2008-05-27

A Maré e o Campo Electromagnético

stork nests
Na senda das imagens dos dois posts anteriores, decidi mostrar mais alguns pormenores dos novos habitats das cegonhas, aves que não alinham com teses ecologistas fundamentalistas pois não têm qualquer problema em aproveitar as oportunidades criadas pelas construções humanas, manifestando grande interesse na utilização dos postes das linhas de muito alta tensão como local para a construção dos seus ninhos.

Em zonas onde há muitas cegonhas a REN coloca nos seus postes plataformas, para “encorajar” a cegonha a fazer o ninho em sítios do poste que não interferem com o funcionamento da linha de alta tensão.

Nos últimos tempos tem aumentado a contestação à construção de linhas de muito alta tensão.

Um dos argumentos utilizados nessa contestação é o perigo para os seres humanos do campo electromagnético. Sendo inegável que este campo pode afectar os seres vivos, por vezes de forma letal, existe uma larga experiência dos seus efeitos e das precauções necessárias para evitar que sejam nocivos.



Existem pessoas que ainda pensam que seria possível provar que um determinado fenómeno não afecta a saúde dos seres vivos. Essas provas definitivas existem apenas no domínio da teologia e eventualmente nos sistemas de justiça, não existindo provas dessa natureza no domínio da ciência.

No pensamento filosófico actualmente dominante sobre a natureza da ciência, tributário de Karl Popper, o que caracteriza as teses científicas é a sua refutabilidade é a exposição permanente a factos novos que podem revelar que afinal, embora uma dessas teses conseguisse explicar todos os factos conhecidos de um dado domínio do conhecimento até um certo momento, foi descoberto um facto novo depois desse momento que a teoria não consegue explicar/prever, pelo que terá que ser aperfeiçoada ou substituída por outra diferente.

Neste sentido, o que nos leva a dizer que a subida e descida das marés não afecta a saúde dos seres humanos, que estão fora da zona inundada pela maré, é o desconhecimento de qualquer relação de causa e de efeito entre a maré e a referida saúde e não a existência de uma prova de ausência de efeito.

O que se aproxima mais duma “prova” de ausência de efeitos nocivos sobre a saúde humana de um fenómeno qualquer é a inexistência do conhecimento de qualquer relação. Quanto mais investigado foi o fenómeno maior a probabilidade de que não venha a ser descoberta qualquer relação, mas nunca se pode ter uma certeza absoluta.

Entrando agora pelo registo irónico e partindo da observação do grande aumento da população de cegonhas em Portugal, desde que começaram a nidificar nos postes das linhas de muito alta tensão, poder-se-ia investigar a eventualidade de o campo electromagnético ter efeitos afrodisíacos nestas simpáticas aves e, quem sabe, noutros seres vivos.

Não resisti a incluir ainda outra foto com outro campo de arroz e o que me parecem pinheiros.



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