Quando fui fui pela primeira vez à Dinamarca em 1971, na viagem de fim de curso, que na altura se fazia procurando patrocínios de fabricantes de equipamentos (no meu caso eléctricos) para fazermos visitas de estudo às suas fábricas na Europa, nessa altura encontravam-se mais coisas desconhecidas nas lojas do que agora.
Uma delas era o Smørrebrød que em inglês se traduz por "open sandwich", em português por "sanduíche aberta", uma fatia de pão com alguma comida em cima, sem a fatia de cima da sanduíche, de que mostro alguns exemplos, numa imagem deste sítio a que cheguei googlando Smørrebrød
Na Wikipédia vi agora que em dinamarquês Smørrebrød significa "pão com manteiga" o que me fez lembrar a "sopa-de-pedra" portuguesa. No nosso caso parte-se de uma sopa apenas com água e uma pedra e vão-se adicionando alimentos para ficar melhor. Na Dinamarca parte-se de uma base mais alimentícia, uma fatia de pão de centeio barrada com manteiga e enriquece-se essa base, mantendo também no resultado final o nome inicial.
Quando em 1978 fiz um estágio de duas semanas num fornecedor de sistemas de telecontrolo tomei contacto com versões mais espartanas do Smørrebrød, as que serviam de almoço aos programadores desses sistemas.
Constavam de duas ou três Smørrebrød, normalmente com pão de centeio mas também existiam fatias de pão de trigo, barradas com manteiga, por cima colocavam queijo fatiado, carnes frias ou salmão, com um "acompanhamento" por cima constituído por uma colher de sopa de salada russa ou mais frequentemente "water cress", uma variante de agrião, criado em pequenos tabuleiros de plástico vendidos nos supermercados com o aspecto da imagem ao lado que o google indicou para (danish water cress).
Estes rebentos são colhidos quando têm 4 ou 5 cm de altura usando uma tesoura para cada pequeno molhe colhido no momento para um Smørrebrød. É possivel que também usassem um molho chamado "Remoulade" que evito sempre que posso.
Em jantares informais entre amigos por vezes colocam na mesa dois ou três tipos de pães, queijo, carnes frias e salmão e cada conviva prepara os seus Smørrebrød.
Era frequente o uso de garfo e faca no consumo dos Smørrebrøds.
Na procura de jantares que ajudem a manter o peso corporal aproximadamente constante, considerando que aprecio manter o exercício físico limitado a caminhadas diárias, tenho recorrido a saladas, canapés e sanduíches precedidas de sopa e seguidas de uma peça de fruta.
Desta vez, no prato principal coloquei sobre uma fatia de pão de forma sem côdea um pouquinho de maionese apenas para segurar uma folha de alface (da próxima vez talvez barre o pão com manteiga...), depois uma fatia de queijo flamengo seguida de uma fatia de fiambre. Sobre esta coloquei 4 rodelas de pepino que passei a descascar previamente, um pouco de molho cocktail sobre cada rodela de pepino. Sobre o molho cocktail metade dum tomate tipo cereja ficou assim uma espécie de Smørrebrød geométrico, como se vê a seguir
Depois lembrei-me que esta espécie de Smørrebrød se podia com facilidade transformar em 4 canapés:
3 comentários:
Embora smør signifique «manteiga» e brød signifique «pão», e de facto smørrebrød muitas vezes leve manteiga, parece-me que «pão com manteiga» não traduz bem smørrebrød, porque pão com manteiga, diz-se, em princípio, «brød med smør». E embora seja de facto uma sanduíche aberta, smørrebrød é diferente das sanduíches abertas que se servem na Alemanha ou na Suíça, por exemplo. Enfim, smørrebrød é smørrebrød...
Se digo que o pão é muitas vezes, e não sempre, barrado com manteiga, é porque pode também ser barrado com banha temperada (krydderfedt) ou com banha com bocadinhos de cebola tostada (fedtegrever).
Como o José Júlio diz, num almoço normal, cada um compõe o seu smørrebrød como quer e não é obrigado a seguir outra regra que não seja o seu gosto; mas há preceitos, ou, se se quiser, maneiras normais de o compor: arenque come-se, em princípio, com cebola crua e ovo cozido, por exemplo; pasta de fígado (aquecida, de preferência) com beterraba de conserva, etc.
Levado a sério, como algumas pessoas levam, smørrebrød é uma ciência. Aliás, há cursos de smørrebrødsjomfru («menina do smørrebrød»), que são cursos profissionais de três anos depois de terminada a escola primária, ou seja, depois da 9ª classe. Dão acesso a quatro categorias profissionais (chefe de smørrebrød, menina de smørrebrød, assistente de smørrebrød e ajudante de smørrebrød), com salários entre os 3.000 e os 3650 Euros (o que, na Dinamarca, é um salário baixo).
Olá Vítor,
Quando passei 2 semanas em 1978 e depois em 1979 em Copenhaga, nessa altura os dinamarqueses diziam, a propósito da economia, que estavam a ir para o inferno mas viajando em 1ª classe. Nas lojas ficava-me a sensação que a gama de artigos começava onde a de Portugal acabava, o nosso topo de gama era a gama baixa deles. Existe salário mínimo ou são os sindicatos que tratam disso?
Não há salários mínimos definidos por lei, só acordos coletivos de trabalho. E esses acordos funcionam bem, mesmo ser ter força de lei; todos os respeitam. O Estado é o maior empregador, mas nem sempre diretamente. Por exemplo, professores, enfermeiras/os e outros tipos de pessoal de saúde, funcionários dos serviços sociais e vários outros tipos de funcionários públicos têm contratos com as comunas (98) ou com as regiões (5), que são as divisões administrativas do país e não com os ministérios e o governo não têm nada a ver com a contratação desses funcionários públicos.
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