2021-04-27

O falhanço das vacinas na Europa! Qual falhanço?

 

O jornal Expresso online de 26/Abril/2021 tem um artigo com este  título:

Como evitar uma nova crise de produção de vacinas? O falhanço da Europa e sete ideias para a próxima crise de saúde pública

Desde Janeiro/2021 que tenho lido tantas notícias sobre atrasos na entrega de vacinas contra COVID-19 que pensei que o plano inicial em que existiria:
- Fase 1: pessoas com mais de 80 anos, pessoas com mais de 50 com doenças graves, trabalhadores de saúde e outros prioritários, a concluir até fim de Março;
- Fase 2: não abrangidos na fase 1 com mais de 65 anos e com mais de 50 com outras doenças, começando em Abril e acabando no Verão/2021;
- Fase 3: maiores de 18 anos, começando depois da fase 2 e esperando conclusão em 2021;
teria certamente grandes atrasos.

Com tantas notícias comunicando falhas sucessivas de entrega de vacinas durante o primeiro trimestre de 2021 comecei a pensar que Abril seria uma quimera para ser vacinado, que se corresse tudo muito bem seria vacinado lá para finais de Maio ou princípios de Junho. O mais provável seria ir para o Algarve no final de Junho para a estadia com netos e regressar a Lisboa em Julho ou Agosto por um dia, de propósito para finalmente receber a primeira dose. Ao dizerem que a fase 2 terminava no Verão, sem mais qualificativos, pensei tratar-se de um eufemismo para designar o último dia do mês de Setembro.

Ao longo dos últimos tempos tem crescido a minha incomodidade sobre o alegado falhanço da Europa na obtenção das vacinas contra a COVID-19 ao mesmo tempo que se constata que o número de vacinados tem vindo a aumentar de forma constante sem sobressaltos.

Foi assim com enorme surpresa e satisfação que ouvi o Vice-almirante Gouveia e Melo dizer num telejornal da RTP, já no mês de Abril, antes do dia 11/Abril, que nesse dia daria por concluída a Fase 1 e que iria passar à Fase 2, contando dar a 1ª dose da vacina a todos os maiores de 70 anos até ao fim de Abril e todos os maiores de 60 anos antes do fim de Maio! Disse também que na fase 2 existiria a possibilidade de se auto-agendar. No dia 24/Abril o auto-agendamento começou a funcionar e estou agendado para o dia 29/Abril.

Afinal, com este barulho todo sobre os problemas com o fornecimento de vacinas acaba por se estar a cumprir o plano de vacinação conforme previsto, por exemplo no dia 31/Dez/2020 quando no jornal Expresso, juntamente com a foto do Dr.António Sarmento, primeiro vacinado em Portugal no dia 27/Dez,


se dizia no corpo do artigo

«...
Os cientistas estimam que só depois de terminar a primeira fase da vacinação em Portugal, em abril, é que começará a ser visível o seu impacto na redução dos internamentos em cuidados intensivos e nos óbitos.”
...
“Esse impacto será visível de forma mais clara no final da segunda fase, depois de termos as pessoas com mais de 65 anos vacinadas. Nessa altura estará protegida a população que é maioritariamente afetada pela doença. Teremos então cerca de um terço dos portugueses vacinado, a que acresce pelo menos 10% a 15% de pessoas que sabemos que até hoje já teve contacto com o vírus.”
Tiago Correia, investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, aponta no mesmo sentido. “Se o plano de vacinação for cumprido, algures entre abril e maio deveremos sentir uma redução sistemática e permanente dos internamentos e dos óbitos por covid.”
»

Acho também curioso que a certa altura se falasse no número enorme de infecções não sintomáticas que estavam a  passar despercebidas dado que sempre se fizeram um número alegadamente insuficiente de testes. Agora que o número de infectados assintomáticos poderia contribuir para uma maior percentagem de pessoas protegidas e em que os actuais acumulados 830 000 correspondem a cerca de 8% da população, a estimativa dos casos não detectados reduz-se para menos do que os detectados.

Finalmente é constante a comparação da Europa, uma união não federal de estados soberanos, contando 450 milhões de habitantes com o sucesso na vacinação de Israel, do UK (Reino Unido) e dos E.U.A.

Israel fez um contrato com a BioNTech-Pfizer a quem irá ceder dados de todas as pessoas vacinadas durante algum tempo, constituindo assim um teste com cerca de 5 milhões de participantes. É uma hipótese que contraria provavelmente leis europeias de protecção de dados pessoais e talvez a Pfizer não estivesse interessada numa amostra de 450 milhões em vez de 5.

Os E.U.A. interditaram a exportação de vacinas fabricadas no país. É uma via difícil de seguir na União Europeia (se bem que possível) cuja existência se baseia na livre circulação de mercadorias, capitais e pessoas.

Finalmente têm-me irritado particularmente os elogios que tenho ouvido ao sucesso do programa de vacinação no UK em comparação com o da UE, mostrando as vantagens do BREXIT e omitindo a gestão calamitosa da pandemia quando o UK já saíra da UE.

Na realidade o sucesso da vacinação no UK deve-se ao embargo oficioso da exportação da produção da AstraZeneca no UK para fora do país enquanto a UE exportou algumas vacinas AstraZeneca produzidas na UE para o UK.

Parece-me ridícula a alegação que o contrato UE-AstraZeneca estava mal feito, ignorando a quase certa existência de pressões inultrapassáveis do governo do UK sobre a AstraZeneca, naturalmente desmentidas de forma categórica pelo governo do UK. A UE não processara a AstraZeneca até agora pois teria alguma esperança de ainda receber vacinas em quantidade decente. Possivelmente está a reorientar as compras para companhias mais cumpridoras dos contratos que assinam, passando assim à fase de litigância que terá apenas efeito no futuro, por exemplo limitando a celebração de contratos da UE sobre produtos estratégicos com companhias sedeadas no UK.

Os contratos não serão papéis que se rasgam, como me parece que dizia o Hitler, mas a Google tinha um contrato com a Huawei que teve que denunciar na sequência de ordem executiva do POTUS (President Of The US) Trump. Nesse caso a ordem foi explícita e pública.





1 comentário:

JOSE PINTO disse...

Concordo com a opinião, em particular, a que repeita à análise que foi feita às políticas do Reino Unido e ao exagero que foi reportado pelos analistas e media ao sucesso da estratégia de vacinação no RU.