2024-03-24

Donald Judd (1928 - 1994)

 

Noutro dia em casa de amigos vi uma espécie de estante cujas prateleiras estavam a ser usadas para guardar livros em posição horizontal.

Quando cheguei a casa fui à procura duma imagem que me lembrava de ter visto com uma forma semelhante, embora sem qualquer livro.

Constatei agora que vi pela primeira vez o objecto paralelipipédico aqui à direita quando passei por um pequeno artigo da Revista New Yorker de 2/Março/2020 referindo uma exposição retrospectiva no MOMA (Museum Of Modern Art) sobre as obras de Donald Judd, um designer, arquitecto e artista, que não gostava que as suas obras fossem consideradas esculturas mas apenas "boxy objects" que traduzi por "objectos paralelipipédicos".

Neste caso a transformação do substantivo "box" (caixa) no adjectivo "boxy" (em forma de caixa) não me pareceu simples de fazer em português  partindo da palavra "caixa"pelo que optei pelo "paralelipipédico", adjectivo vindo de paralelipípedo.

Na Wikipédia citam uma frase de Donald Judd sobre a importância da escala, e da funcionalidade nas obras de arte e no mobiliário

"The configuration and the scale of art cannot be transposed into furniture and architecture. The intent of art is different from that of the latter, which must be functional. If a chair or a building is not functional, if it appears to be only art, it is ridiculous. The art of a chair is not its resemblance to art, but is partly its reasonableness, usefulness and scale as a chair ... A work of art exists as itself; a chair exists as a chair itself."

 

Aqui à esquerda mostro uma fotografia do autor ao pé da obra que mostrei acima e que tem o título "Untitled", que vi na revista "Designweek"em princípio gastou este título e não o usou em mais obras.

Nas imagens disponíveis na net aparece esta obra em cores diferentes e por vezes com partes do objecto umas vezes opacas, outras vezes transparentes.

Neste artigo da artnews.com "Why Is Donald Judd Considered a Sculptor?"  de Abril/2020 fazem considerações sobre a vida e obra deste artista, a propósito da exposição acima referida no MOMA. Nos vários aristas referidos neste artigo constatei referência a Frank Stella de quem mostrei quadros em breve post de Fevereiro de 2012.





2024-03-21

Choupo-branco (Populus alba)

 

Este blogue fez no dia 17/Março/2024 16 anos, tratando-se portanto de um teenager. quase a chegar à idade adulta.

Mas antes de ter reparado no aniversário queria mostrar uma árvore, que fotografo de vez em quando, preferencialmente em Dezembro, no fim do Outono quando tem as folhas amarelas, a última vez foi em 17/Fev/2024, quando ainda não tinha nenhuma folha, para a mostrar no Inverno.

A árvore tem um cenário envolvente agradável com várias tonalidades de verde. como num arranjo floral, com alguns prédios a recordar que não existem cenários perfeitos.

Costumo fotografá-la ao fim da tarde, fica melhor com a luz a vir do lado em vez de cima, tal como dizem os livros, desta vez ficou assim

mostrando primeiro a parte que me pareceu mais importante mas mostrando depois a árvore na totalidade para eventualmente a apreciarem inteira.

Sempre tive dificuldade em desenhar árvores que fiquem minimamente realistas e nestas alturas uma pessoa repara que é mesmo difícilfazer uma reprodução realista.

Já chamei a esta árvore um plátano, depois um choupo-negro e agora finalmente um choupo-branco, vivendo e aprendendo.

 

 

Há 8 anos, em 2016 a árvore estava mais pequena, como se pode constatar na imagem seguinte, que foi tirada exactamente do mesmo local

 

E em 27/Mar/2008, poucos dias depois do início do blogue, postei esta imagem ainda da mesma árvore, desta vez vista de outro local

 





2024-03-20

Guerra Israel-Palestina em Gaza

 

Há mais de 2 meses que não publico posts sobre a guerra entre o Estado de Israel e os Palestinos, com maior incidência no território de Gaza, de onde partiu um ataque terrorista hediondo em 7/Out/2023, causando cerca de 1200 mortes, talvez 900 civis e 300 militares e 200 reféns levados para Gaza, organizado pelo HAMAS, grupo político-militar que geria o território de Gaza desde as eleições de Jan/2006 que ganhou à Fatah com 42,9% dos votos e 56% dos deputados. Desde 2006 não se realizaram mais eleições na faixa de Gaza.

Desde esses 2 meses tenho acompanhado com consternação os ataques do exército de Israel à faixa de Gaza, distanciando-me cada vez mais da actuação do Estado de Israel pelo qual tive em tempos grande consideração.

O que está a acontecer em Gaza, no contexto do indiscutível direito do Estado de Israel a se defender de ataques de que foi vítima, é completamente desproporcional pelas seguintes razões:
- causou mais de 30000 vítimas mortais e naturalmente maior número de feridos, resultantes dos bombardeamentos massivos sobre todo o território destruindo mais de 50% dos edifícios;
- cortou de forma permanente o abastecimento de água, electricidade, combustível;
- bloqueou a entrada de alimentos e medicamentos quer a partir de Israel quer do próprio Egipto;
- bombardeou hospitais deixando dois terços inactivos e os restantes sem capacidade de realizar cirurgias, com poucos medicamentos e sem analgésicos;
- invadiu hospitais e recentemente maltratou médicos dum hospital como descrito nesta reportagem da BBC e nesta referência também da BBC a pedido de informação do ministro dos negócios estrangeiros David Cameron;
- bombardeou escolas e instalações da UNRWA (humanitários da ONU);

Mostro a seguir uma figura da BBC Verify sobre a destruição da faixa de Gaza pelo exército de Israel
 


e outra, em que gerei um ficheiro .GIF (https://ezgif.com/maker) com dois instantâneos dum video do mesmo sítio da BBC, sobre a dinamitação dos edifícios da Universidade Israa(Palestina) ( )

 
 

 O que se está a passar em Gaza trata-se de limpeza étnica, uma prática reiterada do Estado de Israel desde a sua criação, com aspectos de início de genocídio.

Deixei de acreditar nos comunicados do exército de Israel bem como do seu Governo.


 

2024-03-19

Cartograma da População do Mundo por País

 

Cheguei a uma curiosa representação da população mundial de 2018 organizada por países, em que cada país tem uma área proporcional às pessoas que nele vivem.

Julgo que já tinha visto mapas em que cada país ocupava uma área proporcional a uma característica diferente da área que ocupava, mas com a globalização a dimensão da população torna-se ainda mais importante do que sempre foi.

Claro que esta representação tem limitações dado numerosas arbitrariedades quer inevitáveis, como por exemplo a implícita de se considerar os países povoados de forma homogénea, quer devidas a escolhas difíceis como por exemplo representar a parta siberiana da Rússia ou a zona do deserto do Sara.

Este trabalho foi concluído por Max Roser em 12/Set/2018, no âmbito da organização Our World in Data e compreendo que tenha quase 6 anos pois trata-se de um trabalho delicado, difícil de automatizar. Por esta altura a Índia já deve ter ultrapassado a China.

Clicando no mapa ele ocupará o monitor e poderá ser ampliado

 




2024-03-15

Legítima Defesa no Metro de Nova Iorque usando arma do atacante

 

Nesta notícia da BBC contam a história duma rixa no metropolitano de Nova Iorque no meio duma multidão, entre um homem de 32 anos e outro homem de 36 anos. O de 36 anos sacou uma pistola que foi usada pelo de 32 anos para lhe dar um tiro na cabeça. O atingido ficou mal mas alegadamente estável.

Desta vez a recomendação da National Rifle Association, que defende a tese que para evitar ser morto é melhor andar armado, não prevaleceu. Neste caso o perigo esteve precisamente em tentar usar a sua arma e quem se safou foi o que aparentemente não estava armado.

O recente envio da Guarda Nacional para o Metro de Nova Iorque a fim de garantir a sua segurança foi justificado mas ainda não produziu efeito.


2024-03-13

Raio de Luz sobre Natureza Quase Estacionária

 

 

Anteontem ao fim da tarde, quando durante um período curto  entra um raio de sol por uma janela da sala tipo fresta, orientada a poente, tive a oportunidade de tirar esta foto.

Pensei que não se tratava duma Natureza morta pois dessa qualidade apenas tinha o pot-pouri dentro da tigela do lado esquerdo. Depois reparei que a madeira das superfícies horizontais já fizera parte de uma planta viva.

A cena ainda contém um vaso cerâmico chinês com uma planta viva, contrariando a classificação de Natureza morta.

Os diversos objectos metálicos. de vidro de porcelana, de acrílico e de nylon não estão vivos nem mortos, são produtos naturais inanimados porque foram produzidos por vários animais da espécie homo sapiens.

Todos eles se movem pouco, donde a classificação de Natureza Quase Estacionária, possivelmente uma deformação de engenheiro electrotécnico habituado ao estudo de sistemas eléctricos também denominados quase-estacionários.

Além de gostar das formas dos objectos da imagem aprecio a forma como alguns dos objectos, designadamente a cópia que fiz duma escultura do Naum Gabo, que já mostrei noutros posts, irradia a luz que a atravessa, bem como a taça com tampa de vidro vermelho que tinge a escultura e a sua base, e que mostrei aqui menos iluminada.

 

 


 

2024-03-09

A Crónica de João Silvestre prevendo os resultados eleitorais

 

A habitual crónica semanal de João Silvestre na página 2 do caderno de Economia do jornal Expresso tem uma análise cuidadosa e bem humorada do que as sondagens têm apurado sobre as próximas eleições de amanhã, dia 10 de Março de 2024.

Resumindo :

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Aqui vai uma previsão (quase) infalível para as legislativas de domingo: a AD terá entre 14% e 50% e o PS ficará entre 13% e 46%.

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2024-03-05

Colonizar África



Talvez na sequência do post anterior, em que escrevi sobre o livro “Portugal e o Futuro” de António de Spínola, tenha feito alguma busca na net tendo então chegado a estes dois mapas de África (Scramble-for-Africa-1880-1913.png), que encontrei na Wikipédia, o da esquerda mostrando diversas organizações politicas existentes em África antes da colonização feita pelos países Europeus no século XIX.


Clicando sobre a figura os mapas aparecem maiores, sendo então possível ver os textos e as legendas das cores.

Cheguei depois a uma versão posterior (Scramble-for-Africa-1880-1913-v2.png) ( ) do ficheiro que mostrei acima, constatando-se bastantes informações adicionadas entre as duas versões.

 

Os textos estão em inglês mas na entrada em inglês da Wikipédia intitulada “Scramble for Africa” aparecem mapas com algumas diferenças em relação a estes.

Fui entretanto averiguar a história dos dois ficheiros que resumo a seguir:

- Ficheiro Scramble-for-Africa-1880-1913.png
Par de mapas de “davidjl123 / Somebody500”, iniciado em 2014, com várias actualizações até 2016, seguidas de uma em 2019 e duas de 4/Nov/2021. Depois de várias informações e da lista de actualizações vem uma lista de sítios que referem esta imagem, entre os quais se encontra a versão em Português intitulada “Partilha de Àfrica” da versão em inglês “Scramble for Africa”.

- Ficheiro Scramble-for-Africa-1880-1913-v2.png
Par de mapas de “Somebody500”, iniciado em Julho/2020m com várias actualizações até 4/Ago/2023. Tem também uma lista com sítios da net que usam esta mapa

Os mapas são sugestivos e certamente alguma da informação apresentada não é contestada mas alguma outra será provavelmente polémica.

Revisitei o meu livro de História do 5º ano do liceu (actual 9º ano), onde não existiam estes mapas coloridos, tendo referência ao nosso mapa cor-de-rosa que teria unido Angola a Moçambique, projecto que teria sido impeditivo do projecto inglês de ligar a cidade do Cabo ao Cairo, desculpa fraca quando o mapa mostra bem que a colónia alemã do Tanganika também era um bloqueador desse desígnio britânico.

O livro único do liceu reflectia o pensamento dominante do regime do Estado Novo. Geralmente os livros da escolaridade obrigatória são veículos do pensamento dominante do país na altura em que são impressos. Em regimes autoritários como o do Estado Novo traduzem sem nuances o pensamento das autoridades. Em regimes democráticos também reproduzem o pensamento dominante mas nesse caso incorporando algumas variantes pois o pensamento não é tão monolítico.

Aprendi então nesse livro que enquanto os Portugueses diziam que a nossa presença em paragens aficanas tinha séculos, o que era verdade, as outras potências europeias alegavam que essa presença se tinha limitado ao litoral, em postos comerciais, não havendo uma verdeira ocupação do interior. Além disto argumentavam ainda que Portugal não tinha habitantes suficientes para ocupar áreas tão vastas.

Por essa altura, talvez espicaçados pela urgência do reconhecimento do interior para contrabalançar o interesse das potências europeias Portugal empreendeu várias explorações de reconhecimento do interior.

Os mapas acima parecem reflectir a evolução do  reconhecimento reivindicado por Portugal, primeiro umas finas línguas de terra na primeira versão, em Moçambique com o rio Zambeze como via de penetração do interior, com áreas maiores na segunda versão. Acabo por achar que a diplomacia Portuguesa foi bem sucedida na Conferência de Berlim, pois os territórios de Angola e Moçambique eram verdadeiramente gigantescos em relação às nossas possibilidades para os desenvolver/explorar como se constata neste “Mapbite” (soundbite na versão mapa) que vi pela primeira vez quando decorria a guerra colonial de 1961-74

 

A propósito da nossa memória como sociedade, da nossa relação com África, refiro a expressão comum em Português “meter uma lança em África”, para designar a vitória sobre uma grande dificuldade. Já com a China ficou-nos a memória de “um negócio da China” para qualificar um negócio com grandes ganhos.

 Ao olhar o mapa de África mesmo na segunda versão reparei que a “terra incognita” em 1880 ainda era muito grande. Além dos desertos do Sara e da Namíbia, o interior no que agora é o Congo, com a sua densa floresta tropical e consequente ausência de vias de comunicação será a explicação mais verosímil. Fui também surpreendido pela falta de conhecimento da África Oriental, o canal de Suez foi inaugurado em 1869, antes da sua existência toda a costa oriental de África estava mais longe da Europa do que a ocidental e a prioridade dos barcos que por lá passavam era chegarem à Índia e ao Extremo Oriente.

Fui verificar agora a distância por barco, sem ser à vela, de Lisboa a vários destinos, resultados que se aplicam também aos países do Norte da Europa pois têm que passar próximo de Lisboa:

Lisboa – Luanda: 7500km
Lisboa –Maputo via rota do Cabo: 12000km (+4500km, +60%)

Lisboa –Maputo via Canal do Suez: 12250km
Como de Maputo ao ponto mais ao Norte da costa de Moçambique são cerca de 2000km para todos os países ao norte de Moçambique o trajecto marítimo a partir de Lisboa é bastante mais curto via canal do Suez. Em Moçambique, mesmo para Inhanbane, apenas uns 300km a norte do Maputo, já a rota do Suez é mais curta do que a rota do Cabo.
Para Lisboa - Mombaça por Suez: 9700km, via Cabo: 14700km

Por Via aérea:
Lisboa – Luanda 5800km,    7,2h @800km/h
Lisboa – Maputo 8300km, 10,4h @800km/h  (+2500km, +3,2h, +43%)

Constatei a minha enorme ignorância sobre as distâncias entre Portugal e Angola e Moçambique, revelando mais uma vez a minha falta de interesse pelas colónias africanas de Portugal, causa da nossa participação na guerra de 1914-18 e na guerra colonial de 1961-74 na Guiné, Angola e Moçambique.