2020-02-28

Os verdes prados dos Olivais Sul


Os Olivais têm uma urbanização diferente da maioria dos bairros da cidade de Lisboa, com o predomínio de prédios em torre ou em bandas, sem o espaço fechado do interior dos quarteirões.

No espaço entre os prédios abundam zonas verdes cuja vegetação, constituída por plantas pioneiras e por outras semeadas, uma vez que manter relvados tipo campos de golfe seria proibitivamente caro para a autarquia, dão a ilusão ao urbanita de estar a contemplar um prado campestre.

Nos meus passeios diários vou apreciando a evolução destas plantas humildes que vão partilhando e disputando o solo disponível. Quando começam a estar muito crescidas vêm os jardineiros da Junta de Freguesia cortá-las, deixando os terrenos prontos para novos crescimentos.

No Verão a côr predominante é o amarelo acastanhado mas mal caiem umas gotinhas de chuva regressa o  verde. Se o Sol aparece e a temperatura é amena como agora despontam logo umas florinhas, sendo as amarelas as mais abundantes.

Na parte baixa deste talude, junto ao passeio, temos predomínio da Erodium Moschatum de que falei em post de Abril de 2016


a seguir gostei de fotografar esta pedra ou afloramento rochoso no mesmo talude


mostrando o prédio ao fundo para dar o contexto














2020-02-27

O Iluminismo Agora


“O Iluminismo Agora” é o título de um livro de Steven Pinker, publicado pela Editorial Presença em Nov/2018 e que só agora acabei de ler, na versão em português com 491 páginas.

Trata-se de mais um livro que confirma a minha observação dos enormes progressos que ocorreram nos meus últimos 60 anos, ao mesmo tempo que lia em tantos jornais e revistas e programas de TV que a maior parte de tudo o que se passava no país, na Europa e no planeta ia de mal a pior.

O autor faz uma defesa apaixonada do Iluminismo enumerando os incontáveis benefícios que o uso da razão, do método científico e da democracia têm trazido á humanidade nos últimos 2 séculos.

Fui lendo  o livro com muito agrado sobre a possibilidade do progresso, as melhorias da qualidade de vida, da saúde, da subsistência, da riqueza. Já quanto à desigualdade, após uma análise da sua natureza acaba por concluir que “o mundo se tornou mais desigual em certos sentidos, mas são mais os sentidos em que a população mundial viu a sua situação melhorar.

Cheguei depois ao capítulo 10 sobre o Meio Ambiente. Aqui o autor refere correctamente que oa países mais pobres tendem a ser os mais poluídos e que o desenvolvimento tem tornado possível um ambiente mais saudável e que temos de dedicar esforço para ir resolvendo os problemas que vão aparecendo pois, não sendo insolúveis, requerem acções correctivas.

Faz a crítica clássica e errada ao livro dos anos 1970 “Os Limites do Crescimento” alegando que as previsões de esgotamento de recursos materiais não se chegaram a verificar. Na realidade esse livro dizia que os ritmos de crescimento do consumo de alguns recursos levariam ao seu esgotamento SE fossem mantidos inalterados e que o livro tinha sido escrito para chamar a atenção da necessidade de mudar esses ritmos de crescimento.  Que foram efectivamente mudados quer por aumento do preço desses produtos no Mercado quer porque alguns empreendedores desenvolveram esforços para substituir esses produtos estando informados, eventualmente por esse livro, que havia ali uma oportunidade de negócio.

Depois reconhece a existência de alterações climáticas de origem antropogénica mas, além de aconselhar o aumento do uso de energias renováveis comete o que considero um erro monumental ao aconselhar a expansão da produção de energia eléctrica através da construção de novas centrais nucleares.

Sobre as centrais nucleares escrevi neste blogue os posts:
- 2011-03-16 A Central Nuclear em Portugal: pouco depois do acidente na central de Fukushima no Japão;
- 2012-01-15 Energia e Política: a propósito de uma entrevista de António Costa Silva ao jornal Público sobre energia e política;

2014-10-06 Energia Nuclear outra vez: a propósito das ambições do Irão a ter uma central nuclear e dos subsídios que o Reino Unido vai dar a uma central nuclear que planeiam construir;

2018-06-28 Rendas Excessivas? 
A propósito da audição do Engº Pedro Sampaio Nunes na CPI (Comissssão Parlamentar de Inquérito) da AR sobre as rendas excessivas recordo a proposta feita por Patrick Monteiro de Barros em 2006 de instalar em Portugal uma central nuclear igual à da Finlândia, cuja construção estava então prevista de 2003 a 2009, que em 2018 ainda por acabar tinha entrada prevista para 2019, entrada essa que em Dez/2019 foi adiada mais uma vez, para Março/2021!

Depois da constatação duma divergência de opiniões tão grande como a que me afasta de Steven Pinker no tema da adequação técnico-económica das centrais nucleares para a produção de energia eléctrica pousei o livro durante alguns meses e quando retomei a leitura constatei que a fazia com um sentido crítico mais atento.

Apreciei os capítulos sobre a Paz, a Segurança, o Terrorismo, a Democracia, a Igualdade de direitos, e o Conhecimento. Nos capítulos sobre a Qualidade de vida e a Felicidade notei que o autor usa excessivamente estatísticas simples na sua argumentação, que neste caso são ainda pouco fiáveis ou mesmo desadequadas. Pareceram-me equilibrados os capítulos sobre as Ameaças existenciais e o Futuro do progresso.

Na Parte 3 do livro sobre Razão, Ciência e Humanismo considerei que na sua defesa destes 3 aspectos da vida humana escusava de fazer tantos ataques às religiões.


2020-02-14

Pavão (2)


Em Outubro/2017 já tinha feito um post sobre o Pavão mas não tinha conseguido uma boa imagem sobre um pavão mostrando a sua cauda.

Agora já tenho uma, do meu amigo João Ricardo, tirada no recentemente reabilitado Jardim Botânico Tropical no bairro de Belém em Lisboa.

Começo por uma vista do pavão de perfil


finalizando com a exibição da cauda, numa foto em que fiz uma pequena manipulação do contexto para não perturbar a contemplação do motivo principal




2020-02-12

Mortalidade - uma referência


Um número sózinho é difícil de interpretar, normalmente são precisos pelo menos dois, para fazer uma comparação.

De há uns tempos a esta parte que se fala nas mortes provocadas pelo corona-vírus, recentemente designado por Covid-19 pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Tendo a maior parte das mortes provocadas por este vírua ocorrido na cidade de Wuhan, cidade com 11 milhões de habitantes, valor parecido aos 10 milhões da população portuguesa, fui ver quantos portugueses morriam em média por dia na Demografia de Portugal na Wikipédia, na tabela de Estatísticas vitais desde 1900.

A taxa anual bruta de mortalidade que em 1900 andava à volta de 20 por 1000 habitantes foi baixando ao longo do século 20 com pequenas variações até chegar ao valor actual de cerca de 10 mortes por mil habitantes, com a excepçãp de 1918 em que o valor foi de 40 por 1000, provocado por o que aqui se costuma chamar a "pneumónica" enquanto os anglo-saxões chamam a "spanish influenza" (gripe espanhola de 1918).

Portanto 10/1000 é o mesmo que 1%, quer dizer em média de cada 100 portugueses morre 1 por ano.

Considerando toda a população do país será de esperar que, dos 10.000.000 vivos num dado dia do ano, ao fim de um ano tenham morrido 100.000 dessas pessoas. Se morresse o mesmo número de pessoas em todos os dias desse ano teriam morrido 100.000/365= 274 pessoas por dia.


2020-02-11

Pintassilgo nos Olivais Sul


Vi ontem, num passeio na rua Cidade de Benguela




Praia no Terreiro do Paço


Vi ontem que puseram um bocado de areia ao lado do Cais das Colunas no Terreiro do Paço em Lisboa. Com umas ondinhas a rebentar sobre a areia pareceu-me que estava numa praia...







2020-02-04

Ruína na Praia da Rocha


De vez em quando neste blogue refiro que desde a minha infância que tenho frequentado a Praia da Rocha. Dessa infância recordo esta imagem de uma das duas vivendas maiores e melhor situadas na falésia com vista desafogada para o mar.



Encontrei esta fotografia e alguma informação sobre a história desta moradia neste artigo do “Sul Informação”.

Resumindo a moradia (chamada Vivenda Compostela) foi construída no início do século XX para as férias da família de Francisco Bivar Weinholtz, tendo a sequência de proprietários posteriores incluído o Conde da Covilhã, o empresário têxtil Manuel Gonçalves, seus herdeiros e agora Armando Faria, anterior dono da rede de lojas “Perfumes & Companhia”.

A maior parte das vivendas que então existiam na Praia da Rocha foram substituídas por prédios de apartamentos, num processo intenso mas de baixa (ou mesmo muito má para evitar eufemismos)  qualidade urbanística que documento muito parcialmente nesta “vista aérea” do Google Earth,



provavelmente datada do Verão de 2016, por exame das imagens históricas disponíveis nessa aplicação.

Se esta vivenda fosse propriedade dum emigrante retornado de França dir-se-ia que era uma “casa tipo maison”. Assim diz-se que era um ex-libris da Praia da Rocha. Nunca simpatizei com a arquitectura desta casa, detesto mesmo o seu telhado preto fortemente inclinado, como se estivéssemos num local frio e chuvoso do norte da Europa e penso nos calores que os infelizes ocupantes das águas furtadas terão tido que suportar.

Entretanto o proprietário solicitou autorização para fazer uma construção neste vasto terreno, que lhe foi concedida pela Câmara Municipal de Portimão, conforme alvará afixado num muro da propriedade.

Ergueu uma estrutura de betão armado no lado oposto ao da piscina não visível nesta foto e passado algum tempo iniciou a demolição da moradia existente.

Por razões que ignoro a demolição foi embargada ficando agora uma estrutura de betão incompleta e uma casa semi demolida, conforme se constata nas fotos que tirei a partir da praia.



 

 



Desconheço as razões desta trapalhada que me fez lembrar a demolição atabalhoada do cine-teatro Monumental em Lisboa há uns anos. As autorizações camarárias deviam ser mais claras e os embargos mais expeditos.