Provavelmente porque falo muito sobre os ideogramas chineses e o grande número de alfabetos actualmente em uso, um amigo emprestou-me um livro muito interessante sobre estes temas.
Trata-se da primeira edição no Reino Unido (1995) de “The Story of Writing” de Andrew Robinson, com paperback em 2000 e reimpressão em 2003. Na net só descobri a imagem ao lado da 2ª edição.
Neste wiki diz que Andrew Robinson frequentou o colégio de Eton, interessou-se por Química e depois estudou na School of Oriental and African Studies em Londres. Foi editor literário to “Times Higher Education Supplement” e é agora escritor a tempo inteiro.
O autor segue uma corrente linguística recente considerando incorrecto o termo “ideograma” para os caracteres chineses, preferindo o termo “logograma”, sublinhando o papel fonético que cada carácter também tem. A lista que segue, ordena qualitativamente o carácter mais fonético ou mais “logográfico” das diversas línguas:
Fonografia pura (grafismos representam sons) (Phonography em inglês)
- Notação fonética
- Italiano
- Inglês
- Japonês
- Chinês
- Códigos criptográficos
Logografia pura (grafismos representam palavras ou frases) (Logography em inglês)
Nas línguas ocidentais o Inglês será o menos fonético, nele a forma escrita de uma palavra dá uma indicação pouco precisa de como se pronuncia.
O livro refere a(s) linguagem(s) dos surdos/mudos, refutando alegados preconceitos:
1) que a maior parte dos sinais não são ícónicos representando conceitos como coelho, árvore, etc, sendo abstractos “como se fossem letras”;
2) não são independentes da fala, um utilizador da ASL(American Sign Language) não consegue comunicar com um utilizador da Língua de Sinais Chinesa;
3) não são línguas primitivas, alguns dos gestos representam palavras, sendo a estrutura destas línguas bastante eficaz mas com uma estrutura bastante diferente das línguas faladas.
Parece-me que esta referência às línguas dos surdo-mudos se destina em parte a refutar preventivamente o carácter ideográfico da língua chinesa e de seus vizinhos coreano e japonês.
Na realidade as línguas de sinais (ou gestuais) são influenciadas pela língua (oral e escrita) usada pelos “ouvintes” (os que não são surdo-mudos) das comunidades em que nasceram mas a sua autonomia dessas línguas é evidenciada pelo facto de em países como Portugal e o Brasil em que se usa a mesma língua portuguesa, o LIBRAS (Lingua Brasileira de Sinais) e a LGP (Língua Gestual Portuguesa) são mutuamente incompreensíveis para os respectivos utilizadores. Mas estas línguas serão objecto do próximo post.
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