Com tanta água nos posts anteriores e este calor, embaraçoso para quem previu o Verão mais frio dos últimos muitos anos, é mais que tempo de mostrar umas banhistas.
Fotografei este quadro num museu de Munique e, já não me lembrava do nome do pintor, mas o Google Images identificou-o logo como sendo de August Macke, e a obra como "Badende Madchen mit Stadt im Hintergrund" traduzível por "Raparigas banhando-se com cidade ao fundo". O título é muito explicativo, eu não tinha reparado que havia uma cidade representada no quadro, o meu olhar era mais atraído pelas banhistas.
Vê-se que o pintor morreu no ano dos seus 27 anos, foi uma vítima da primeira guerra mundial, em que os velhos da classe dominante mandaram os seus filhos e netos servir de carne para canhão e ao contrário da história do Abraão e seu filho Isaac, desta vez Deus não enviou o seu anjo para suster a mão do carrasco.
Em muitas áreas da actividade humana a nossa tendência para a carneirada leva a que se valorize excessivamente alguns autores em relação a outros, por vezes com um talento equivalente.
É conhecido o teste que fizeram com um músico muito famoso, que foi tocar para o metropolitano de Washington, tendo recebido algumas moedas mas não conseguindo juntar as multidões que esgotam os concertos em que toca.
Ou recentemente com a J.K.Rowling que escreveu um livro sob pseudónimo, que recebeu uma muito boa crítica mas conseguindo apenas vender 1500 exemplares até ao momento em que revelaram quem era o autor, altura em que as vendas dispararam. Neste caso o autor não só tinha um talento comparável ao de J.K.Rawling como tinha exactamente o mesmo telento de J.K.Rawling pois era a J.K.Rawling!
Houve qualquer coisa de muito positivo que se passou na pintura em Paris, este pintor também passou por lá, mas a diferença de talento entre pintores tão pouco é bem quantificada pelos valores monetários pelos quais as obras se transaccionam ou pela fama relativa que têm. Os pintores alemães estão na sua maioria no clube dos pouco famosos.
Fiquei agradavelmente surpreendido ao saber através da Wikipédia que este pintor tinha sido muito influenciado por Robert Delaunay, os círculos do quadro tinham-me levado a pensar nele. E divagando pela Wikipédia constatei que Delaunay e a sua mulher Sonia viveram entre 1915 e 1917 em Vila do Conde, afinal bastante perto das margens do rio Lima, de que falei nos 3 posts anteriores!
Como é possível dizer que a Europa não existe?
2 comentários:
"os pintores alemães estão na sua maioria no clube dos poucos famosos"?
Lendo isto em Berlim, claro que tinha de rir. É mesmo uma questão de perspectiva. ;-)
(Sugiro que procure quadros do movimento "Brücke" e do "Blauer Reiter" - suspeito que vai lá encontrar muitos conhecidos na área do expressionismo)
Helena, não duvido que existam muitos pintores alemães talentosos. O seu comentário levou-me a uma pequena divagação no post seguinte, que apareceu tardio porque tirei mais uma semaninha de férias.
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