2022-04-25

Mais subsídios para as centrais nucleares dos E.U.A., 6 biliões de USD

 

Vi no jornal Expresso da passada sexta-feira que o governo dos EUA vai mais uma vez subsidiar as centrais nucleares do país pois, sendo economicamente não competitivas, precisam destes subsídios para continuarem a funcionar.

Desta vez o subsídio será de 6 biliões (10 à nona) de dólares como se constata aqui. Como comparação,  a  verba total do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência da União Europeia) para Portugal, não incluindo empréstimo do banco de fomento será de cerca de 14000 milhões de euros, aproximadamente 15 biliões de dólares.

Noutros casos dir-se-ia que quando o mercado condena qualquer actividade ela deve terminar, não deve subsistir à custa do dinheiro dos contribuintes.

Mas é claro que essa argumentação é para ingénuos, as potências nucleares não podem prescindir das suas centrais com este tipo de tecnologia, como se constatou recentemente com centrais nucleares do Reino Unido, que devem a sua existência a forte subsidiação estatal.

No caso do Reino Unido alguém mais distraído permitiu que uma empresa chinesa participasse na construção de uma nova central nuclear na Grã-Bretanha e estão agora a ver se conseguem retirar essa empresa da actividade construtiva sem  pagar multas consideráveis.

E a propósito recordo esta citação

«
The American political system is not that democratic, or at least not that populist. The fact that tax subsidies tend to be targeted on particular activities means that a proposal to eliminate a tax subsidy catalyzes interest-group opposition, often formidable since if the interest group were weak, the tax subsidy would not have been legislated in the first place. Tax subsidies are eliminated from time to time, and it would be interesting to speculate on the conditions that make that possible, but I will not attempt that here.
»

que fiz neste post.


2022-04-21

Albert Hourani – História dos Povos Árabes

 

Ofereceram-me este livro no Natal/2021 e consegui chegar ao fim da sua leitura há poucos dias, a pandemia COVID-19, a guerra de invasão injustificada da Ucrânia pela Rússia e a informação em geral na internet tornam difícil ler um livro desta dimensão em pouco tempo, que contudo li sempre com muito gosto, juntando-me à multidão de admiradores desta obra que tem tido imenso sucesso e que recomendo vivamente.

O autor Albert Hourani (1915-1993) nascido em Manchester de pais libaneses, foi um historiador formado em Oxford, que leccionou na Universidade de Beirute, trabalhou na administração britânica no Cairo, em Jerusalém e em Londres, começando a sua carreira académica em 1948 em Oxford, tendo leccionado em universidades em Beirute, Chicago, Pensilvânia e Harvard.

A capa é do pintor orientalista Ludwig Deutsche. Na Wikipédia esta pintura é apresentada como seria vista num espelho perpendicular ao plano do quadro, aparecendo o jogador em roupa azul como dextro em vez de canhoto. Ignoro a razão da diferença.

O livro foi publicado em 1991 pela editora da Universidade de Harvard tendo tido posfácios em edições posteriores, para cobrir eventos desde meados dos anos 80 até à actualidade, feitos pelo académico Malise Ruthven.

O livro que li é a 2ª edição da tradução portuguesa publicada pela Bookbuilders em Jun/2021 e o livro cobre a história das regiões da língua árabe do mundo islâmico desde a ascensão do Islão até ao ano de 2012. Começa por um Índice seguido pelo prefácio da edição original, dum prefácio de 2012, agradecimentos, nota sobre as datas e um pequeno prólogo. Está dividido  em 5 partes:

Partes Páginas
1) A Criação de um Mundo (Séculos VII-X) 80
2) As Sociedades Muçulmanas Árabes (Séculos XI-XV) 140
3) A Era Otomana (Séculos XVI-XVIII) 60
4) A Era dos Impérios Europeus ( 1800-1939 ) 100
5) A Era do Estado Nação (desde 1939) 120

Posfácio ( dos anos 80 até 2012, por Malise Ruthven)

50
Mapas, Listas importantes, Notas, Bibliografia e Índice remissivo 115

 

As primeiras 5 partes contêm 25 capítulos sendo a extensão de cada capítulo muito próxima das 20 páginas. O texto compõe-se assim de 550 páginas, sucedidas por 115 páginas para facilitar consultas futuras.

Depois de ler o livro fiquei com a opinião que os legisladores dos países de tradição cristã estão numa situação diferente, que me parece melhor, da dos países de tradição islâmica pois, segundo o evangelho, Jesus Cristo disse a propósito de um certo dilema: “a César o que é de César, a Deus o que é de Deus” estabelecendo assim uma separação clara entre as leis humanas e as leis divinas. Neste livro são referidas várias dificuldades sentidas na extensão da sharia (lei revelada a Maomé) a assuntos mais mundanos.

Pensei também que o programa da História no ensino secundário em Portugal deveria conter algo mais sobre a influência da civilização árabe na nossa sociedade, ao ler o livro reconhecia de vez em quando que as descrições de características das sociedades árabes se aplicavam também à portuguesa.


2022-04-10

De Lisboa a Vladivostok ou o Sonho de Medvedev



No Diário de Notícias com data de 05 Abril 2022 11:51 consta que:
«
O aliado de Vladimir Putin e antigo presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, sugeriu que o objetivo de Moscovo é "a paz das futuras gerações de ucranianos" e construir finalmente "uma Eurásia aberta entre Lisboa e Vladivostok".
»

Medvedev ainda não terá um plano de invasão da Europa ocidental mas revela-nos que tem este sonho, provavelmente partilhado por Putin. Afinal, nem sempre “Quando um homem sonha o mundo progride e avança”, existem sonhos bons, sonhos assim-assim e sonhos maus, como este revelado por Medvedev.

Usei parte do mapa que mostrara num post anterior para ilustrar o sonho da expansão russa. Incluí naturalmente também todas as repúblicas que fizeram parte da antiga União Soviética bem como a Turquia para que o mar Negro passasse a ser um grande lago russo, a Síria pois já lá existem bases militares russas e já agora o Líbano para aumentar um pouco a costa mediterrânica.

Esta é a verdadeira ambição da Rússia em relação à Europa ocidental, que tenta realizar começando com a invasão da Ucrânia.
 


É caso para dizer que em boa hora Portugal se integrou na NATO e que compreendo perfeitamente a pressa com que os países do Leste da Europa se quiseram integrar nesta organização militar defensiva, dada a agressividade da sua vizinha Rússia.

Essa “expansão” foi suscitada pelas invasões que a URSS fez e/ou ameaçou aos seus vizinhos tais como a segunda repartição da Polónia na sequência do pacto de não agressão celebrado em 1939 entre Stalin e Hitler, a absorção dos Estados Bálticos no fim da guerra 1939-45, a invasão da Hungria em 1956, a invasão da Checoslováquia em 1969, as ditaduras comunistas na Bulgária e na Roménia.

E discordo da opinião da China que esta acção foi em parte provocada pela expansão da NATO aos países europeus do Leste. Como argumenta o ex-presidente Bill Clinton em “I Tried to Put Russia on Another Path” na revista “The Atlantic”, não foi a NATO que se moveu para Leste, foram os países de Leste que se quiseram juntar ao Ocidente.

Nada pode justificar esta guerra de agressão iniciada pela Rússia,  ridiculamente eufemizada como “Operação Militar Especial”, violando as fronteiras internacionalmente reconhecidas de um país soberano.


2022-04-02

Corvos-marinhos em Portugal

Desde que tomei conhecimento da existência de corvos-marinhos numa viagem a Guilin na China que passei a reparar nos que existem em Portugal.

Estas aves aquáticas são grandes e são pretas, como se pode ver nesta imagem na China, do post acima referido
 


e vivem ao pé da água alimentando-se de peixes.

Nesta foto dum bando grande de corvos-marinhos de que fiz um post em 2014 podem-se ver uma ou duas aves de asas a secar

 

fazendo um zoom digital


Disseram-me que como as penas não são impermeáveis, talvez para facilitar mergulhos a maiores profundidades, os corvos-marinhos colocam muitas vezes as asas nesta posição estendida para secar.

No sítio das Aves de Portugal têm um artigo sobre o Corvo-marinho-de-faces-brancas
Phalacrocorax carbo
onde fui buscar a imagem seguinte

 

Quando não estão domesticadas mantêm normalmente alguma distância e costumo identificá-las pela posição quase vertical do corpo ou então quando estão de asas abertas a secar.

Acho que têm preferência por rochas isoladas, como por exemplo nestes pilares de betão em frente da sequência de bandeiras de todo o mundo no Parque das Nações ao pé da Altice Arena.

 

Também os vi na água, como aqui em Portimão em 28/Fev2016, infelizmente apenas com um iPhone 4S para fotografar

seguido do zoom digital

e ainda a mesma ave


e outro zoom digital

e ainda na Praia da Rocha em 6/Jan/2019, entre o molhe da praia e o de Ferragudo também com o mesmo telemóvel
 

e zoom digital

Mais recentemente, em 27/Fev/2022, avistei na Prainha (Alvor) um pequeno bando de 6 corvos-marinhos, sobre uma rocha isolada permanentemente por água, desta vez com um iPhone SE, de que mostro o enquadramento inicial, seguido de vários enquadamentos e zooms sempre da mesma foto
 

seguida de dois enquadramentos com predominância vertical, lembrando pinturas chinesas
 
 
e vendo-se finalmente bem o bando de seis corvos-marinhos com o que está mais à esquerda a secar as asas ao Sol
 

De uma forma geral, nas rochas em que vejo corvos-marinhos não costumo ver gaivotas, que são a espécie em maior número, ocupando tanto as rochas como as praias desta costa algarvia