A luta contra a falta de espaço em casa é como a Reforma do Estado, é um erro considerar que essa luta está concluída, existem apenas acções sucessivas que umas vezes melhoram, outras vezes pioram a situação.
Existem coisas que embora tenham perdido a sua utilidade representam um aspecto importante da vida e é mais difícil desfazermo-nos delas. Foi certamente o caso do meu primeiro gravador, um Grundig TK140 que comprei no ano de 1967, um modelo de gama baixa, que ia comigo nas férias grandes e com o qual gravei muitas músicas do programa “Em Òrbita” do Rádio Clube Português além de discos de vinil emprestados por amigos.
Fui ao site do Instituto Nacional de Estatística à procura do IPC, Índice de Preços do Consumidor (do Continente excluindo habitação) e constatei que o gravador que em 1967 me custou 3400$00 me custaria agora a quantia equivalente de cerca de 1100 €! Constato assim com facilidade que nem os meus filhos nem os meus netos vão ter mais dificuldades do que eu tive a adquirir um equipamento funcionalmente equivalente que agora, sempre passaram 50 anos, custará umas 20 vezes menos.
Achei curioso que o INE faculte um ficheiro .pdf atestando esta conversão, é um serviço simpático concebido certamente para conversões de valores mais elevados e que mostro a seguir
O cálculo do IPC inclui muitas considerações que poderão não ser aplicáveis a cada um dos valores de objectos cujo custo se pretende actualizar mas dá uma boa primeira estimativa.
Os LPs (de Long Play) discos de vinil com entre 30 e 50 minutos de música, actualmente existindo muitos sob a forma de CD, custavam então 180$00 o que convertido dá cerca de 60€ actuais, valor estratosférico quando comparado com um CD.
Na área dos computadores, dos aparelhos audio e de video, das máquinas fotográficas e em tantos outros tipos de equipamentos é cada vez mais frequente que um aparelho chegue ao fim da sua vida útil não porque se tenha avariado e seja incapaz de cumprir a sua função mas porque apareceu uma nova geração de aparelhos de muito melhor qualidade que os torna obsoletos.
No caso deste gravador ele ficou obsoleto quando adquiri passados 6 anos um conjunto de alta fidelidade com gira-discos, amplificador/rádio e duas colunas. A diferença de qualidade era tão grande que o gravador ficou arrumado a um canto sem ser usado e só não o deitei fora porque ainda podia funcionar e, dada a sua forma paralelipipédica, se arrumava bem a um canto.
Ultimamente descobri que me desfaço com maior facilidade das coisas quando guardo uma(s) foto(s) das mesmas, uma foto num disco duro quase não ocupa espaço.
Também fotografei as notas de uma alteração que fiz dentro do gravador para poder tocar fitas gravadas em estéreo noutros aparelhos:
Depois não resisti a gravar um filminho de 15 s onde se constata que ainda conseguia tocar uma bobine gravada há quase 50 anos!
Guardei também o caderninho
onde registava o conteúdo de cada bobine, eram as Playlists da época, de que mostro aqui um exemplo:
E depois disto tudo fui colocar o aparelho, bobines e notas no ecoponto.
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