O jornal Expresso online de 26/Abril/2021 tem um artigo com este título:
“Como evitar uma nova crise de produção de vacinas? O falhanço da Europa e sete ideias para a próxima crise de saúde pública”
Desde Janeiro/2021 que tenho lido tantas notícias sobre atrasos na entrega de vacinas contra COVID-19 que pensei que o plano inicial em que existiria:
- Fase 1: pessoas com mais de 80 anos, pessoas com mais de 50 com doenças graves, trabalhadores de saúde e outros prioritários, a concluir até fim de Março;
- Fase 2: não abrangidos na fase 1 com mais de 65 anos e com mais de 50 com outras doenças, começando em Abril e acabando no Verão/2021;
- Fase 3: maiores de 18 anos, começando depois da fase 2 e esperando conclusão em 2021;
teria certamente grandes atrasos.
Com tantas notícias comunicando falhas sucessivas de entrega de vacinas durante o primeiro trimestre de 2021 comecei a pensar que Abril seria uma quimera para ser vacinado, que se corresse tudo muito bem seria vacinado lá para finais de Maio ou princípios de Junho. O mais provável seria ir para o Algarve no final de Junho para a estadia com netos e regressar a Lisboa em Julho ou Agosto por um dia, de propósito para finalmente receber a primeira dose. Ao dizerem que a fase 2 terminava no Verão, sem mais qualificativos, pensei tratar-se de um eufemismo para designar o último dia do mês de Setembro.
Ao longo dos últimos tempos tem crescido a minha incomodidade sobre o alegado falhanço da Europa na obtenção das vacinas contra a COVID-19 ao mesmo tempo que se constata que o número de vacinados tem vindo a aumentar de forma constante sem sobressaltos.
Foi assim com enorme surpresa e satisfação que ouvi o Vice-almirante Gouveia e Melo dizer num telejornal da RTP, já no mês de Abril, antes do dia 11/Abril, que nesse dia daria por concluída a Fase 1 e que iria passar à Fase 2, contando dar a 1ª dose da vacina a todos os maiores de 70 anos até ao fim de Abril e todos os maiores de 60 anos antes do fim de Maio! Disse também que na fase 2 existiria a possibilidade de se auto-agendar. No dia 24/Abril o auto-agendamento começou a funcionar e estou agendado para o dia 29/Abril.
Afinal, com este barulho todo sobre os problemas com o fornecimento de vacinas acaba por se estar a cumprir o plano de vacinação conforme previsto, por exemplo no dia 31/Dez/2020 quando no jornal Expresso, juntamente com a foto do Dr.António Sarmento, primeiro vacinado em Portugal no dia 27/Dez,
se dizia no corpo do artigo
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Os cientistas estimam que só depois de terminar a primeira fase da vacinação em Portugal, em abril, é que começará a ser visível o seu impacto na redução dos internamentos em cuidados intensivos e nos óbitos.”
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“Esse impacto será visível de forma mais clara no final da segunda fase, depois de termos as pessoas com mais de 65 anos vacinadas. Nessa altura estará protegida a população que é maioritariamente afetada pela doença. Teremos então cerca de um terço dos portugueses vacinado, a que acresce pelo menos 10% a 15% de pessoas que sabemos que até hoje já teve contacto com o vírus.”
Tiago Correia, investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, aponta no mesmo sentido. “Se o plano de vacinação for cumprido, algures entre abril e maio deveremos sentir uma redução sistemática e permanente dos internamentos e dos óbitos por covid.”
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Acho também curioso que a certa altura se falasse no número enorme de infecções não sintomáticas que estavam a passar despercebidas dado que sempre se fizeram um número alegadamente insuficiente de testes. Agora que o número de infectados assintomáticos poderia contribuir para uma maior percentagem de pessoas protegidas e em que os actuais acumulados 830 000 correspondem a cerca de 8% da população, a estimativa dos casos não detectados reduz-se para menos do que os detectados.
Finalmente é constante a comparação da Europa, uma união não federal de estados soberanos, contando 450 milhões de habitantes com o sucesso na vacinação de Israel, do UK (Reino Unido) e dos E.U.A.
Israel fez um contrato com a BioNTech-Pfizer a quem irá ceder dados de todas as pessoas vacinadas durante algum tempo, constituindo assim um teste com cerca de 5 milhões de participantes. É uma hipótese que contraria provavelmente leis europeias de protecção de dados pessoais e talvez a Pfizer não estivesse interessada numa amostra de 450 milhões em vez de 5.
Os E.U.A. interditaram a exportação de vacinas fabricadas no país. É uma via difícil de seguir na União Europeia (se bem que possível) cuja existência se baseia na livre circulação de mercadorias, capitais e pessoas.
Finalmente têm-me irritado particularmente os elogios que tenho ouvido ao sucesso do programa de vacinação no UK em comparação com o da UE, mostrando as vantagens do BREXIT e omitindo a gestão calamitosa da pandemia quando o UK já saíra da UE.
Na realidade o sucesso da vacinação no UK deve-se ao embargo oficioso da exportação da produção da AstraZeneca no UK para fora do país enquanto a UE exportou algumas vacinas AstraZeneca produzidas na UE para o UK.
Parece-me ridícula a alegação que o contrato UE-AstraZeneca estava mal feito, ignorando a quase certa existência de pressões inultrapassáveis do governo do UK sobre a AstraZeneca, naturalmente desmentidas de forma categórica pelo governo do UK. A UE não processara a AstraZeneca até agora pois teria alguma esperança de ainda receber vacinas em quantidade decente. Possivelmente está a reorientar as compras para companhias mais cumpridoras dos contratos que assinam, passando assim à fase de litigância que terá apenas efeito no futuro, por exemplo limitando a celebração de contratos da UE sobre produtos estratégicos com companhias sedeadas no UK.
Os contratos não serão papéis que se rasgam, como me parece que dizia o Hitler, mas a Google tinha um contrato com a Huawei que teve que denunciar na sequência de ordem executiva do POTUS (President Of The US) Trump. Nesse caso a ordem foi explícita e pública.
1 comentário:
Concordo com a opinião, em particular, a que repeita à análise que foi feita às políticas do Reino Unido e ao exagero que foi reportado pelos analistas e media ao sucesso da estratégia de vacinação no RU.
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