2025-03-31

Fábricas Navigator na Mitrena


Participei na passada sexta-feira dia 28/Março numa visita técnica, promovida pela Ordem dos Engenheiros, à fábrica de papel “Navigator” localizada na Mitrena, uma zona de industrial de Setúbal na margem norte do estuário do rio Sado.

Gosto das resmas de papel para fotocópias e para escrever da Navigator e tinha curiosidade em conhecer a fábrica de papel, uma das maiores do mundo neste ramo de actividade e muito relevante na actividade económica em Portugal.

No  início da visita os anfitriões fizeram uma breve apresentação do grupo de empresas. Consultei posteriormente a Wikipédia sobre a  “The Navigator Company” que contém um resumo cobrindo boa parte dessa apresentação.

Como é habitual nestas visitas é proibido tirar fotografias das instalações e decidi não correr o risco de “ser apanhado” a fotografar, confiando que existiriam fotos na internet como confirmei posteriormente com este exemplo, retirado deste sítio


O edifício onde são produzidos estes rolos gigantes de papel com 10m de largo e cujas proporções são dadas  pela figura humana na foto, têm cerca de 200 metros de comprimento. Lá ao fundo é onde chega a pasta de papel e depois de várias transformações, que não são visíveis pelo exterior, acaba por emergir a folha de papel que passando por vários rolos se desloca à velocidade de cerca de 30 metros/segundo que corresponde a 100 km/hora. No fim é produzido um rolo, como se vê na imagem, pesando várias toneladas.

Estes rolos são depois cortados noutros de menor largura que por sua vez são enviados para clientes industriais, que os irão transformar em resmas de papel ou noutros produtos finais, ou que serão transformados noutra secção da fábrica em resmas de papel como compramos nas papelarias e supermercados.

Toda a produção da fábrica é feita para encomendas já existentes e o corte e armazenagem dos produtos que irão sair da fábrica é feito num conjunto grande de máquinas automáticas, vendo-se também a circulação de numerosos veículos sem condutor nos enormes armazéns.

Antes de entrar na fábrica de papel passei por este conjunto industrial que me impressionou e que passo a mostrar em 3 enquadramentos da mesma fotografia

No lado esquerdo com várias chaminés trata-se da fábrica que converte a madeira em pasta de papel que presumo ser armazenada nos cilindros do lado direito da foto, de onde sai para a fábrica de papel de que temos vindo a falar e de que se vê o início, adjacente aos cilindros.

Seguem mais dois enquadramentos da mesma fotografia

 

Na imagem seguinte, tirada na pequena península onde está a Lisnave, mostro o conjunto industrial Navigator na Mitrena com a fábrica de papel mais antiga do lado esquerdo, a fábrica de pasta de papel com chaminés ao centro e a fábrica de papel nova à direita:

 


 

2025-03-27

Que Susto!

 


No passado dia 14/Março, depois de fazer uma transferência bancária acedendo online através do PC à CGD (Caixa Geral de Depósitos), em que confirmei no PC o código enviado para o meu telemóvel para validação da transferência, após ter fechado a sessão com o banco voltei ao telemóvel para abrir a aplicação das mensagens SMS, tendo então deparado com a imagem aqui ao lado, em que desfoquei partes de algumas mensagens por privacidade.

Entrei em pânico, ao reconhecer parecenças entre as letras no topo da imagem e os caracteres cirílicos usados nas línguas eslavas. receando que algum hacker russo tivesse afectado a transferência bancária que eu acabara de fazer, introduzindo vírus no meu telemóvel e talvez no meu PC!

O facto de as letras cirílicas parecerem minúsculas ainda complicava mais a situação, por exemplo quando vi АЭРОФЛОТ na Rússia consegui traduzir para AEROFLOT, ou ЛЕНИН por LENINE, neste caso ajudado pela estátua onde estava a palavra, mas as minúsculas são para mim irreconhecíveis. Mesmo agora, que estou a escrever este post sem a pressão de evitar a propagação de um possível vírus, não consegui reproduzir os caracteres usando no MSWord a inserção de símbolos cirílicos de forma que o Google Tradutor conseguisse traduzir para português.

Para compor o problema, no canto superior esquerdo a palavra "өңдеу" estava escrita com côr azul, a côr que serve muitas vezes para indicar a presença de um "link" para algum programa que vai dar cabo do telemóvel todo.

Como tenho tido uma experiência excelente com o apoio técnico da Apple em Portugal  (800 207 983) recorri rapidamente a esse serviço. Os técnicos costumam perceber os problemas que descrevo e como podem ter acesso ao que está a ser mostrado no visor do meu telemóvel (depois de obterem a minha permissão) a tarefa deles fica mais facilitada.

 Neste caso sugeriram que fosse à aplicação "Definições" opção "Aplicações" opção "Mensagens" opção "Idioma" onde constatei para minha surpresa que estava seleccionada a opção "Cazaque". Seleccionando  Português (Portugal) constatei ao regressar à aplicação Mensagens que voltara à normalidade.

Não faço ideia do que poderá ter acontecido, naturalmente tenho a certeza que não fui eu que seleccionei  "Definições">"Aplicações">"Mensagens">"Idioma">"Cazaque". Depois duma queda, em que me substituíram o écran por outro fabricado também pela Apple, tenho notado que por vezes o telemóvel inicia sequências de acções extemporâneas que termino o mais rapidamente possível desligando e voltando a ligar mas como é um comportamento difícil de reproduzir ainda não me queixei, receando a resposta padrão "c.q.e.", "correcto quando ensaiado".

Depois disto fui ao Google Tradutor e obtive as traduções de Português para Cazaque que mostro a seguir numa imagem ligeiramente editada para mostrar as três palavras que apareciam na aplicação Mensagens e que eram realmente a tradução em Cazaque


 

 

 

2025-03-23

Mais Reflexos

 

No passadiço que acompanha a praia de Alvor tirei esta foto em 13/Nov/2021, onde se vêem torres da Torralta, o hotel “Pestana Blue Alvor Beach” (antigo Delfim) à direita ao fundo, edifícios de dois pisos das “Pestana Alvor Beach Villas” que se chamava antes a “Barca de Alvor” com uma piscina na altura espelhada reflectindo os edifícios mais próximos.  

Na época alta as águas da piscina estão quase sempre agitadas por banhistas e na ausência destes por brisas de Verão. Nessa época passo muitas vezes por aqui e tirei esta foto provavelmente por ser raro ver a superfície desta piscina a funcionar como um espelho. 

A vida em Nov/2021 estava a regressar lentamente à normalidade, depois de dois anos de COVID, já com 2 doses de vacina e a duas semanas da 3ª dose.


Em 12/Ago/2023 gostei destes reflexos no lago rectangular em frente à Casa Inglesa na Praça Manuel Teixeira Gomes em Portimão


Quando tiro fotografias gosto normalmente que o aspecto da imagem corresponda à que na altura se formou no meu cérebro. Por exemplo esta imagem é uma aproximação razoável do que eu vi na altura mas precisei de fazer algumas alterações à fotografia original que passo a mostrar


 Actualmente a maior parte das vezes que fotografo é com a câmara do telemóvel que, melhorando em cada novo modelo, tem ainda no meu aparelho ausência de zoom, grande angular e falta de regulação em ambientes pouco iluminados. Os dois primeiros defeitos levam à necessidade frequente de reduzir o enquadramento da foto original. Em ambientes com pouca luz as fotos costumam ficar sobreexpostas, com grandes halos em redor dos pontos luminosos, como se constata na foto original.

Comecei por reduzir o enquadramento adoptando uma proporção 16:9 em vez do 4:3 original, cortando boa parte do lago, do céu negro e do halo desnecessário no topo direito da imagem, ficando com a seguinte versão:


O programa que uso para o pós-processamento é o Ulead PhotoImpact v4.2 que julgo ter acompanhado um scanner da HP que usei para digitalizar os diapositivos e negativos antigos da minha máquina analógica. Nesse programa existe uma função “Tone Map” em que se pode seleccionar para alteração pixels com intensidades pertencendo a determinados intervalos. Após algumas experiências acabei por reduzir um pouco os halos à volta dos candeeiros e tornei mais escura a superfície do lago, obtendo assim a primeira imagem da série de três que acabo de apresentar.

Em 12/Set/2023 voltei a este local e fotografei então a gravação numa pedra no mesmo lago  da imagem do presidente da I República Manuel Teixeira Gomes, propositadamente muito discreta




2025-03-12

Reparação de cabos submarinos

 
Noutro dia passei por um artigo da BBC sobre reparação de cabos submarinos de telecomunicações ligados a África e faço aqui um pequeno resumo.

Ingenuamente pensei que poderia fazer antes “uma pequena introdução” ao  desenvolvimento das telecomunicações mas cedo me apercebi que é tema para um livro bastante grosso.

Limito-me assim a dar notícia do TAT-8, o primeiro cabo transatlântico com fibra óptica entre os continentes da América e da Europa, em serviço de 1988 a 2002 para serviço telefónico, suportando um máximo de 40000 chamadas telefónicas simultâneas num canal transmitindo 280 Mbits/s e comemorado nesta placa que encontrei em https://ethw.org/File:TAT-8-Plaque.png 

Para ficar com uma ideia gráfica da quantidade de cabos submarinos com fibras ópticas  em serviço em 2022, 486 cabos ligando 1306 pontos de amarração, encontrei o mapa seguinte neste sítio da Telegeography patrocinado pela telecomegypt. 


Regressando ao artigo da BBC mostro agora os cabos submarinos de telecomunicações, todos de fibras ópticas, que ligam países africanos entre si e a África ao resto do mundo

Nota-se que alguns países têm apenas uma ligação deste tipo. Quando essa ligação falha boa parte dos cidadãos fica limitada à rede de internet nacional, as outras vias de acesso ao exterior, como por exemplo via satélite, não estarão disponíveis  para o cidadão comum.

Quando um cabo submarino deixa de funcionar e o defeito é localizado a profundidade superior a 50m, limiar da zona que não pode ser tratada por mergulhadores com escafandro autónomo, em África é normalmente solicitada a intervenção do navio Léon Thevenin, cujo nome é uma homenagem ao engenheiro francês Léon Charles Thévenin, baseado na cidade do Cabo e especializado na instalação e reparação de cabos submarinos de telecomunicações.

 Uma vez localizada a zona do defeito é colocado na água um robot submarino pesando 9 toneladas cujo volume deslocará aproximadamente 9 metros cúbicos para flutuar quando submerso...

A profundidade máxima da intervenção é 5000m e o robot é operado remotamente. Localizado o defeito no cabo o robot corta este, atando um cabo a cada uma das partes separadas pelo corte (ou ata primeiro e corta depois…) cabos esses que trazem as duas partes do cabo submarino até à superfície.

Cada uma das partes é então preparada para ser reunida à outra nestas instalações do navio

e a certa altura uma das extremidades do cabo terá este aspecto:

 

Ao longo da minha vida passei da quase impossibilidade de fazer chamadas intercontinentais a uma altura em que eram caríssimas para finalmente com uma assinatura de serviço de telemóvel poder fazer chamadas e mesmo vídeochamadas gratuitas para quase qualquer parte do mundo!

Mas para isso ser possível é preciso, entre muitas outras coisas, que existam navios e equipamentos como os que eu acabo de referir.

 

2025-03-02

Nexus

 

Acabei de ler há pouco tempo o livro "Nexus", do Yuval Noah Harari e da sua equipa, esta última que torna possível as notas exaustivas das páginas 487 a 553, 67 páginas de notas em letra miudinha sobre referências que surgem nas quase 486 páginas de texto.

Em post de janeiro de 2019 sobre o livro “21 lições para o Século XXI” referi também outro livro muito interessante do Y.N.Harari, o primeiro que li, o "Sapiens", que descrevia a História do Homo Sapiens em apenas 500 e tal páginas e que foi objecto de 4 pequenos posts neste blog (1, 2, 3, 4) em Dez/2017 e Jan/2018.

Neste livro Harari trata com maior pormenor da informação que circula nas sociedades e que ao cimentá-las as torna possíveis. Desde os mitos da pré-história, passando pelas religiões, pelos livros sagrados, pela imprensa, pelo conhecimento científico e pelas ideologias, uma espécie de religiões laicas, chegámos finalmente à comunicação fácil via internet ligando todo o planeta e logo às famosas redes sociais, aceleradas e alavancadas por algoritmos cujo objectivo principal seria maximizar a atenção (tempo gasto ligado) dos frequentadores de cada rede para aumentar as receitas de publicidade.

Aconteceu que, talvez por acaso, os vídeos e os textos que inicialmente foram mais eficazes a fixar os utilizadores continham discursos de ódio, tendo assim sido seleccionados por esses algoritmos para difundir em larga escala, reforçando a difusão de discursos desse tipo, que entretanto foram “enriquecidos com notícias falsas” de difusão ampliada com consequências funestas nas votações que foram tendo lugar em sucessivos países.

Não sabemos com exactidão o que caracteriza a consciência nem o que é a inteligência, em actividades que se pensava requererem elevada inteligência humana como o jogo de xadrez e o GO, alguns computadores já venceram os campeões humanos. Em tarefas mais simples, como a condução de um automóvel no trânsito citadino, os computadores têm tido mais dificuldades.

Depois de muitas tentativas infrutíferas de ensinar os computadores a pensar como um ser humano , a criação de programas de “Machine Learning” em que um computador é programado para analisar, por exemplo, milhares ou milhões de jogos de xadrez ou de GO, revelou-se mais eficaz na descoberta de combinações de jogadas ganhadoras que tinham passado despercebidas aos jogadores humanos.

O mesmo conceito de análise de milhões de traduções de textos também se revelou eficaz na tradução automática, primeiro cheia de erros ridículos mas rapidamente melhorando com a análise de mais e mais traduções.

Os Modelos de Linguagem de Grande Escala (Large Language Models) que segundo esta entrada da Wikipédia apareceram em 2018, de que é exemplo o ChatGPT lançado em 2022, tem a forma duum diálogo em que o utilizador faz perguntas ao ChatGPT obtendo respostas. De uma forma geral considero que este programa passa bem o teste de Turing parecendo em boa parte do diálogo que se está a falar com um ser humano. Existem aliás casos de seres humanos que se envolveram emocionalmente com este tipo de programas.


Já em 1976 Joseph Weizenbaum manifestava no seu livro Computer Power and Human Reason apreensão quanto ao uso de programas de computador incomprensíveis, no sentido em que nenhum ser humano tinha capacidade para uma análise crítica, por exemplo, das sugestões de programas complexos para conduzir a Guerra do Vietnam, nomeadamente nos inúteis e deploráveis bombardeamentos aéreos do Vietnam do Norte, como foi posteriormente reconhecido pelo então Secretário da Defesa dos EUA, Robert McNamara.

Se os algoritmos complexos já eram de difícil compreensão, os algoritmos que se constroem a si próprios analisando quantidades gigantescas de dados produzem resultados muito mais difíceis de avaliar, constituindo um perigo maior perante a tendência dos seres humanos em acreditar cegamente nas sugestões dadas por máquinas complexas e caras.

Este livro Nexus de Harari descreve de forma convincente quer os perigos das actuais Redes de Informação quer a natureza da inteligência alienígena da tecnologia actual da Inteligência Artificial.