Fiz este post como complemento de um posterior em que o refiro, a propósito do gasoduto Magrebe-Europa.
A entrada em funcionamento da rede de gás natural em Portugal em Nov1996 baseou-se no fornecimento de gás da Argélia transportado pelos gasodutos representados na “Figura 4-4 Importação de gás natural a partir da Argélia” extraída do documento da ERSE “Caracterização do Sector do Gás Natural em Portugal.pdf - Edição de Jan/2007”
Neste sítio da Galp referem 31 de Janeiro de 1997 como a data em que se concretiza a entrada de gás natural na fronteira Este portuguesa (Campo Maior).
A Espanha tinha em Huelva já em 1988 um terminal de gasificação de GNL(Gás Natural Liquefeito) . A capacidade deste terminal foi aumentando ao longo do tempo e esta instalação foi usada depois de 1997 para gasificar pequenas quantidades de GNL compradas no mercado spot por empresas portuguesas.
Com a entrada em serviço do terminal de gasificação de Sines no final de 2003 foi estabelecido um contrato de longo prazo de fornecimento de GNL da Nigéria e contratos com fornecedores de outros de países para estabelecer diversificação. O Sistema Nacional de Gás Natural ficou com o aspecto da Figura 7-1 extraída da “Caracterização do Sector do Gás Natural em Portugal.pdf - Edição de Jan/2007”
Este sítio da REN tem um mapa actual.
Em Portugal passou-se da fase inicial em que o GN vinha exclusivamente pelo gasoduto Magrebe-Europa, entrando em Campo Maior, para uma percentagem dominante de GNL em 2020, como se constata no gráfico seguinte, com valores estatísticos da REN.
Depois de fazer este gráfico li noutra estatística que a percentagem de GNL em 2021 foi parecida à de 2020. As variações de consumo de GN ao longo do tempo correspondem a uma maior penetração desta fonte de energia mas também às grandes variações do regime hidrológico dos rios com centrais hidráulicas, em anos secos aumenta a energia eléctrica gerada por centrais de ciclo combinado, em anos húmidos diminui.
Desconheço as razões para a forte diminuição da importação via gasoduto a partir de 2017 pois dada a existência de uma rede de transporte de gás em Espanha e 6 terminais para esse efeito em Barcelona, Sagunto, Cartagena, Huelva, Mugardos e Bilbao, seria tecnicamente possível gasificar num desses 6 terminais transportando o gás depois para Portugal. Provavelmente sairá mais barato gasificar em Sines.
Constata-se assim que Portugal foi prudente em não ficar exclusivamente dependente durante muito tempo do gasoduto Magrebe-Europa, contribuindo contudo para a sua construção, como forma rápida e economicamente interessante de lançar o GN em Portugal.
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