Fui ver o episódio do programa diário da RTP2 "Sociedade Civil" referido no blogue do embaixador Seixas da Costa intitulado "20 anos da Guerra do Iraque" apresentado pelo jornalista Luís Castro, que fez muitas reportagens no Iraque, com a participação do jornalista Carlos Fino, na época em Bagdad, do operador de câmara Mário Rui de Carvalho, que trabalhou inserido no exército norte-americano durante a invasão e ainda do embaixador acima referido.
O programa começa por mostrar a cimeira de má memória realizada nos Açores, em que o presidente G.W.Bush lançou um ultimato a Sadam Hussein exigindo o desarmamento do Iraque
e a propósito o embaixador comentou entre outras considerações
«...Esta foi a cimeira da mentira. Esta é uma fraude política internacional. Este é um momento que traduz colocar de lado as instituições internacionais e em particular as Nações Unidas, traduz a consagração daquele que era o mito à época das armas de destruição maciça que Sadam Hussein não tinha mas que aparentemente foram "mostradas" a vários líderes internacionais.
Significa também uma divisão dentro da Europa, nós não nos podemos esquecer da expressão do Sr. Rumsfeld falando de uma velha Europa e da nova Europa...»
Mostraram vários filmes de arquivo dos participantes do programa
que iam comentando as memórias reavivadas pelas imagens, incluindo os avanços do exército americano, o início do bombardeamento de Bagdad, a detenção, julgamento e execução de Sadam Hussein e as numerosas explosões e mortes que se seguiram após o caos instalado, passando também pelas imagens de tortura e maus tratos dos prisioneiros de Abu Ghraib.
Na conclusão o embaixador relembrou os milhões de mortes que provocou, que esta intervenção favoreceu o aparecimento do Daesh e que, por muito horrível que seja uma guerra, qualquer uma se pode tornar ainda pior.
3 comentários:
Estás a tratar um problema complexo com um modelo linear estático.
Sem negar que muitas vezes também confundo gostos com realidade, não deixo de acrescentar ao comentário anterior que também considero que o modelo de análise é desadequado, e que não foi apresentada qualquer evidência de que todas as variáveis e equações pertinentes para a análise do problema foram encaradas.
Noto ainda que, infelizmente, uma análise inadequada não valida, nem invalida a conclusão.
Ao Anónimo das 22:25,
Não estou a tratar um problema complexo, estou apenas a referir uma breve análise interessante, informativa e honesta dum programa que apreciei. Não estou a usar qualquer tipo de modelo, nem estático nem dinâmico.
Caro Leite Garcia,
Um programa de uma hora não pode fazer uma análise exaustiva duma guerra. Não valerá a pena então abordar o que se passou numa guerra que ocorreu há 20 anos num programa e uma hora? Eu e muitas outras pessoas consideram que pode valer a pena. E o embaixador Francisco Seixas da Costa, diplomata muito experiente e naturalmente com grande capacidade de síntese referiu alguns dos factos mais importantes relativos a essa guerra. Existem fortes motivos para acreditar que a guerra foi justificada pelos EUA com uma mentira e que a verdadeira razão para iniciar a guerra continua ignorada pelo povo soberano. Quanto à conclusão, trata-se de uma verdade simples mas que merece ser recordada: é muito difícil prever a evolução futura de uma guerra e uma evolução favorável que uma das partes prevê como razão para não negociar pode não se concretizar.
Mais outro artigo sobre esta guerra no Foreign Affairs, de 17/Mar/2023: https://www.foreignaffairs.com/united-states/iraq-and-pathologies-primacy
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