2022-06-22

Bicicletas e Trotinetas em Lisboa

 

A propósito desta Nota de Viagem sobre uma ciclista na paisagem que o fizeram (a ciclista e a paisagem) pensar em Portugal e na Dinamarca comentei o que aqui transcrevo:

«

A situação em Lisboa e presumo que noutras partes do país alterou-se radicalmente em relação às bicicletas desde que apareceram as que têm apoio de motor eléctrico. Lisboa, com as suas colinas e pavimento empedrado era impraticável. Agora vêem-se imensas bicicletas e nas subidas é facílimo detectar se têm apoio eléctrico, neste caso o condutor continua confortavelmente sentado no assento com uma cara de quem vai a pedalar tranquilamente numa planície.

Os portugueses têm os seus entusiasmos e em Lisboa têm criado ciclovias por muitos sítios, às vezes são chamadas ciclovazias porque nem sempre têm utilizadores.

Por outro lado, eu lembro-me de ter tirado a carta de bicicleta em cujo exame me perguntaram o significado de uns tantos sinais de trânsito e me viram talvez pedalar fazendo um oito numa área vedada ao trânsito. Agora qualquer pessoa pode andar de bicicleta sem qualquer burocracia e os ciclistas parecem ignorar regras que antes existiam como por exemplo respeitar os sinais de sentido proibido e não andar nos passeios com velocidades que colocam os peões em perigo.

Existe ainda mais uma contradição que consiste na criação de imensos sentidos únicos nas artérias da cidade para tornar o trânsito "mais fluido", leia-se "mais veloz", aumentando as distâncias que num carro exigem apenas um pé no acelerador enquanto nas bicicletas é sempre preciso pedalar, justificando esta violação dos sentidos proibidos.

Uma vez que os vereadores têm tanto entusiasmo em reduzir a velocidade a que circulam os carros, seria de considerar a supressão de muitos sentidos únicos que deixaram de fazer sentido.

E impor uma forte limitação à velocidade máxima das trotinetas uma vez que se trata de veículos que é impossível assegurar que não usem os passeios enquanto será simples limitar a velocidade a, por exemplo, 15 km/h para não pôr em perigo a vida dos peões que não são atropelados exclusivamente por automóveis. 

»

Em 2017 fiz um post sobre as bicicletas GIRA em Lisboa mas desde esse ano, em que experimentei estas bicicletas, não as tenho usado porque só recentemente apareceram docas na minha rua.

 



1 comentário:

J Ricardo disse...

Sou condutor em Lisboa há muitas décadas e, desde 2015, ciclista regular nesta cidade mas com uma bicicleta sem motor, é o meu exercício físico 2 ou 3 vezes por semana, em voltas de 1 a 2 horas. Para defesa da minha própria vida, só ando nas pistas para ciclistas e nos passeios (obviamente não ando em ruas com os passeios estreitos ou com muitos peões), sempre com velocidades moderadas ou baixas - faço médias de 15 km/h - e nunca tive problemas com ninguém (houve uma vez um único transeunte que me disse que não podia andar nos passeios mas eu expliquei-lhe os meus motivos e ele não insistiu). A PSP é liberal, com razão, e nunca me interpelou.
Não aconselho nenhum ciclista a andar regularmente com os carros; é um perigo enorme, uma boa parte dos condutores não respeitam as duas rodas, a bicicleta é muito frágil e, contrariamente às motos, nem tem capacidade de aceleração para fugir dos carros.
Concordo que as trotinetas e as bicicletas elétricas deveriam ter velocidade limitada a 15-20 km/h porque já tenho visto condutores desses veículos a agir de forma inconsciente nas vias e passeios, pondo em perigo os peões.
Quanto às pistas para ciclismo, concordo no geral com a sua criação mas com exceções; a da Almirante Reis, uma das vias com mais trânsito de automóveis da cidade passou de duas vias a uma na sua maior parte, o que acho um disparate. As pessoas precisam dos carros para a sua vida de trabalho e o tempo conta. A oferta de transportes públicos ainda é fraca e não leva muita gente a deixar os carros para depender apenas dos transportes, como acontece em muitas cidades Europeias com transportes públicos de grande frequência, cobertura e diversidade.
Os próprios carros elétricos, que não poluem localmente e fazem pouco barulho são também atingidos por esta exagerada senha anti-viaturas; os carros levam com impostos, multas, taxas e taxinhas desde que os compramos mas, em Lisboa, são cada vez mais escorraçados e menorizados sem alternativas credíveis. E não me venham dizer que as bicicletas e trotinetas, mesmo motorizadas, são as alternativas adequadas para a larga maioria das deslocações e dos utilizadores...
Desejo bons e seguros passeios e deslocações aos ciclistas urbanos e de estrada e mais bom senso e equilíbrio aos decisores políticos nestas matérias.