publicado em Outubro/2020 diz que se trata da livraria Dujiangyan Zhongshuge, localizada em Chengdu, tendo sido projectada pela firma de Arquitectura X+Living baseada em Xangai, que já projectou outras livrarias desta cadeia Zhongshuge, tendo como um dos elementos comuns os espelhos a cobrir integralmente o tecto, criando ambientes surreais que fazem lembrar obras de M.C.Escher.

Neste caso as parateleiras mais altas estão cobertas de imagens de lombadas de livros em sítios excessivamente altos para serem acessíveis, mas criando a ilusão da presença de livros até ao tecto real, sendo depois essa presença continuada pelas reflexões dos espelhos.

A imagem que me enviaram tinha pouca definição, a que mostro acima estava neste artigo da revista ITSLIQUID, uma “plataforma de comunicação para Arte contemporânea, Arquitectura, Design e Moda”.

A livraria situa-se na cidade de Dujiangyan que tinha 600.000 habitantes em 2003 e no GoogleMap ligeiramente editado que mostro a seguir ocupa uma área delimitada por uma linha vermelha tracejada. Parece ser uma cidade satélite de Chengdu, a capital da província de Sichuan.
 


Para situar Chengdu e Dujiangyan mostro um mapa da divisão administrativa da China em que se vê Chengdu distando por estrada cerca de 300km de Chongqing a cidade capital da “Municipalidade de Chongqing”.
 


Como se vê no mapa a República Popular da China compõe-se, além de Taiwan, de várias regiões autónomas a amarelo, de províncias a cor-de-rosa, das Regiões Administrativas especiais de Macau e Hong.Kong e de 4 “Municipalidades”, estas últimas directamente dependentes do Governo central, que são as áreas de Beijing, Tianjin (região adjacente a Beijing com um porto importante), Xangai (cidade portuária importante) e a “Municipalidade” de Chongqing que foi destacada de Sichuan e cobre uma área de cerca de 82000km2! Na Wikipédia refere que destes 82000km2 apenas 5000 são urbanos. Parece assim que também na China se esticam conceitos, neste caso “municípalidade”, para dimensões pouco apropriadas.

Temos assim na China um “município” com o tamanho de Portugal. A cidade encontra-se na confluência do rio Jialing com o Yangtze (que na minha geografia do liceu se chamava o Iansequião) sendo uma cidade importante por se situar na confluência de dois importantes rios. Foi sede de antigas dinastias chinesas e no século XX foi a capital da República da China governada por Chang-Kai-Check antes da derrota do Kuomintang e consequente retirada para Taiwan. Conjecturo que a sua situação interior a torna mais difícil de ocupar por potências estrangeiras com meios navais poderosos e daí a sua dependência directa do governo central.



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