A maior parte das vezes o céu não é recortado por coisas bonitas. O concelho de Lagoa tem-se urbanizado com bastante cuidado e o farol de Ferragudo permanecia isolado sobre o pequeno promontório que foi agora perturbado por um radar novo.
Não gosto da torre espessa e assimétrica que aí instalaram e que veio prejudicar uma das poucas perspectivas agradáveis que subsistia na Praia da Rocha. Poder-se-ia certamente ter instalado uma solução mais esbelta.
A Praia da Rocha costuma ser apontada como uma catástrofe urbanística. Eu retive duas regras simples que me deu um arquitecto há muito tempo:
- quando as praias têm falésia, esta não deve ser visualmente esmagada pelas construções pelo que a altura dos prédios visíveis da praia deve ser pequena ou de preferência não visíveis;
- quando a praia é plana é bom construir em altura para deixar espaços comuns amplos.
De facto, se acharmos que a classe média tem direito a gozar as suas férias na praia, é impossível arranjar uma praia deserta para cada família e é inevitável construir blocos de apartamentos ao pé das praias que forem escolhidas para essas férias massificadas, pelo que não me choca a existência de muitos prédios.
Nesta foto que tirei da Praia da Rocha a partir do molhe, assim ao longe o casario não parece mal, até repararmos que a falésia, antes imponente, quase passa despercebida.
Quando se vai ao pormenor constata-se a má qualidade de muita da arquitectura instalada e a incapacidade de transformar de forma minimamente satisfatória uma malha urbana concebida para vivendas num espaço acolhendo prédios de dez andares.
No entanto, parece-me que esta transformação de uma malha de vivendas numa malha de prédios é quase uma quadratura do círculo. Será?
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