Continuo descrente na capacidade do actual governo de Portugal conduzir o país por um caminho que nos leve a uma situação melhor do que a presente. Mas tenho ouvido e lido tantas críticas à acção governativa que me parece difícil dizer algo de original sobre o assunto.
Para ver se não me repetia coloquei a palavra “governo” na caixa de pesquisa deste blogue no canto superior esquerdo e constatei que não tinha grande coisa a acrescentar excepto que pessoas que fazem parte de um governo que usa os termos “requalificação” e “mobilidade” para designar um processo arbitrário de despedimento sem justa causa na função pública, não me merecem confiança.
Dado que não tenho tempo disponível para verificar exaustivamente os argumentos apresentados pelas pessoas que ouço, a confiança desempenha um papel fundamental na aceitação da argumentação. Por exemplo os Estados Unidos da América do Norte demorarão muitos anos para voltarem a recuperar a confiança que perderam com as mentiras sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque.
Existem governantes em Portugal que dizem que as pensões dos funcionários públicos, atribuídas segundo leis aprovadas pela Assembleia da República, são completamente insustentáveis e que têm que alterar unilateralmente os contratos existentes entre o Estado e os pensionistas porque não há dinheiro. A situação é para eles tão evidente e inescapável que não percebo como não se aperceberam dela antes das eleições de 2011. Então poderiam ter dito aos eleitores que a situação das pensões públicas era insustentável e que fazia parte do seu programa reduzi-las, alterando unilateralmente o compromisso que o Estado tinha tomado com os pensionistas, uma forma de incumprimento em relação a estes credores do Estado. Teriam assim agora um argumento para justificar a medida, pois então ela teria sido aprovada pela maioria dos eleitores, embora mesmo assim tivesse que passar pelo crivo do Tribunal Constitucional.
Mas dada a falta de credibilidade que me merecam os actuais governantes não acredito que as dificuldades de pagamento das pensões sejam tão graves como eles as descrevem.
Gostaria que o governo mudasse para poder voltar a atribuir à nova equipa o benefício da dúvida.
Enquanto isso não acontece pensei que me poderia dedicar à meditação.
Na viagem que fiz no ano passado entre Chennai (antiga Madras, ou Madrasta em Português) e Cochim passei por Pondichéry, pequeno território colonial francês, sensatamente descolonizado e entregue à União Indiana pelos franceses em 1956, ao contrário da política irrealista de Salazar que forçou a União Indiana a invadir militarmente Goa, Damão e Diu em 1961, deixando uma má vontade em relação a Portugal, potência colonizadora obstinada, que ainda hoje prejudica a relação entre os dois países.
A cerca de 10 km de Pondichéry fomos visitar Auroville, uma comunidade criada por Sri Aurobindo e pela sua colaboradora espiritual Mirra Richard. Depois de vermos um filme num pavilhão de acolhimento, em que faziam uma breve introdução aos propósitos da comunidade de Auroville andámos um pouco a pé até esta construção estranha chamada Matrimandir.
Dada a minha formação electrotécnica as formas lembraram-me os laboratórios de muito alta tensão, com discos prateados em vez de dourados. Disseram-nos que o acesso ao interior era muito restrito visto ser um local de meditação que seria certamente perturbada pelo vaivém de turistas visitantes. Li que tinham uma bola de vidro muito grande, talvez a maior existente na Terra, que recebia a luz do exterior.
Fui ao Google Earth donde tirei esta imagem do local,
dando uma ideia do arranjo geométrico cuidado do terreno em que a esfera metálica está colocada. A wikipédia tem alguma informação sobre o que tenho estado a falar, dispensei-me de colocar links para Aurobindo, Auroville, Matrimandir, Mirra Richard, etc.
Frequentemente estas comunidades utópicas revelam graves problemas de governação, todos os governos podem apresentar justificadamente a desculpa de que governar é uma arte difícil. Auroville tem um site aqui. Noutro site obtive umas impressões um bocado críticas.
Neste último site satisfiz a minha curiosidade sobre o interior do Matrimandir com esta imagem que apresento a seguir:
Noutro site tinha outra imagem do mesmo interior:
Acho que me falta paciência para a meditação.
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