2010-07-29

Arrefecendo o ar

Quando no post anterior disse que os iranianos do centro de Yazd, com as suas torres para captar o vento, pareciam melhor preparados para enfrentar o calor do que os portugueses mais as suas marquises, o que eu queria verdadeiramente dizer era que via cuidado arquitectónico da parte dos iranianos e desleixo da nossa parte. Mas embora tenhamos tratado mal os aspectos passivos da arquitectura, há sinais de melhoria notórios, por exemplo no Parque da Nações, e estamos muito melhor do que o Irão nos aparelhos de ar condicionado, como aliás em muitas outras coisas.

Na actualidade as torres devem ser caras e pouco eficientes, face aos modernos aparelhos de ar condicionado.

É o que nos mostra a imagem aqui ao lado, um enquadramento ligeiramente diferente da imagem do post anterior onde além das torres que captam o vento se constata a presença de um “Arrefecedor evaporativo” marcado a verde, em conjunto com a conduta de ar que lhe está associada, também rodeada por um rectângulo verde e a parte exterior de um aparelho de Ar condicionado “split”, isto é com o permutador de calor exterior (envolto em círculo vermelho) ligado ao permutador de calor interior através de um tubo isolado de cor preta, também assinalado com uma elipse vermelha.

Estas duas fotos a seguir





mostram dois aparelhos novinhos em folha, na esquerda chamam-lhe “Desert Cooler”, na direita constata-se que a eficiência energética do aparelho é fraca pois está no fundo da tabela, correspondendo à letra G. Estes aparelhos muito simples constam de um ventilador que faz passar o ar por um sítio onde se evapora água, sendo mais eficientes em climas secos, onde é fácil obter a evaporação. Têm a vantagem de ser simples e de gastarem pouca energia, têm o defeito de gastarem água, de enferrujarem com facilidade e de se inserirem mal na arquitectura pois precisam de estar ligados a um tubo de ventilação enorme. Vi estes aparelhos também no Rajastan, no norte da Índia, uma zona também de clima muito seco. Muitas vezes os aparelhos obstruíam completamente o que tinha sido uma janela.

Achei curioso que no meio de coisas tão diferentes houvesse esta uniformidade de classificação de eficiência energética. É um conceito novo que nasceu na era da globalização, sendo o grafismo global desde o início, quer em electrodomésticos vendidos em Portugal quer no Irão! Na Wikipédia tem esta entrada sobre estes aparelhos.

Na imagem seguinte mostro as coberturas de alguns prédios de Teerão, onde se constata a prevalência destes aparelhos, vendo-se apenas uma torre de arrefecimento dum aparelho de ar condicionado moderno no topo dum edifício próximo do canto superior direito da imagem. Vêm-se também algumas condutas à “espera” de arrefecedor, os aparelhos devem estar a arranjar.




Mas muito pior do que as nossas marquises é este prédio em Teerão em que juntam a heterogeneidade dos alumínios à corrupção ainda mais drástica da fachada.


2 comentários:

sonia a. mascaro disse...

Gosto de conhecer lugares que sei que não irei visitar pessoalmente.
Obrigada por partilhar suas viagens e impressões.
Um abraço.

jj.amarante disse...

Sonia, como sabe que não irá ao Irâo? Até o president Lula já lá foi!