Há uns 30 anos instalei uma janela dupla no único quarto virado a Norte na nossa casa em Lisboa. Foi uma solução subóptima mas era nessa altura a mais comum, designadamente nas casas mais antigas da Europa do Norte, tendo deixado essa solução inalterada quando há uns anos mudei as outras janelas para vidro duplo.
Enquanto a espessura da vidraça mais comum usada no século XX em Portugal tinha 3 mm de espessura, os vidros duplos actualmente mais comuns compõem-se de um vidro com espessura de 4 mm, outro com espessura de 6 mm e um espaço entre eles de 14mm, com ar desidratado entre os vidros, contido num espaço selado pelo espaçador.
Esta selagem é essencial para que não ocorra condensação no espaço entre os vidros que não poderiam ser limpos caso ocorresse condensação de vapor de água no espaço entre eles. Quando começa a ocorrer condensação é altura para substituir o vidro duplo, fenómeno que pode demorar bastantes anos a aparecer.
O ar é mau condutor de calor quando não se move. Quando o espaço entre os vidros é de 14mm como nos vidros duplos que acabo de referir, essa má condutibilidade verifica-se. Quando o espaço entre os vidros é da ordem dos 10cm, como na solução de duas janelas da minha casa, geram-se correntes de convecção que diminuem a capacidade isolante do ar. Essa é a razão para preencher o espaço entre paredes nas paredes duplas com espumas que impedem a convecção do ar entre as duas paredes, solução que não se pode usar para vidros entre janelas.
Toda esta conversa para apresentar um caso de duas janelas em que a exterior embaciou por dentro no último dia do ano que passou, dando a ilusão de que estava nevoeiro, como mostro a seguir
Fui também surpreendido pelo "grafiti" que não podia ter sido feito no lado interior do vidro da janela exterior pois a janela interior estava fechada. Deve ter sido algum insecto que apenas deixou este rasto.
Ampliando a mesma imagem é possível ver também as aglomerações das micro-gotas de condensação em mini-gotas em vários pontos da trajectória do insecto:
1 comentário:
Acho que não Jaime, a largura dos traços não ultrapassa 1 ou 2 mm, inclino-me mais para uma borboleta nocturna.
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