De vez em quando procuro na internet livros que li ou mesmo que tenho em casa, para enviar um conjunto de páginas de um livro específico a um amigo ou mesmo para apresentar uma página num post sobre um tema específico, quando é mais fácil do que fazer uma digitalização.
Normalmente recorro ao Google para localizar uma versão digital, ao Google Books e ao Scribd, não tendo até agora comprado ebooks nem feito buscas em Bibliotecas digitais que deixam ver os livros com restrições que talvez se chamem "Digital Rights Management".
Em 1982 comprei em Inglaterra "The Hamlyn Historical Atlas" publicado em 1981 de que apresento a capa,
seguida do mesmo mapa, com maior definição e legenda que acompanha o mapa mais completo que está no meio do livro, abrangendo mais área ao norte, onde mostra zonas de produção de metal em Estocolmo e interior sueco um pouco mais para Oeste.
Trata da densidade populacional na Europa em 1620 e de algumas actividades económicas em que as áreas mais carregadas correspondem a mais de 40 habitantes por km2. Os tons quentes (vermelho a amarelo) são as zonas em que a população crescia, os tons verdes para populações estáticas e as azuis/cinzentas para as em declínio, designadamente península ibérica, Córsega e Sardenha.
Para melhorar a legibilidade da legenda usei uma escala maior do que a do próprio mapa pelo que a escala da legenda está aumentada, afectando os segmentos de recta dos km e os símbolos das cidades. Parece-me que as duas cidades mais populosas de então (acima de 250.000) seriam apenas Londres e Nápoles e Lisboa teria entre 80-120.000 habitantes.
O atlas é eurocêntrico no sentido de ser escrito por um historiador europeu, naturalmente mais interessado por assuntos que influenciam a comunidade em que vive, incluindo também o resto do mundo, sobretudo quando houve mais fortes interacções com a Europa.
Na introdução o autor refere as angústias de definir o traçado de cada linha das dezenas de mapas apresentados, essas linhas não podem ser consideradas verdades absolutas.
Quanto a Portugal notei que como agora temos cerca de 100 habitantes por km2 não houve um declínio populacional permanente nos últimos 400 anos. Notei que já nessa época existiam duas áreas mais populosas à volta de Lisboa e à volta dop Porto, é um país bipolar. De actividade industrial notei actividade textil um pouco ao norte de Lisboa. As minas de cobre de S.Domingos, que existem desde os romanos, aparentemente não tinham dimensão suficiente para serem mencionadas
Acompanhando os mapas o atlas contém muitas páginas de texto com uma síntese notável da história da humanidade. Dessas ficou-me uma expressão que
«a igreja de Roma era uma espécie de "fantasma" (ghost, talvez "espírito") do Império Romano»
frase de que me lembrei quando das cerimónias fúnebres do Papa João Paulo II, assistidas por chefes de Estado vindos de todo o planeta como mostro na figura seguinte (retirada da Wikipédia)
em que os cardeais estão de vermelho, outros dignitários da Igreja de roxo, os chefes de Estado estão de costas para o fotógrafo, vendo-de várias cabeças protegidas por kéfiés (lenços árabes para a cabeça).
O caixão simples de madeira está na extremidade esquerda da fotografia, tendo em cima um livro com os Evangelhos.
Agora googlei (church as ghost of the roman empire) e fui dar a uma citação de Thomas Hobbes "...the papacy is no other than the ghost of the deceased Roman Empire...", parece ser portanto uma referência antiga na cultura anglo-saxónica a que recorreu o autor do atlas.
Passando agora ao acesso ao livro “The Hamlyn Historical Atlas” numa Biblioteca Online, o Google encaminhou-me para "Internet Archive: Digital Library of Free & Borrowable Books, Movies, Music & Wayback Machine”
Nesta biblioteca pode-se fazer o “borrow” por uma hora ou por 14 dias. A opção “por uma hora” coloca mais limitações na vizualização, apenas a opção por 14 dias permite fazer download dum “Encripted Adobe pdf”. Escolhi “Get Encripted Adobe pdf”que contém imagens de maior qualidade das páginas embora o ficheiro associado seja maior.
Ao fazer este download obtém-se um ficheiro URLLink.acsm. Este ficheiro, que abri com Notepad pois não tinha aplicação associada, continha referências ao livro Hamlyn mas não o conteúdo propriamente dito deste. Googlando .acsm constatei que precisava de instalar o Adobe Digital Editions para que este pudesse ir buscar à “Internet Archive” o conteúdo
do “The Hamlyn Historical Atlas”.
Depois de instalar o Adobe Digital Editions, na execução inicial prescindi por enquanto do Adobe_ID o que me limita as consultas ao PC em que foi instalado, ficando de fora outros PCs, tablets e telemóveis que eventualmente use, ou venha a usar. Durante a instalação a extensão .acsm ficou associada ao Adobe Digital Editions.
Abrindo então o ficheiro URLLink.acsm este invocou o Adobe Digital Editions que foi ao sítio do “Internet Archive...” e colocou o ficheiro “The Hamlyn historical atlas.pdf” numa pasta “My Digital Editions”. Tentando abrir este ficheiro com o Acrobat Reader recebe-se a mensagem que ele precisa de programa que gira DRM (Digital Rights Management), sugerindo que se use o Adobe Digital Editions. Aceitando a sugestão pode-se ver o livro de forma melhor que com o vizualizador dos empréstimos horários mas bastante mais limitado do que com o Acrobat Reader que, para estes ficheiros com DRM não está disponível.
Entretanto “devolvi” o livro à Biblioteca mas continuei a conseguir ler o livro o que presumo continuar a acontecer durante 14 dias.