“O Iluminismo Agora” é o título de um livro de Steven Pinker, publicado pela Editorial Presença em Nov/2018 e que só agora acabei de ler, na versão em português com 491 páginas.
Trata-se de mais um livro que confirma a minha observação dos enormes progressos que ocorreram nos meus últimos 60 anos, ao mesmo tempo que lia em tantos jornais e revistas e programas de TV que a maior parte de tudo o que se passava no país, na Europa e no planeta ia de mal a pior.
O autor faz uma defesa apaixonada do Iluminismo enumerando os incontáveis benefícios que o uso da razão, do método científico e da democracia têm trazido á humanidade nos últimos 2 séculos.
Fui lendo o livro com muito agrado sobre a possibilidade do progresso, as melhorias da qualidade de vida, da saúde, da subsistência, da riqueza. Já quanto à desigualdade, após uma análise da sua natureza acaba por concluir que “o mundo se tornou mais desigual em certos sentidos, mas são mais os sentidos em que a população mundial viu a sua situação melhorar.
Cheguei depois ao capítulo 10 sobre o Meio Ambiente. Aqui o autor refere correctamente que oa países mais pobres tendem a ser os mais poluídos e que o desenvolvimento tem tornado possível um ambiente mais saudável e que temos de dedicar esforço para ir resolvendo os problemas que vão aparecendo pois, não sendo insolúveis, requerem acções correctivas.
Faz a crítica clássica e errada ao livro dos anos 1970 “Os Limites do Crescimento” alegando que as previsões de esgotamento de recursos materiais não se chegaram a verificar. Na realidade esse livro dizia que os ritmos de crescimento do consumo de alguns recursos levariam ao seu esgotamento SE fossem mantidos inalterados e que o livro tinha sido escrito para chamar a atenção da necessidade de mudar esses ritmos de crescimento. Que foram efectivamente mudados quer por aumento do preço desses produtos no Mercado quer porque alguns empreendedores desenvolveram esforços para substituir esses produtos estando informados, eventualmente por esse livro, que havia ali uma oportunidade de negócio.
Depois reconhece a existência de alterações climáticas de origem antropogénica mas, além de aconselhar o aumento do uso de energias renováveis comete o que considero um erro monumental ao aconselhar a expansão da produção de energia eléctrica através da construção de novas centrais nucleares.
Sobre as centrais nucleares escrevi neste blogue os posts:
- 2011-03-16 A Central Nuclear em Portugal: pouco depois do acidente na central de Fukushima no Japão;
- 2012-01-15 Energia e Política: a propósito de uma entrevista de António Costa Silva ao jornal Público sobre energia e política;
2014-10-06 Energia Nuclear outra vez: a propósito das ambições do Irão a ter uma central nuclear e dos subsídios que o Reino Unido vai dar a uma central nuclear que planeiam construir;
2018-06-28 Rendas Excessivas?
A propósito da audição do Engº Pedro Sampaio Nunes na CPI (Comissssão Parlamentar de Inquérito) da AR sobre as rendas excessivas recordo a proposta feita por Patrick Monteiro de Barros em 2006 de instalar em Portugal uma central nuclear igual à da Finlândia, cuja construção estava então prevista de 2003 a 2009, que em 2018 ainda por acabar tinha entrada prevista para 2019, entrada essa que em Dez/2019 foi adiada mais uma vez, para Março/2021!
Depois da constatação duma divergência de opiniões tão grande como a que me afasta de Steven Pinker no tema da adequação técnico-económica das centrais nucleares para a produção de energia eléctrica pousei o livro durante alguns meses e quando retomei a leitura constatei que a fazia com um sentido crítico mais atento.
Apreciei os capítulos sobre a Paz, a Segurança, o Terrorismo, a Democracia, a Igualdade de direitos, e o Conhecimento. Nos capítulos sobre a Qualidade de vida e a Felicidade notei que o autor usa excessivamente estatísticas simples na sua argumentação, que neste caso são ainda pouco fiáveis ou mesmo desadequadas. Pareceram-me equilibrados os capítulos sobre as Ameaças existenciais e o Futuro do progresso.
Na Parte 3 do livro sobre Razão, Ciência e Humanismo considerei que na sua defesa destes 3 aspectos da vida humana escusava de fazer tantos ataques às religiões.
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