2019-06-28

Tipuana tipu iluminada sobre fundo de ameixoeira-do-jardim variedade Pissardii


Próximo do topo da rua Cidade de Luanda nos Olivais Sul encontra-se uma árvore tipuana tipu junto a uma ameixoeira-do-jardim variedade Pissardii, aquela com folhas "compostas, verde-amareladas, cerca de 4 cm, com 11 a 21 pares de folíolos ovais com margens inteiras"(citando Guia Ilustrado de Vinte e Cinco Árvores de Lisboa da C.M.L.), esta com folhas de tom vermelho escuro e descrita neste sítio de Serralves.

De manhã, as folhas iluminadas pelo sol relativamente matinal (eram 10:56...) da tipuana tipu faziam um contraste interessante sobre as folhas escuras da ameixoeira-do-jardim variedade Pissardii conforme se constata na imagem seguinte



e com mais pormenor neste zoom:


No sítio de Serralves que referi acima diz que esta variedade Pissardii de ameixoeira-dos-jardins é dedicada a Pissard, jardineiro da Pérsia, que a introduziu em França. As voltas que as plantas dão, esperemos que a Pérsia não seja obliterada.




2019-06-20

Mahatma Gandi


Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948) foi um indiano notável que deu uma contribuição importante para a autodeterminação da parte indiana do império britânico

Em Janeiro de 2019 o jornal Expresso editou em 5 pequenos volumes uma autobiografia de Gandi intitulada “A minha vida e as minhas experiências com a verdade”. A obra foi escrita por Gandi na língua guzerate enquanto estava na prisão na Índia, nos anos de 1927 a 1929, portanto com quase 60 anos, cobrindo a sua vida desde a infância até 1921. A obra foi publicada em textos semanais em guzerate e posteriormente também em inglês em jornais indianos.

A Wikipédia tem uma entrada sobre o livro, como habitualmente telegráfica em português e bastante completa em inglês.

A figura de Gandi goza da  minha simpatia, ainda mais depois de ver a personagem interpretada por Ben Kingsley no premiado filme “Gandhi” de Richard Attenborough estreado no ano de 1982 e que revejo às vezes no DVD.

Gostei de ler o conjunto dos 5 volumes mas, dada a existência de descrições organizadas da obra, limitar-me-ei a comentar alguns assuntos avulsos ou alguns pormenores que me chamaram mais a atenção.

Parte I (Livro 1)

1) Não comer carne

Em tempos, ao falar com um colega indiano sobre o tabu de não comer carne de vaca ele explicou-me que, face às condições climáticas da Índia e à sua densidade populacional, as vacas (e os bois) eram um capital muito importante para a agricultura, quer para lavrar os campos, quer como fonte de produtos lácteos ou ainda para fornecer excrementos a usar como adubo ou como combustível. Provavelmente, dizia esse meu colega, o conselho para conservar as vacas evoluiu para uma proibição de matar e mais tarde para um tabu religioso.

Agora googlei (importance of cow taboo in indian agriculture) e apareceu-me logo este artigo da biblioteca da Universidade de Gotemburgo na Suécia “India’s sacred cow”, de Marvin Harris de Fev/1978, com a mesma tese.

Há bastante tempo que se fala do maior consumo de energia associado ao consumo de carne de uma maneira geral e da carne de vaca em especial. Ultimamente a carne dita vermelha tem sido objecto de avisos para suprimir ou no mínimo moderar o seu consumo, por razões de saúde.

Já tenho referido a minha simpatia por um consumo muito moderado de carne mas tenho achado pouco prático uma supressão completa. O consumo de carne é comum entre os animais carnívoros e omnívoros e provavelmente o nosso organismo estará adaptado ao seu consumo.

Reconheço que provavelmente reconsideraria estes meus hábitos se tivesse que matar eu próprio o animal mas essa necessidade ainda não se colocou.

Resumindo, o consumo de carne é para mim uma questão de saúde, de sustentabilidade do planeta, de economia e de existência de pessoas disponíveis para matar animais ou, num futuro próximo, de carne feita em laboratório, sem recurso a animais vivos.

Achei assim curioso que o Gandi, quando foi para Inglaterra, tenha jurado à mãe que nunca se alimentaria com carne. Mas, pensando bem, tratando-se de uma interdição religiosa, acaba por ser natural esse tipo de juramentos.

Para ilustrar algumas formas mais modernas de preparar o Cozido à Portuguesa deixo aqui esta imagem que me dizem ter sido do restaurante Tavares Rico que já mostrara aqui.



Ainda tem carne mas já muito menos do que era costume

2) Usos e costumes sociais

Além dos problemas relacionados com a sua alimentação vegetariana, completamente atípica  na Inglaterra dos anos 90 do século XIX e mesmo sabendo que o conhecimento de outras culturas distantes está hoje muito mais acessível à população em geral, não deixei de me admirar com o grau de ignorância do jovem Gandi sobre os usos e costumes quer da vida a bordo quer da vida quotidiana na Inglaterra.

Uma parte engraçada que conta no livro foi ter desembarcado em Inglaterra vestido com um fato de flanela branca no início do Outono (o barco saíra de Bombaim em 4/Setembro), sendo a única pessoa de Londres vestindo um fato branco nesse dia, todos os outros estando com fatos escuros, situação que Gandi recorda no livro, como lhe tendo causado grande desconforto. Faço a conjectura que o facto de os ingleses na Índia terem maior tendência para usarem cores claras terá levado o Gandi a pensar que as cores claras seriam mais apropriadas para usar em Inglaterra, se bem que durante a viagem no barco tenha vestido um fato escuro.

Se calhar foi também este trauma que o levou a vestir traje indiano de camponês quando passadas várias décadas revisitou Londres para então negociar transição da Índia para a independência.

Os códigos de vestir continuam presentes nos tempos que correm, continuando a depender do espaço e do tempo. Por exemplo os jeans, que anteriormente eram explicitamnete proibidos em muitos estabelecimentos de ensino há algumas décadas, são agora não só tolerados como mesmo “obrigatórios” se bem que “de facto” e não “de  jure”. Jovens têm-me dito que quem apareça com calças de flanela será objecto de observações que o levarão a prescindir de aparecer em público com esse tipo de roupa.

Pode ser que este post acabe por ser o único sobre o livro do Gandi, escrever sobre uma figura tão notável acaba por ser uma tarefa delicada.

2019-06-17

Masculino - Feminino


Este tema é inesgotável e neste post restringir-me-ei às distinções visuais entre elementos de sexo diferente. O tema foi suscitado por este “Alto-relevo” (High relief)


localizado na Avenida da República quando esta passa pelo Campo Pequeno e que mostro a seguir com mais detalhe


Embora a figura, possivelmente dos anos 50 do século XX, apresente um comprimento de cabelo que a permitiria identificar imediatamente como uma mulher (os hippies só apareceriam mais tarde) além de peito feminino, os traços da cara parecem-me muito masculinos. Já para não falar dos pés e braços que me parecem também excessivamente robustos.

Há muitos anos, talvez na altura em que existiam nas praias concursos de “Construções na Areia”, quando eu tentava esculpir uma cara feminina costumava sair-me uma feição tipicamente masculina. O mesmo me acontecia com o desenho e de vez em quando penso que os professores de Desenho do liceu deveriam ensinar essas noções básicas e classificar a aprendizagem dos alunos em vez de classificar o talento respectivo, como eu então achava.

Claro que a identificação do sexo de uma pessoa através da sua cabeça não é uma ciência exacta, nem sei qual a probabilidade típica de se acertar. No Ocidente o corte de cabelo é uma ajuda importante, como julgo ser o caso na imagem seguinte que já mostrara aqui



enquanto nos países em que a mulher usa véu o assunto fica quase logo resolvido, como neste quadro da palestiniana Laila Shawa que mostrei aqui




Na imagem seguinte, de autoria da Malika Favre que mostrei aqui



as unhas pintadas e os lábios com baton, ou mesmo o rímel a acentuar as pestanas são decisivos enquanto na seguinte, da mesma autora e do mesmo post


julgo que será a pestana e o que me parece ser uma banda a segurar o cabelo. Fascinam-me as figuras pintadas com cores sólidas pois podiam ter sido feitas com guache, a tinta que estava para nós disponível nas aulas do ensino secundário. Mas enfim, isto são obras de artistas profissionais enquando nós estávamos a aprender o b-a-ba.


Googlei então (diferenças nos rostos masculinos e femininos) chegando a este post do blog “Algo sobre desenho” de onde tirei esta imagem




que é muito didática, seguindo-se um texto referindo 4 diferenças usadas na Banda Desenhada norte-americana.


Na imagem seguinte, que julgo ser da New Yorker, as 4 regras atrás referidas não são todas aplicadas


pois o homem parece ter lábios mais grossos do que a mulher. Portanto, as 4 regras serão apenas indicativas e não imperativas, pelo menos quando não se tratam de figuras da BD norte-americana.



2019-06-12

O BREXIT e a Corrida ao Poder


Enviaram-me num e-mail esta representação eloquente do andamento do BREXIT através deste novo modelo automóvel inglês, o "Vauxhall BREXIT" imaginado por Kevin Bazeley .


A legenda diz que "O Vauxhall Brexit parece que se dirige num caminho mas, quando se move segue por outro e afinal não faz ideia para onde vai".


A corrida actual à liderança do partido conservador com tantos candidatos fez-me lembrar episódios passados na empresa em que trabalhei, sobre liderança de projectos de sistemas de controlo adjudicados a fornecedores exteriores: o  responsável pela gestão do projecto Brexit (nesta analogia a Theresa May) tentou chegar a um acordo com a outra parte (neste caso a União Europeia) sobre como ultrapassar as dificuldades encontradas na negociação de algo nunca antes realizado (uma saída da UE).

Nessa analogia, outros elementos da minha empresa criticavam o líder dizendo que ele contemporizava demais com o fornecedor e que eles teriam obtido melhores condições, tal e qual como fizeram os deputados do parlamento do Reino Unido, quer dos Conservadores quer das Oposições. Porém, noutros projectos eles também tinham contemporizado por também terem considerado que isso era melhor do que resolver o assunto em tribunal.

Estamos na fase dos treinadores de bancada, veremos como se comporta o que conquistar a liderança.

2019-06-06

Sol Lewitt no Espaço Espelho d'Água


No mês de Abril/2019 fui a uma festa no Espaço Espelho d'Água e deparei-me com esta parede ao fundo, que fotografei, tendo posteriormente desfocado as mesas com convivas.


Com alguma surpresa vi numa tabuteta ao lado que a obra era de Sol Lewitt, de 1990, conforme se verifica na imagem seguinte


Presumo que esta obra seria intitulada "Planificação de pirâmide polícroma sobre parede dourada".

Continuo com alguma dificuldade em admirar a arte contemporânea, existem muitas obras a que sou indiferente. Esta achei visualmente agradável, se bem que não me tenha entusiasmado.



Noutro dia li o livro "O Valor da Arte" de José Carlos Pereira, publicado na colecção "Ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos", na esperança:
- de apreciar melhora a natureza da arte contemporânea;
- de compreender a razão dos valores estratosféricos que atingem algumas obras de arte, independentemente de serem ou não contemporâneas.

Embora o livro contenha considerações muito sensatas, progredi pouco nestas duas esperanças com que iniciei a sua leitura.


2019-06-04

Rectas sobre Tons de Azul ou Revisitando o Céu





Hesitei no título a dar a esta imagem abstracta, como primeira tentativa pareceu-me que "Rectas sobre Tons de Azul " seria muito adequado.

Talvez Sol Lewitt aprovasse esta descrição que, dada a simplicidade da composição, me parece até mais exacta do que as descrições usadas  por esse famoso artista, por exemplo aqui.

No fundo ou  fundo, faz lembrar este "Céu Azul" e também esta "Primavera com Azul" de há um ano.

Os tons de azul fazem pensar no céu de Lisboa na Primavera e no Azul Monocromático

Mas a imagem não será tão abstracta como parece à primeira vista.


Há muitos anos a iluminação eléctrica das cidades e a electrificação dos edifícios levou ao surgimento de um emaranhado de fios de transporte de energia eléctrica que perturbavam a paisagem urbana. Há muito tempo que esses fios migraram para caminhos subterrâneos e para caminhos adequados dentro dos edifícios.

Portanto, esta abundância de fios que se vê em certas zonas de algumas cidades deve-se provavelmente a fibras ópticas transportando informação da internet, para as quais ainda não foi possível organizar melhor o seu percurso.

Completo as duas fotos anteriores com esta


tirada na mesma rua ou numa muito próxima, com o título mais completo "Céu de S.Petersburgo em dia de sol no acesso da Avenida Nevsky à Igreja Luterana de S.Pedro e S.Paulo".

2019-06-01

São Petersburgo (2)


Em Maio/2008 fiz um post com umas imagens que eu recolhera em 1994 em São Petersburgo, 3 anos apenas após a extinção da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Na segunda metade de Maio/2019 revisitei São Petersburgo e visitei Moscovo, inserido num grupo excursionista, constatando que São Petersburgo está muito diferente do que era há 25 anos atrás.

Para um excursionista as maiores diferenças são a existência de outros turistas em número já apreciável, o aparecimento de montras de lojas nas ruas tornando-as mais animadas, e os jovens já falarem inglês e pouco se distinguirem dos jovens da Europa ocidental. As diferenças continuam acentuadas nas pessoas da terceira idade.

Começo por mostrar uma igreja ortodoxa que me pareceu paroquial, no sentido de servir o bairro em que se situa, não atraindo devotos de longas distâncias e que se localiza facilmente procurando no Google Maps por "Svyato-Isidorovslkaya Tserkov, Sankt-Peterburg, Russia"






Fiquei a pensar se estes topos de torre em forma de bolbo terão alguma vantagem funcional ou se serão apenas decorativos.

Não percebi tão pouco qual a divisão de espaço interior do edifício pois neste caso o que estava aberto na altura em que o visitámos (fora do programa da excursão) era uma sala pequena onde estariam umas vinte pessoas.

Fotografei depois esta instituição religiosa da imagem que segue, que fica em "Nikol'skaya Ploshchad', 1, Sankt-Peterburg, Russia, 190068", a menos de meio kilómetro a pé da anterior



Numa visita posterior, fora do programa, também constatei que o espaço usado pelos fiéis na altura da minha visita não tinha o pé-direito que se esperaria observando o edifício do exterior.

Como se vê estava um sol glorioso e um céu muito azul, o guia dizia que só havia sol em 75 dias por ano, tivemos portanto sorte. As cúpulas e agulhas douradas dos edifícios devem animar o pessoal quando o tempo está cinzento e ficam gloriosas quando lhes bate o sol.

No caso desta imagem dei-me ao trabalho de tirar os cabos que cruzavam o céu em muitas direcçoes, como se pode constatar na imagem seguinte que era a original. É uma terefa simples quando o fundo é um céu azul, mas os cabos "têm tendência" para passar também em frente do motivo principal da foto e nessa zona apagar os cabos é mais trabalhoso.


Para finalizar deixo uma foto dum barco potente a passear no canal adjacente aos edifícios da imagem anterior. Normalmente estas fotos com reflexos do sol na água não me saiem bem mas estas máquinas fotográficas modernas ajudam cada vez melhor os fotógrafos amadores.


A presença com alguma frequência de barcos caros como estes nos canais de S.Petersburgo é também um sinal de novos  tempos.