2021-06-27

A propósito do Museu Calouste Gulbenkian

 

Recebi mais Novidades do Museu Gulbenkian na forma desta Newsletter 

que referi aqui, Newsletter que pode ser subscrita no sítio do Museu, em que basta dar o endereço de email.

Tenho um fraquinho por estas imagens de cores sólidas (praticamente uniformes) como feitas com guaches, não sei se como oportunidades perdidas nas aulas de Desenho dos tempos do liceu se como memória de muitas histórias de Banda Desenhada.

Recorri ao Google Images com esta imagem retirada da mensagem da Gulbenkian

e o Google sugeriu que o instrumento de sopro mostrado na figura seria um Paixiao uma flauta parecida com as flautas de Pan usadas na Europa e América do Sul.

O Google referiu também vídeo da cantora Ling Ling H.Peng cantando "Trois Chansons de Bilitis" de Debussy.

A segunda página da procura do Google refere ainda um sítio onde aparece este texto

" 프랑스 일러스트 레이터
George Barbier의 그림 34"

que o Google traduziu do coreano para  português 

"ilustrador francês 

Figura 34 por George Barbier"

e esta imagem (entre outras):


No Museu Gulbenkian vendem vários posters e postais identificados como:

Museu Calouste Gulbenkian
LES CHANSONS DE BILITIS
Trad. Pierre LOUYS, Ilustrações de Georges BARBIER gravadas em madeira por F.L.SCHMIED 
Paris, Corrard, 1922

de que mostro 3 exemplos:


Procurando na net constata-se que "Les Chansons de Bilitis" são um conjunto de poemas eróticos publicados em1894, alegadamente originais de Bilitis, uma grega que teria vivido na ilha de Lesbos no século VI AC, conjunto esse traduzido por Pierre Louÿs (1870-1925), cuja mãe era sobrinha-neta do general Junot, comandante da 1ª invasão de Portugal por tropas napoleónicas.
 
Na realidade trata-se de uma obra do próprio Pierre Louÿs usando uma variante de pseudónimo.

O compositor Claude Debussy, seu amigo, musicou em 1897 um conjunto de três das Canções de Bilitis de que existe esta edição da Deutsche Grammophon:
 
 
O quadro da capa do disco é de August Macke (1887-1914), o título começa por "Banhistas", está num museu de Munique e por coincidência referi-o num post de 2013.
 
Desde a publicação do livro que muitos artistas contribuíram para a sua ilustração, conforme refere na Wikipédia. Talvez o mais conhecido seja George Barbier(1882-1932), referido pelo Museu Gulbenkian no verso dos postais como ilustrador duma edição de 1922, conforme escrevi acima.


2021-06-18

Smørrebrød ou Canapés?

 

Quando fui fui pela primeira vez à Dinamarca em 1971, na viagem de fim de curso, que na altura se fazia procurando patrocínios de fabricantes de equipamentos (no meu caso eléctricos) para fazermos visitas de estudo às suas fábricas na Europa, nessa altura encontravam-se mais coisas desconhecidas nas lojas do que agora.

Uma delas era o Smørrebrød que em inglês se traduz por "open sandwich", em português por "sanduíche aberta", uma fatia de pão com alguma comida em cima, sem a fatia de cima da sanduíche, de que mostro alguns exemplos, numa imagem deste sítio a que cheguei googlando Smørrebrød


Na Wikipédia vi agora que em dinamarquês Smørrebrød significa "pão com manteiga" o que me fez lembrar a "sopa-de-pedra" portuguesa. No nosso caso parte-se de uma sopa apenas com água e uma pedra e vão-se adicionando alimentos  para ficar melhor. Na Dinamarca parte-se de uma base mais alimentícia, uma fatia de pão de centeio barrada com manteiga e enriquece-se essa base, mantendo também no resultado final o nome inicial.


Quando em 1978 fiz um estágio de  duas semanas num fornecedor de sistemas de telecontrolo tomei contacto com versões mais espartanas do Smørrebrød, as que serviam de almoço aos programadores desses sistemas. 

Constavam de duas ou três Smørrebrød, normalmente com pão de centeio mas também existiam fatias de  pão de trigo, barradas com manteiga, por cima colocavam queijo fatiado, carnes frias ou salmão, com um "acompanhamento" por cima constituído por uma colher de sopa de salada russa ou mais frequentemente "water cress", uma variante de agrião, criado em pequenos tabuleiros de plástico vendidos nos supermercados com o aspecto da imagem ao lado que o google indicou para (danish water cress). 

Estes rebentos são colhidos quando têm 4 ou 5 cm de altura usando uma tesoura para cada pequeno molhe colhido no momento para um Smørrebrød. É possivel que também usassem um molho chamado "Remoulade" que evito sempre que posso.

Em jantares informais entre amigos por vezes colocam na mesa dois ou três tipos de pães, queijo, carnes frias e salmão e cada conviva prepara os seus Smørrebrød.

Era frequente o uso de garfo e faca no consumo dos Smørrebrøds.


Na procura de jantares que ajudem a manter o peso corporal aproximadamente constante, considerando que aprecio manter o exercício físico limitado a caminhadas diárias, tenho recorrido a saladas, canapés e sanduíches precedidas de sopa e seguidas de uma peça de fruta.

Desta vez, no prato principal coloquei sobre uma fatia de pão de forma sem côdea um pouquinho de maionese apenas para segurar uma folha de alface (da próxima vez talvez barre o pão com manteiga...), depois uma fatia de queijo flamengo seguida de uma fatia de fiambre. Sobre esta coloquei 4 rodelas de pepino que passei a descascar previamente, um pouco de molho cocktail sobre cada rodela de pepino. Sobre o molho cocktail metade dum tomate tipo cereja ficou assim uma espécie de Smørrebrød geométrico, como se vê a seguir


 

Depois lembrei-me que esta espécie de  Smørrebrød se podia com facilidade transformar em 4 canapés:



2021-06-16

Portugal - Hungria (3-0) em 15/Jun/2021

 

Abrindo uma excepção neste blogue para referir um jogo de futebol, do Euro 2020 programado para esse ano mas que foi adiado para 2021, com os 33 passes envolvendo toda a equipa de Portugal, com excepção do guarda-redes, que culminaram no 3º golo deste jogo, finalizado por Cristiano Ronaldo

 


2021-06-14

Feijão

 



Tenho alguns feijões e grãos-de-bico que usei há anos para mostrar a germinação de sementes aos netos e noutro dia voltei a tentar germinar alguns, colocando-os em algodão encharcado em água. 

Demoraram muito tempo sem germinar, talvez passados estes anos tenham ficado incapazes, coloquei-os sobre terra e 2 feijões acabaram por germinar.

Desses dois apenas um vingou, o outro ficou com os cotilédones já longe da terra mas sem gerar caule mais folhas.

Entretanto o que germinou com sucesso gerou folhas dum tamanho que nos surpreende todos os dias, ao ponto de hoje o ter fotografado para mostrar aqui no blogue.

Quando vejo feijões a germinar lembro-me sempre duma história infantil em que um pé de feijão crescia tão depressa e tão alto que um menino trepou por ele acima até ao céu. A wikipédia diz que esta história do "João e o Pé de Feijão" faz parte de tradição oral inglesa.

2021-06-13

Três Tipuana Tipu bébés

 

Já tenho mostrado algumas imagens de Tipuana Tipu, por exemplo aqui e aqui, árvores cada vez mais frequentes em Lisboa e que estão agora a florir, cobrindo-se de amarelo.

Há uns tempos trouxe para casa 4 sementes como esta

https://i0.wp.com/blog.growingwithscience.com/wp-content/uploads/2011/12/mystery-seed-94-2.jpg 

desta árvore, sementes que ao cair voam como helicópteros, aumentando a distância entre a árvore mãe e o sítio onte "aterram". 

Coloquei as sementes num pequeno vaso e 3 delas germinaram passadas umas 2 ou 3 semanas, cheguei a duvidar que germinassem.

Agora fotografei o vaso (que tem 10cm de diâmetro) que está assim:

 

De uma das sementes brotaram 2 ramos e existem umas plantas com umas folhas muito pequenas provenientes de sementes que deviam estar adormecidas na terra deste vaso. Não sei se irei ficar com um Bonsai ou se entretanto estas plantas morrem no Verão por falta de água.

Custa acreditar que estas plantas tão pequenas possam originar, em terreno apropriado passados alguns anos, árvores com esta


ou, passados mais alguns anos, árvores como esta

São o resultado do programa existente na semente e das condições ambientais em que têm vivido.

 

2021-06-12

Representações de Plantas

 

Gostei muito deste anúncio da Architectural Review em que divulgam a disponibilidade de impressões de capas (cover prints) dessa revista até 28Jun2021:

 




A RTP e as Touradas

 

A apresentação da Revisão do Contrato de Concessão do Serviço Público de Rádio e de Televisão que foi colocada à discussão pública de 3 a 31/Maio/2021 contém entre outras a frase "Valoriza-se igualmente a promoção dos direitos humanos, da igualdade, da sustentabilidade ambiental e do bem-estar dos animais."

Parece uma frase inócua que poderia ser subscrita pela maior parte da população portuguesa mas afinal parece que alguns receiam que a referência ao "bem-estar dos animais" possa servir de justificação para não transmitir touradas no Serviço Público de Rádio e Televisão de Portugal.

Efectivamente nas touradas não se valoriza o bem-estar dos animais.

Não vou repetir aqui os argumentos contra e a favor das touradas, alguns dos quais referi em dois posts deste blogue:

- O Touro, a Lagosta e o Templo Jain de Ranakpur em 2010-10-01;

- As touradas revisitadas, em 2018-11-20 sobre a proibição de touradas na Catalunha.

Surpreende-me que continuem a existir tantos defensores das touradas, é possível que se integrem no espírito de contradição tão nacional: se existe deve acabar, se se pretende acabar é imperioso que continue. 

Sou a favor de que as touradas deixem de ser transmitidas na RTP e faço votos para que num futuro não muito distante deixe de haver público para um espectáculo que considero reprovável.


2021-06-01

Gleditsia Triacanthos

 
A árvore que mostrei no antepenúltimo post e que volto a mostrar a seguir


chamou-me a atenção pelo contraste das folhas jovens verde-claras com as dum tom verde mais escuro, como se pode ver neste detalhe da mesma imagem da copa da árvore


Fotografei as folhas com mais detalhe para possibilitar a identificação desta planta



e sabendo agora, pela informação dos autores do blogue Dias com Árvores, que se trata duma Gleditsia Triacanthos fui verificar o significado de "pinnately compound" da expressão “The leaves are pinnately compound”. Assim cheguei ao  Glossário da morfologia das folhas com uma introdução que apreciei pois embora esta entrada da Wikipédia tenha numerosas figuras com os nomes associados, os autores informam-nos na introdução que estas designações não têm um significado normalizado sendo usadas de forma nem sempre coincidente por diversos autores.

Infelizmente este glossário não tem versão em português mas a palavra “pinnately” apontava para a entrada “Pinnation” com “Pinado” na versão em português. Do que vi na aí e na foto concluí que a folha da Gleditsia Triacanthos é pinaticomposta, paripinada e nuns casos opositipinada, noutros alternipinada.

Deixo ainda uma foto obtida por baixo da copa da árvore


 Esta árvore está em Lisboa na rua Cidade de Bissau entre os entroncamentos com as ruas Cidade de Luanda e Cidade de Bolama (38°45'42.2"N 9°06'43.2"W). Na Street View do Google Maps a imagem é de Nov/2020, a árvore está com muito poucas folhas e com algumas vagens, como seria de esperar, pois os frutos desta planta amadurecem no princípio do Outono.

Na rua Cidade de Bolama existiam uns choupos negros majestosos que deviam ter uns 30 metros de altura chegando ao 9º andar dos prédios mas a Câmara Municipal retirou-os porque estavam a esgalhar e ameaçavam danificar automóveis e passantes. Em substituição plantaram várias Gleditsia Triacanthos de que fotografei uma em 29/Abr/2007, que estará provavelmente em 38.76152317221286, -9.113775257428868 e da qual mostro a foto seguinte


 
Existem árvores como os choupos ou os ciprestes em que não é habitual podar os ramos. Mas nos ambientes urbanos é frequente moldar o formato das árvores às conveniências ou dos serviços do município ou dos habitantes que lhes são próximos. Nestes casos é uma tarefa inglória tentar identificar uma árvore pela forma actual, que muitas vezes lhe foi dada por uma poda mais ou menos profunda.

As árvores das cidades no Japão são um exemplo extremo de podas minuciosas, requerendo muitos jardineiros como documentei nesta imagem deste post de Maio/2014