Tudo começou por esta fotografia intrigante, apresentada pelo Embaixador Seixas da Costa no post “Aviso sério!” do seu blogue “duas ou três coisas”, avisando que ler pode causar danos irreparáveis à sua ignorância.
Comecei por tentar perceber se se tratava de uma fotografia ou de um daqueles desenhos tipo M.C.Escher mostrando uma cena aparentemente real mas de existência impossível no universo que habitamos.
As livrarias são sítios onde por vezes surgem escadas singulares, como por exemplo na livraria Lello no Porto, de que me dispenso neste caso de mostrar mais algumas imagens dela.
Depois de uma observação cuidadosa convenci-me que as escadas correspondiam a uma construção possível, coloquei a imagem no Google Images e cheguei a esta revista indiana “Arquitectur Digest“ que já citei aqui com um artigo datado de Agosto de 2019 sobre uma livraria extraordinária chamada Chongqing Zhongshuge (钟书阁) traduzível por “Livraria de Estantes de Chongqing” onde tirei esta imagem
que confirma a natureza real das escadarias.
Chongqing é um dos 4 “Municípios da República Popular da China”, directamente dependentes do poder central, os outros 3 são Xangai, Beijing e Tianjin, este último sendo a área portuária adjacente a Beijing.
Trata-se dum sítio historicamente importante, na confluência do rio Jialing com o rio YangTzé, cerca de 450km (em linha recta) a montante da grande Barragem das Três Gargantas.
É claro que esta disposição de escadas, projectada por X+Living um estúdio de Xangai, se inspira provavelmente nas cisternas a céu aberto existentes em várias partes da Índia como por exemplo no Rajastan onde existe este Chand Baori construído na aldeia de Abhaneri por ordem do Rajá Chanda no século IX, referido neste artigo do Lonely Planet
Outra parte do Chand Baori que mostro a seguir foi uma construção muito posterior, no tempo dos imperadores mogóis, por volta do século XVIII
By Tapesh Purohit - Own work, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=82183176
Mas a X+Living introduziu na livraria espelhos, por exemplo no tecto
criando um ambiente que lembra a “Relatividade"(1953-07) de Escher
e também a ilusão de um pé direito muito alto quando se olha para o tecto desta sala
imagem que me surpreendeu também por não ver no chão onde estará a máquina que tirou esta fotografia.
Existem várias livrarias duma mesma cadeia de lojas na China com formas semelhantes ou idênticas a esta, quando acabar o Covid talvez as vá visitar.
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