Na Inglaterra o céu não está sempre cinzento, um optimista diria que o tempo é mais instável que sempre mau, mas para mostrar umas plumas iluminadas tive que saltar para o jardim botânico de Montreal, onde além destas ervas, que me fizeram lembrar fogo de artifício preso, para comemorar eventos
estavam ainda estas plumas, também a brilhar sob a luz do sol
2009-10-29
2009-10-28
Plumas
Não sei se serão todas mas existem muitas plantas cujas plumas se renovam no Outono. Era o caso destas, ainda nos Kew Gardens.
2009-10-24
Kew Gardens no Outono, à volta do lago
Muitas vezes as minhas imagens não têm pessoas. Não sei se entretanto me reconciliei com a figura humana ou se é por um jardim ser uma paisagem ultra-humanizada, as figuras humanas ficam lá muito bem.
Seguem-se três fotos na margem de um lago dos Kew Gardens que ajudam a perceber porque é que a Grã-Bretanha, cujos habitantes fogem com frequência para os 4 cantos do mundo queixando-se amargamente do clima, ainda não é uma ilha deserta.
Seguem-se três fotos na margem de um lago dos Kew Gardens que ajudam a perceber porque é que a Grã-Bretanha, cujos habitantes fogem com frequência para os 4 cantos do mundo queixando-se amargamente do clima, ainda não é uma ilha deserta.
Tectos de beirais de telhados chineses - 2
Ontem andei a rever as fotografias que tirei nos Kew Gardens em Nov/2007 e hesitei entre publicar mais algumas fotos de lá ou concluir as imagens de beirais de telhados chineses. Acabei por optar pela conclusão dos beirais.
Aqui ao lado temos um canto do telhado da Cidade Proibida. O amarelo era a cor imperial e por isso só os edifícios imperiais podiam ter telhas dessa cor, como é o caso deste telhado.
Parece que também só nesses edifícios se podiam usar as figurinhas que se vêm na foto. Quando acabou o império foi possível estender o uso destas figurinhas a edifícios mais plebeus mas não consegui apurar se teriam alguma função além de decorativa.
A imagem seguinte mostra um duplo tecto de um dos pavilhões da Cidade Proibida. Foi em Agosto, estava um calor tremendo e uma neblina que afectava a nitidez do telhado mais alto!
Para finalizar "cropei" dois dragões de uma decoração numa trave. Daria um bom marcador de livros.
2009-10-22
Tectos de beirais de telhados chineses
Depois do realismo socialista voltamos à arte imperial chinesa, na decoração de fachadas e sobretudo dos tectos de beirais de telhados de edifícios notáveis da China.
Mais uma vez estou a partilhar com os meus leitores a minha ignorância sobre um tema bastante especializado, ainda por cima localizado numa terra longínqua, mas tirei umas fotos que me pareceram interessantes e uma vez que isto é um blogue, sinto uma responsabilidade editorial aligeirada.
Surpreendeu-me a clara preferência, nos palácios, templos e edifícios a eles subordinados, por construções com estrutura e paredes exteriores de madeira, com a quase ausência da utilização da pedra para esses fins.
Nos edifícios importantes era frequente um telhado duplo, coberto por telhas cilíndricas de cerâmica vidrada. Muitas vezes o exterior era lacado com um tom castanho avermelhado como se vê na figura à direita, num edifício que enquadrava o pátio quadrado onde se situava o Templo do Céu.
As decorações das traves de suporte do telhado tinham a exuberância patente na imagem.
Na imagem seguinte mostro outro tipo de decoração de beirais, que neste caso se prolongava no tecto do edifício, enquadrando também o Templo do Céu.
Para finalizar mostro os beirais do próprio Templo do Céu, já referido num post mais atrás :
2009-10-19
Mao-Tse-Tung, 70%-30%
Antes de entrarmos na Cidade Proibida e talvez como explicação para a presença da grande fotografia de Mao-Tse-Tung, sobre a porta que dá acesso da praça Tian-an-men ao antigo palácio dos imperadores das dinastias Ming e Qing, o guia chinês em Pequim da nossa excursão informou-nos que a posição (mais-ou-menos oficial) actual dos líderes chineses sobre essa figura histórica é que acertou em 70% do que fez e errou em 30%.
O próprio guia, com quem simpatizei quando disse que tinha trabalhado dois anos na agência Nova China mas que tinha mudado de emprego para guia turístico porque não gostava de ter de mentir, subscrevia esta avaliação 70-30.
Desde o abismo da guerra do ópio em 1840, a China passou por muitos mau bocados, conforme tentei resumir aqui e aqui, mas o que se passou até 1949, data da proclamação da República Popular da China, deve ter sido tão terrível, que boa parte da população chinesa ainda nutre admiração por Mao.
A foto sobre a porta acaba por ser o menos, quando comparada com o espaço ocupado pelo enorme mausoléu de Mao, também na praça Tian-an-men. Ao pé do mausoléu estava esta estátua do que se chamava “Realismo Socialista”, uma espécie de “doutrina” aplicada à arte, que surgiu como reacção (que se poderia dizer “reaccionária”) a movimentos artísticos modernos quando os bolcheviques tomaram o poder na Rússia.
A profusão de câmaras de video no poste do lado esquerdo faz inevitavelmente pensar no 1984 do George Orwell mas será por má vontade, pois existem cada vez mais câmaras de video instaladas em espaços públicos ocidentais.
Entretanto pareceu-me curioso adjectivarem com “Realismo” um movimento que faz representações tão idealizadas e românticas dos proletários, camponeses, soldados e a umas poucas camaradas do sexo feminino.
De facto constata-se que as duas ou três figuras femininas estão longe de preencher as quotas que seriam impostas nos tempos que correm, como representação mínima aceitável da contribuição que cerca de metade da população chinesa deu para a revolução. A forte compleição dos revolucionários também faz duvidar de tanta privação e exploração de que teriam supostamente sido vítimas.
Mesmo assim não resisto a apresentar ainda uma terceira vista da mesma estátua, sendo aqui mais visível o medalhão de Mao-Tse-Tung e um grande dinamismo e movimento nas figuras representadas que parecem mais activas do que as do Padrão dos Descobrimentos em Belém
e fazem-me lembrar também os cartazes do MRPP que enchiam as paredes de Lisboa nos tempos do PREC.
Não havia vento e o céu estava de chumbo já não se podendo dizer que “o horizonte é vermelho e o vento é de Leste”!
2009-10-14
Junto ao chão
Esta vista dum tabuleiro central de uma rua de Pequim lembrou-me a avenida principal de Olhão há várias dezenas de anos, por ser um sítio de algum convívio de pessoas, embora aqui estejam várias a dormir. A foto foi tirada por volta das duas da tarde pelo que se trataria de uma sesta. Na altura não reparei que alguns dos dorminhocos tinham tido o cuidado de tirar os sapatos.
Não sei se as avenidas novas em Lisboa tiveram as placas centrais alguma vez assim, quando não existiam tantos carros na cidade tenho uma vaga memória de terra batida. Talvez ao fim da tarde as pessoas usem mais este passeio, cuja limpeza é patente.
Julgo que foi no fim deste passeio que estava este homem da foto a seguir, que hesitei em enquadrar doutra forma
Não sei se existe alguma variação morfológica que torne mais confortável esta posição para os asiáticos. Em Portugal “estar de cócoras“ tem uma conotação normalmente negativa mas na Ásia vê-se muitas vezes as pessoas a conversar nesta posição, com um ar tranquilo de quem pode ficar assim sem problema durante horas a fio.
Não só ficam a descansar assim como também trabalham muitas vezes nesta posição. Por exemplo este trabalhadores de telecomunicações que estão a fazer a fusão de fibras ópticas em cima daquela caixa preta que parece uma bateria, num passeio da praça Tian-an-men, mais uma vez impecavelmente limpo.
Quando fizeram este trabalho, no passeio à frente da minha casa nos Olivais, as pessoas da PT tinham uma mesinha de trabalho e cadeiras desmontáveis para evitar trabalhar em cima do chão. A internet em todo o sítio implica também a extensão a todo o mundo das tecnologias de telecomunicações.
Na Índia, além do chão ser frequentemente o plano de trabalho, quer ao ar livre quer em oficinas, também se trabalha sentado na posição de lótus. Em 1993, enquanto as encomendas postais em Portugal tinham que ser embrulhadas em papel pardo, atadas com fio de sisal e eventualmente talvez lacradas, na Índia tinham que ser envoltas num tecido que tinha que ser cosido com linha, à mão.
Na Connaught Place, em Nova Deli este senhor que prestava esse serviço estava precisamente a preparar uma pequena encomenda para eu depois a poder enviar pelo correio para Bombaim. Foi o primeiro trabalho do dia pelo que além de observarmos o desenrolar do trabalho, nesta admiração tão típica dos Portugueses, tivemos ainda a oportunidade de o vermos acender uma velinha a um deus hindu, num mini-altar integrado no local de trabalho, e fazer uma breve oração.
Não sei se as avenidas novas em Lisboa tiveram as placas centrais alguma vez assim, quando não existiam tantos carros na cidade tenho uma vaga memória de terra batida. Talvez ao fim da tarde as pessoas usem mais este passeio, cuja limpeza é patente.
Julgo que foi no fim deste passeio que estava este homem da foto a seguir, que hesitei em enquadrar doutra forma
Não sei se existe alguma variação morfológica que torne mais confortável esta posição para os asiáticos. Em Portugal “estar de cócoras“ tem uma conotação normalmente negativa mas na Ásia vê-se muitas vezes as pessoas a conversar nesta posição, com um ar tranquilo de quem pode ficar assim sem problema durante horas a fio.
Não só ficam a descansar assim como também trabalham muitas vezes nesta posição. Por exemplo este trabalhadores de telecomunicações que estão a fazer a fusão de fibras ópticas em cima daquela caixa preta que parece uma bateria, num passeio da praça Tian-an-men, mais uma vez impecavelmente limpo.
Quando fizeram este trabalho, no passeio à frente da minha casa nos Olivais, as pessoas da PT tinham uma mesinha de trabalho e cadeiras desmontáveis para evitar trabalhar em cima do chão. A internet em todo o sítio implica também a extensão a todo o mundo das tecnologias de telecomunicações.
Na Índia, além do chão ser frequentemente o plano de trabalho, quer ao ar livre quer em oficinas, também se trabalha sentado na posição de lótus. Em 1993, enquanto as encomendas postais em Portugal tinham que ser embrulhadas em papel pardo, atadas com fio de sisal e eventualmente talvez lacradas, na Índia tinham que ser envoltas num tecido que tinha que ser cosido com linha, à mão.
Na Connaught Place, em Nova Deli este senhor que prestava esse serviço estava precisamente a preparar uma pequena encomenda para eu depois a poder enviar pelo correio para Bombaim. Foi o primeiro trabalho do dia pelo que além de observarmos o desenrolar do trabalho, nesta admiração tão típica dos Portugueses, tivemos ainda a oportunidade de o vermos acender uma velinha a um deus hindu, num mini-altar integrado no local de trabalho, e fazer uma breve oração.
2009-10-10
Ciprestes antigos
Achei o ambiente dentro da Cidade Proibida um bocado claustrofóbico. Havia pátios a que se seguiam outros pátios seguidos por mais pátios, ligados por corredores labirínticos onde era impossível ter uma ideia do conjunto.
Disse-me uma vez um chinês que vivia em Macau, que não existia na China nada de equivalente à nossa “obsessão” com o mar e com a vista (desafogada) para o mar. Para os chineses a terra era mais importante.
Os pavilhões que umas vezes limitavam os pátios, outras vezes pareciam servir para dar acesso a outros pátios, tinham uma construção rectangular uniforme, distinguindo-se mais pela decoração, quer exterior quer interior, embora esta nem sempre estivesse acessível às enormes multidões de turistas, quase exclusivamente chineses.
A certa altura encontrámos um pequeno jardim, com umas pedras de formas caprichosas, muito apreciadas pelos chineses mas que não me apetece mostrar e umas árvores com uns troncos cheios de nós e de texturas sinuosas que achei notáveis.
Teriam trezentos ou quatrocentos anos e mostraram-me que afinal algumas das pinturas chinesas de árvores eram realistas e não fantasiosas como eu pensava.
Tenho estado aqui a escrever porque o enquadramento da imagem à esquerda ficou muito delgado e era preciso preencher este espaço do lado direito com texto.
Na foto seguinte cortei no enquadramento a multidão de visitantes, deixando assim contemplar as árvores num ambiente tranquilo semelhante ao que existiria aqui quando a Cidade era Proibida e não andavam por este jardim muitos cortesãos.
2009-10-08
Flor chinesa? Origem tropical, Amaranthaceae
Nos produtos industriais, nas marcas, nos produtos agrícolas existe uma cada vez maior globalização, o que faz com que quando se viaja não se encontre tantas novidades como antigamente.
Como grande compensação em cada país existe agora uma muito maior variedade.
No fim desta viagem à China constatei que tinha poucas imagens dos jardins chineses, terei que lá voltar...
Entretanto deixo aqui um tapete florido
com um detalhe da planta que me chamou a atenção, com umas flores que pareciam constituídas por bainhas serpenteantes
da qual não sei o nome nem me lembro de a ter visto na Europa. Será nativa da China?
Mesmo estando tudo mais parecido ainda se encontram algumas diferenças.
E quando se sai da Europa usa-se mais vezes frases contendo "... na Europa...", enquanto quando se está dentro da Europa parece que só existem os países que a constituem.
Adenda: depois do comentário da Lídia Batista informando que se tratava de uma planta da família Amaranthaceae, foi fácil identificá-la como sendo uma Celosia cristata, sendo os nomes mais comuns em Português: Crista-de-Galo, Amaranto, Celósia, Suspiro. Sobre a origem geográfica existe algum consenso na net que teve uma origem tropical, mas há quem fale na Ásia, outros na África e também na América.
Como grande compensação em cada país existe agora uma muito maior variedade.
No fim desta viagem à China constatei que tinha poucas imagens dos jardins chineses, terei que lá voltar...
Entretanto deixo aqui um tapete florido
com um detalhe da planta que me chamou a atenção, com umas flores que pareciam constituídas por bainhas serpenteantes
da qual não sei o nome nem me lembro de a ter visto na Europa. Será nativa da China?
Mesmo estando tudo mais parecido ainda se encontram algumas diferenças.
E quando se sai da Europa usa-se mais vezes frases contendo "... na Europa...", enquanto quando se está dentro da Europa parece que só existem os países que a constituem.
Adenda: depois do comentário da Lídia Batista informando que se tratava de uma planta da família Amaranthaceae, foi fácil identificá-la como sendo uma Celosia cristata, sendo os nomes mais comuns em Português: Crista-de-Galo, Amaranto, Celósia, Suspiro. Sobre a origem geográfica existe algum consenso na net que teve uma origem tropical, mas há quem fale na Ásia, outros na África e também na América.
2009-10-06
Ideogramas chineses – 2, ou a Paz: 安
Neste post falei da dúzia e meia de ideogramas chineses que vim a conhecer há quase 20 anos.
Entretanto, usando as ferramentas de tradução do Google, passei a conseguir incorporar ideogramas nos textos que escrevo, quer no blogspot, quer no Microsoft Word (e em todo o MS Office) quer mesmo no Notepad (citei duas aplicações da Microsoft por serem comuns, muitos outros fornecedores terão as mesmas posibilidades).
Por exemplo, se nas ferramentas de tradução do Google colocar “masculino” ou “macho” e solicitar tradução do Português para Chinês, aparecerá 男性. Se usar o inglês “male” ou “masculine” ficará melhor servido porque são apresentados 10 ideogramas como substantivos e 7 como adjectivos. Indo verificar o significado de 性 constata-se que pode ser associado ao sufixo inglês “-ness”, os dois ideogramas 男性 seriam assim maleness (ou masculinidade). De qualquer forma o símbolo 男 pode agora ser facilmente inserido num texto, usando um “copy / paste” (ou um “copiar / colar” para quem opta pela língua portuguesa para o PC).
Esta facilidade é relativamente recente para os ocidentais. Os chineses têm teclados especiais que lhes permitem compor directamente os ideogramas carregando em séries de teclas convenientemente estruturadas.
Voltando aos 4 símbolos que me pareceram potencialmente mais úteis, 出 (saída), 入(entrada), 男 (masculino) e 女 (feminino) notei, num carro que parecia ser da Polícia, o símbolo visível neste outro carro da polícia (google images: chinese police car) que fui buscar à internet.
Achei estranho que aparecesse uma referência ao género, ainda por cima feminino. Que me desculpem as pessoas mais sensíveis a estes preconceitos mas o ideograma para Polícia deve ter muitas décadas ou mesmo séculos, altura em que as forças policiais seriam provavelmente exclusivamente masculinas.
Perguntei então ao guia da excursão porque aparecia o símbolo representando o feminino, se bem que coberto por um traço horizontal, num carro da polícia e ele explicou-me que eu tinha visto o ideograma 安 (an) que significa paz e/ou segurança, uma mulher debaixo de telha está em segurança.
Fiquei depois na dúvida se a representação da mulher em casa representa paz para quem sai de casa, se a paz existe dentro da casa onde está uma mulher, ou outras possibilidades mais ou menos politicamente correctas.
O carácter 公 que aparece à esquerda de 安 significa “Público”, pelo que estes dois caracteres significam “Segurança Pública”. No Google, ao traduzir “Police”, também aparece “治安”, em que o ideograma da esquerda significa “governance”, esta combinação seria assim “Administração da Segurança” ou, literalmente e de forma mais engraçada, “Gestão da Paz”.
Depois disto vi o ideograma “安” em muitos sítios, por exemplo na praça Tian-an-men (porta da paz celestial) ou Xi’an (paz do Oeste, cidade onde encontraram os mihares de guerreiros de terracota).
Em todas as línguas os significados das palavras vão mudando ao longo do tempo e a respectiva etimologia mostra por vezes alguns preconceitos, mas pareceu-me que esta forma de construir ideogramas torna mais fácil que alguns preconceitos perdurem durante mais tempo.
O carro na foto aparece numa notícia da compra da marca americana “Hummer” pelos chineses. Às vezes penso que os americanos têm muito jeito para o negócio: a certa altura os japoneses compraram muitos edifícios americanos emblemáticos, causando grande preocupação na América. Passado não muito tempo houve um crash no mercado imobiliário americano e a economia japonesa ficou fraca, tendo muitos desses edifícios sido revendidos pelos japoneses a preços muito inferiores aos de compra. Estes Hummer gastam gasolina que se fartam e talvez não sejam o veículo ideal para o próximo futuro.
Entretanto, usando as ferramentas de tradução do Google, passei a conseguir incorporar ideogramas nos textos que escrevo, quer no blogspot, quer no Microsoft Word (e em todo o MS Office) quer mesmo no Notepad (citei duas aplicações da Microsoft por serem comuns, muitos outros fornecedores terão as mesmas posibilidades).
Por exemplo, se nas ferramentas de tradução do Google colocar “masculino” ou “macho” e solicitar tradução do Português para Chinês, aparecerá 男性. Se usar o inglês “male” ou “masculine” ficará melhor servido porque são apresentados 10 ideogramas como substantivos e 7 como adjectivos. Indo verificar o significado de 性 constata-se que pode ser associado ao sufixo inglês “-ness”, os dois ideogramas 男性 seriam assim maleness (ou masculinidade). De qualquer forma o símbolo 男 pode agora ser facilmente inserido num texto, usando um “copy / paste” (ou um “copiar / colar” para quem opta pela língua portuguesa para o PC).
Esta facilidade é relativamente recente para os ocidentais. Os chineses têm teclados especiais que lhes permitem compor directamente os ideogramas carregando em séries de teclas convenientemente estruturadas.
Voltando aos 4 símbolos que me pareceram potencialmente mais úteis, 出 (saída), 入(entrada), 男 (masculino) e 女 (feminino) notei, num carro que parecia ser da Polícia, o símbolo visível neste outro carro da polícia (google images: chinese police car) que fui buscar à internet.
Achei estranho que aparecesse uma referência ao género, ainda por cima feminino. Que me desculpem as pessoas mais sensíveis a estes preconceitos mas o ideograma para Polícia deve ter muitas décadas ou mesmo séculos, altura em que as forças policiais seriam provavelmente exclusivamente masculinas.
Perguntei então ao guia da excursão porque aparecia o símbolo representando o feminino, se bem que coberto por um traço horizontal, num carro da polícia e ele explicou-me que eu tinha visto o ideograma 安 (an) que significa paz e/ou segurança, uma mulher debaixo de telha está em segurança.
Fiquei depois na dúvida se a representação da mulher em casa representa paz para quem sai de casa, se a paz existe dentro da casa onde está uma mulher, ou outras possibilidades mais ou menos politicamente correctas.
O carácter 公 que aparece à esquerda de 安 significa “Público”, pelo que estes dois caracteres significam “Segurança Pública”. No Google, ao traduzir “Police”, também aparece “治安”, em que o ideograma da esquerda significa “governance”, esta combinação seria assim “Administração da Segurança” ou, literalmente e de forma mais engraçada, “Gestão da Paz”.
Depois disto vi o ideograma “安” em muitos sítios, por exemplo na praça Tian-an-men (porta da paz celestial) ou Xi’an (paz do Oeste, cidade onde encontraram os mihares de guerreiros de terracota).
Em todas as línguas os significados das palavras vão mudando ao longo do tempo e a respectiva etimologia mostra por vezes alguns preconceitos, mas pareceu-me que esta forma de construir ideogramas torna mais fácil que alguns preconceitos perdurem durante mais tempo.
O carro na foto aparece numa notícia da compra da marca americana “Hummer” pelos chineses. Às vezes penso que os americanos têm muito jeito para o negócio: a certa altura os japoneses compraram muitos edifícios americanos emblemáticos, causando grande preocupação na América. Passado não muito tempo houve um crash no mercado imobiliário americano e a economia japonesa ficou fraca, tendo muitos desses edifícios sido revendidos pelos japoneses a preços muito inferiores aos de compra. Estes Hummer gastam gasolina que se fartam e talvez não sejam o veículo ideal para o próximo futuro.
2009-10-04
Ceci n’est pas un Magritte
Um dos fascínios da obra de Magritte está na abordagem da interacção entre o objecto e a sua representação.
Talvez o caso mais famoso deste aspecto seja o do quadro “La trahison des images” de 1928, mostrando um cachimbo e uma legenda dizendo “Isto não é um cachimbo”.
Por vezes na Matemática instala-se uma certa tensão entre a representação dum conceito e o próprio conceito e suponho ser essa uma das razões para Douglas Hofstadter mostrar várias obras de Magritte no “Gödel, Escher, Bach, an eternal Golden Braid”, como referi aqui.
No comentário político, como no blogue “o cachimbo de magritte”, esta imagem ilustrará que a “...realidade nem sempre é o que parece...”
Neste contexto, a frase ”Ceci n’est pas un texte”, que julgo não ter sido usada por Magritte, é vagamente engraçada por ser absurda e auto-referente, mas não encerra nenhuma ambiguidade.
Já as t-shirts da imagem aqui ao lado, fotografadas no museu Magritte em Bruxelas (mas que já vi noutros sítios), parecem-me captar a essência da ambiguidade.
Num sentido estrito a frase escrita na T-shirt é verdadeira, porque Magritte não projectou nenhuma T-shirt com uma frase dizendo “Ceci n’est pas un Magritte”.
Mas, por outro lado, foi o próprio Magritte que indirectamente, através do quadro do cachimbo legendado, levou à existência desta T-shirt pelo que se poderá dizer que a T-shirt é um Magritte.
Ficamos assim na dúvida se a frase será falsa ou se será verdadeira.
Talvez o caso mais famoso deste aspecto seja o do quadro “La trahison des images” de 1928, mostrando um cachimbo e uma legenda dizendo “Isto não é um cachimbo”.
Por vezes na Matemática instala-se uma certa tensão entre a representação dum conceito e o próprio conceito e suponho ser essa uma das razões para Douglas Hofstadter mostrar várias obras de Magritte no “Gödel, Escher, Bach, an eternal Golden Braid”, como referi aqui.
No comentário político, como no blogue “o cachimbo de magritte”, esta imagem ilustrará que a “...realidade nem sempre é o que parece...”
Neste contexto, a frase ”Ceci n’est pas un texte”, que julgo não ter sido usada por Magritte, é vagamente engraçada por ser absurda e auto-referente, mas não encerra nenhuma ambiguidade.
Já as t-shirts da imagem aqui ao lado, fotografadas no museu Magritte em Bruxelas (mas que já vi noutros sítios), parecem-me captar a essência da ambiguidade.
Num sentido estrito a frase escrita na T-shirt é verdadeira, porque Magritte não projectou nenhuma T-shirt com uma frase dizendo “Ceci n’est pas un Magritte”.
Mas, por outro lado, foi o próprio Magritte que indirectamente, através do quadro do cachimbo legendado, levou à existência desta T-shirt pelo que se poderá dizer que a T-shirt é um Magritte.
Ficamos assim na dúvida se a frase será falsa ou se será verdadeira.
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