Este post é a continuação do anterior, onde falei de como este surto de Sarampo em Portugal me fez tomar conhecimento de que essa doença tinha sido erradicada do país.
A minha posição sobre vacinas era simples. Se existe uma vacina contra uma doença deve-se tomá-la para evitar ficar doente mesmo sabendo que numa percentagem muito pequena de casos as vacinas podem causar alguns problemas. E naturalmente quis também que os meus filhos tomassem todas as vacinas na altura consideradas como adequadas.
A minha decisão de tomar uma vacina tinha um fundamento individual, ao tomar uma vacina ganhava imunidade a uma ou mais doenças e não entrava em consideração com o que agora ouvi chamar “imunidade de grupo“.
Fiquei algo embaraçado por não me ter apercebido há muito mais tempo que a consequência normal da vacinação sistemática da população de um país contra uma dada doença é a diminuição da ocorrência dessa doença e a sua eventual erradicação dessa população ao fim de alguns anos.
Diria que este tipo de evolução, em que existe uma melhoria lenta que se desenrola num periodo que por vezes se estende por décadas, não suscita o mesmo interesse num jornal diário ou semanário que os desastres ou epidemias súbitas. Para este tipo de informação é melhor consultar documentos específicos como por exemplo:
1) ACTUALIZAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE VACINAÇÃO: PNV 2017
de onde retirei a tabela resumo das doenças contempladas nos sucessivos Programas Nacionais de Vacinação
1 Erradicada |
5 Eliminadas |
7 Controladas |
? Expectativas |
Tétano, N. meningitidis C, H. influenzae b, hepatite B, parotidite epidémica, tosse convulsa, tuberculose |
e os gráficos seguintes:
2) PORDATA
onde se constata que a Tuberculose é uma doença mais difícil de erradicar.
Talvez dada a minha lamentável ignorância (até agora) da imunidade de grupo vejo mais a resistência às vacinas como um receio compreensível, se bem que pouco razoável, dos possíveis efeitos nefastos de tomar uma vacina. Embora objectivamente os não vacinados estejam a beneficiar dos pequenos riscos da maioria da população que se vacina e da correspondente imunidade de grupo, por outro lado estão a correr o risco de serem vítimas da doença que pode sempre ser importada de países onde a doença não tenha sido erradicada.
Dados os bons resultados do Plano Nacional de Vacinas e a imunidade de grupo satisfatória que se tem conseguido em Portugal sem obrigatoriedade inclino-me para seguir a opinião que, pelo menos enquanto a taxa de cobertura for adequada, não será necessário tornar a vacinação obrigatória.
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