2012-01-18

Economia, Moral e Política



É o título dum pequeno livro com 106 páginas, escrito por Vítor Bento, da colecção da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que se torna simpática pela dimensão pequena das obras publicadas.

Será difícil tratar alguns temas em obras desta dimensão mas o seu tamanho reduzido poderá ajudar os autores a manter o texto conciso.

Ouvi Vítor Bento pela primeira vez como comentador do jornal das 22:00 da RTP2, em que se destacava pela palavra sensata, pela explicação clara e pela análise fria do que ia acontecendo.

Este pequeno livro mantém essas qualidades que me fizeram apreciar os seus comentários, constitui uma introdução às relações existentes entre a Economia, a Moral e a Política e dá algumas explicações sobre as causas da crise que atravessamos.

É bom ler na página 52 que uma boa parte da crise se deve à falta de ligação entre a Macro e a Microeconomia, em que a tomada de milhares de decisões inteiramente racionais pelos agentes individuais, por exemplo na compra de habitação própria, pelo seu volume criou uma situação que altera o contexto em que a decisão foi tomada. Os mercados não deram sinais económicos a tempo e horas que levassem a uma moderação na contratação desses empréstimos. Quando os sinais (aumento da taxa de juro, dificuldade na obtenção de empréstimo) apareceram, já era demasiado tarde.

Na página 55 surge uma crítica à auto-regulação do sector financeiro que mostrou ser ineficaz quando se tentou substituir ao Estado na ligação entre a micro e a macroeconomia. É evidente que o Estado tem problemas e que existem interesses que o tentam controlar e/ou influenciar. Mas é, na melhor das hipóteses, de uma grande ingenuidade pensar que os mercados se podem auto-regular e que essa auto-regulação conseguirá escapar às pressões dos interesses que tentavam controlar o Estado.

Na página 95 existe ainda uma crítica ao comportamento de horda dos licenciados das Universidades americanas de maior renome que, ao seguirem um pensamento único, criam grande instabilidade ao acabarem com a diversidade que é precisamente a força do mercado.

Eu tinha feito umas considerações com afinidades às da página 95 aqui.

1 comentário:

jcd disse...

Fico com vontade de ler o livro.
Joana