2021-03-16

Templo Balaji em Bilakalagudur, Andra Pradesh, Índia


Registei-me no sítio da revista The Architectural Review e vou recebendo emails com informação sobre o que vão publicando.

Recentemente fui agradavelmente surpreendido por esta foto duma obra projectada por Sameep Padora + Associates

   (15°40'34.38"N  78°26'17.33"E)

que vinha acompanhada por este texto:
“ O templo Balaji está quase noutro mundo em relação aos tipos históricos de templos indianos na forma como instala  os seus elementos, como os fixa no sítio, como dissolve as fronteiras entre os espaços sociais e os sagrados e como generosamente acolhe os visitantes”.

Talvez numa manhã fresca


 

e quando já vai alto o sol


À procura do significado de “Balaji”  fui dar à entrada “Venkateswara” da Wikipédia onde consta:
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Lord Venkateshwara (Sanskrit: वेङ्कटेश्वर, IAST: Vēṅkatachala, Telugu: వేంకటేశ్వర స్వామి, Tamil: வெங்கடேஷ்வரா), also known as Śrīnivāsa, Bālājī, Vēṅkateswara, Venkata Ramana, Yedukondalavasa, Aapadamokkulavadu, Thirupathy Timmappa, Ezhumalaiyaan, Malaiyappa swamy and Govindha,[1] is a form of the Hindu god Maha Vishnu.
»

Trata-se portanto de um templo dedicado a Vixnu, um dos 3 deuses principais do hinduísmo, sendo Brama o criador, Vixnu o que conserva e Siva o que destrói, se bem que este último também seja considerado um criador pois por vezes a criação pressupõe alguma destruição.

A primeira impressão que tive foi de grande tranquilidade, provavelmente favorecida pela planície verdejante, pela superfície da água em espelho e pela revisita da silhueta de uma torre (sikhara) desta vez com uma forma geométrica simples sem qualquer decoração, ao contrário do que é habitual nos templos hindus, uma espécie de abstracção da essência de um templo.

Recordo aqui uma animação sobre templos hindus do arquitecto Adam Hardy que fez este filme objecto dum post antigo deste blogue que volto a mostrar aqui para facilitar consulta





Na procura que fiz deste templo cheguei a e este sítio da ARCHEYES com esta ficha técnica

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    Architects: Sameep Padora & Associates
    Location: Nandyal, Andhra Pradesh, India
    Design Team: Sanjana Purohit, Vami Sheth, Aparna Dhareshwar, Kunal Sharma
    Client: Anushree Jindal, JSW Cement
    Topics: Limestone, Temples
    Area: 2.5 Acres
    Project Year: 2020
    Photographs: © Edmund Sumner
»

com fotografias de que mostro algumas mais à frente neste post, e um texto dos arquitectos muito interessante.

Dele retirei este troço:
«...
This building, too, repeats or emulates certain tropes of the Hindu temple so that it is recognizable as a temple. Yet, it doesn’t replicate those tropes but instead breaks them down to constituent parts to then again reconstruct it.

 One looks at the relationship of the temple and the Kund (stepped water tank), as a contradictory yet complementary one of binary opposites. It is a relationship between a solid and a void between reaching out to the sky and going deep into the ground about accretion and excavation.

This relationship, which is so apparent, often is unnoticed. Here, by employing the same architectural device (steps or corbels), one makes this explicit and yet delightfully abstract. Suddenly, it becomes evident that the Kund (stepped water tank) is the inverted negative of the shikhara (spire), and it leads one to reread this whole debate between the two, even in the temples of the past.
...
»

que me fez reparar que num templo indiano o elemento “torre/montanha” que tenta chegar ao céu e os “degraus (ghat)” que levam ao habitual lago do templo são o “negativo” um do outro.




Na “Architecture Digest” tem outro artigo interessante sobre este templo e é possível que a simplicidade do templo se deva também a servir pequenas povoações vizinhas cujos habitantes se dedicam à agricultura e provavelmente também a trabalhos na fábrica de cimento JSW Cement que financiou esta obra promovida por Anushree Jindal.

Finalizo com uma imagem tirada de um ângulo parecido mas noutra luz, talvez também de manhã, disponível no Google



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