2024-10-16

Sobre o julgamento de Ricardo Salgado no caso do BES

 

Pareceu-me razoável que na ausência dum parecer médico dando Ricardo Salgado como completamente incapaz a juíza quisesse que ele estivesse presente no início do julgamento concedendo escusa da sua presença para o resto do julgamento ao fim de 15 minutos.

Independentemente da situação clínica de Ricardo Salgado, atendendo à percentagem elevada de acusações do Ministério Público noutros julgamentos que são dadas como não provadas, a memória para os vindouros de Ricardo Salgado ficaria melhor se se soubesse quais as acusações de que foi alvo que foram dadas por provadas.

Não é uma impossibilidade fazer julgamentos à revelia, na ausência do réu, e considerando o tempo enorme que decorreu entre os factos que estão a ser julgados e as sessões do tribunal a memória, mesmo de réus com as suas capacidades pouco deterioradas pelo tempo entretanto decorrido, pouco poderá contribuir para apuramento da verdade, o que interesa são as provas recolhidas pelo MP e a interpretação do seu significado, que poderá ser contestada pelos advogados de defesa.


 

1 comentário:

Luis Lucena disse...

Concordo inteiramente. Uma coisa é a necessidade de apuramento dos factos, que irão permetir o maior esclarecimento possível duma fraude bancária, que não me lembro de ter havido, no nosso país, outra da mesma dimensão. O facto de Ricardo Salgado não estar em condições de depor, não deve impedir o seu julgamento. A outra é o sentimento de piedade que o seu estado exige, e deve evitar que seja submetrido a qualquer tipo de humilhação.
Luís Lucena