Tenho desenvolvido a conjectura que a tendência para a destruição é parte essencial da nossa humanidade e que algumas “justificações” são apenas desculpas para dar a esta tendência destrutiva uma máscara “racional”. Nós podemos “apenas” minimizar esta tendência mas não suprimi-la completamente.
No caso do ataque terrorista a Bombaim, que incidiu na estação de caminhos de ferro, onde abriram fogo sobre a multidão e que incluiu ataques a hotéis de luxo, nomeadamente ao magnífico hotel Taj Mahal, que nesta foto de 1990 não coube bem na minha objectiva de 50 mm
não me parece verosímil que as pessoas deixem de andar de combóio ou de frequentar este hotel (ou o Oberoi que também foi atacado), por causa destes ataques. Ocorrerão obras de reconstrução, haverá provavelmente uma queda temporária de viagens de turismo e/ou de negócios para a Índia, aumentará o número de guardas, quer dos hotéis quer doutros locais, as pessoas dirão que nada será como dantes, antes de voltarem à vida de antes dos atentados.
Depois dos atentados de Nova Iorque e de Washington as pessoas deixaram temporariamente de andar de avião mas regressaram depois a níveis iguais ou maiores do que os anteriores, as pessoas continuam a ir aos outros arranha-céus, quer de Manhattan quer de outros locais, em Madrid continua-se a andar nos comboios suburbanos, em Londres no Metropolitano.
Não pretendo minimizar a dor dos que perderam entes queridos ou que sofreram danos corporais e mentais irreparáveis, que os atormentarão para o resto da vida mas, a grande maioria continuará a fazer o que fazia antes dos atentados terroristas, com alguma actividade adicional em verificações de segurança.
Concluo assim que os terroristas se dedicam a estes exercícios basicamente porque gostam, nas versões mais moderadas, de destruir as construções que outros fizeram, nas versões mais extremas, de aterrorizar e destruir seres humanos. Trata-se sobretudo de emoção, julgo ser inútil procurar uma razão.
Tenho a firme convicção que é possível reduzir muito quer a actividade quer o impacto do terrorismo, que é muito útil tentar perceber o que se passa na cabeça dos terroristas (a que o livro referido neste post dedica um capítulo muito interessante) de forma a dificultar-lhes a acção, mas que é essencialmente impossível anular completamente este tipo de actividade.
Se uma determinada opção pode ser tomada ela acabará por ser tomada por alguém, mais cedo ou mais tarde (não nos devemos esquecer da necessidade de reduzir os arsenais nucleares), caso contrário faltaria aos seres humanos o livre arbítrio (assunto abordado neste post) e eles seriam possivelmente como estes anjos da catedral de Palma de Maiorca nas ilhas Baleares
Numa interpretação menos religiosa da questão poder-se-ia dizer que, se os seres humanos não tivessem a hipótese de cometer esses actos que parecem tão errados à (felizmente) maioria das pessoas, seriam como robots que, segundo Isaac Asimov, teriam que obedecer às 3 leis fundamentais da robótica:
1- Um robot não pode causar dano a um ser humano, ou, por omissão, permitir que façam mal a um ser humano.
2- Um robot tem que obedecer às ordens que lhe forem dadas por seres humanos excepto quando essas ordens entrem em conflito com a Primeira lei.
3- Um robot tem que proteger a sua existência desde que essa protecção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda lei.
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