Estou numa fase de redescoberta de Paul Krugman através do seu blogue no Substack..
O penúltimo post “The Economic Consequences of Destroying Harvard” era sobre o ataque de Trump à universidade de Harvard através de ordens executivas tentando cortar subsídios, deduções fiscais e por último proibindo a instituição de admitir estudantes estrangeiros, acções que a universidade tem contestado nos tribunais e que estes têm bloqueado nalguns casos.
Este sítio da universidade de Harvard mostra o número de estudantes internacionais que tem recebido desde o ano lectivo de 2006-07 até 2024-25, num crescimento contínuo ligeiramente perturbado apenas pelo COVID, sendo actualmente de 6793 estudantes que representam 27,2% do total.
A quase totalidade destes estudantes paga propinas consideráveis, representando uma fonte importante do rendimento da Universidade. Rendimento esse que Trump quer anular obviamente para aumentar a dificuldade do funcionamento da instituição, aproveitando a ocasião para dizer que, além de virem de alguns países que não são amigos dos EUA, mentir mais uma vez ao afirmar que os estudantes internacionais de Harvard não pagam propinas.
Cito directanete esta parte do post:
«
The most important aspect of this campaign of intimidation and disruption is, of course, the attack on freedom of thought. I hope that nobody actually believes the MAGA line that universities are indoctrinating their students in wokeness, DEI, Marxism, whatever. The real complaint, obviously, is that these institutions aren’t indoctrinating their students — that they are exposing young people to a variety of ideas and encouraging them to think for themselves, when they should be preaching right-wing dogma and obedience to whatever The Leader says they should believe.
»
(Nota: DEI= Diversity, Equity, Inclusion)
As universidades que sempre tiveram alguma dificuldade em manter a liberdade de pensamento são frequentemente objecto de ataques de autoridades políticas/religiosas/ditatoriais como é agora o caso do Líder Trump que quer vergar não só as opiniões com a própria realidade às suas crenças.
Na Europa isto tem ocorrido de vez em quando e na América também.
Na China a ocorrência recente mais gritante foi durante a Revolução Cultural de 1966-1976 que referi entre outros neste post sobre o meu desencanto e no livro “Cisnes Selvagens” que referi aqui e aqui.
A foto mostrada no blogue do Paul Krugman que a seguir exibo
lembrou-me essa Revolução Cultural na China desencadeada pelo líder Mao-Tse-Tung na reconquista dum poder ditatorial que sentiu ameaçado pelas elites chinesas de que estes professores deveriam fazer parte, deixando um rasto de destruição e morte no país e uma geração de analfabetos.
Além de Trump atentar contra o funcionamento duma instituição americana de grande prestígio nacional e internacional, atenta também contra a economia da região de Boston e contra o futuro dos EUA.
Várias universidades de Hong-Kong não perderam tempo em tentar aliciar os estudantes internacionais de Harvard, garantindo-lhes o reconhecimento dos créditos já obtidos nessa universidade e uma transição suave para a obtenção de graus equivalentes.
No post seguinte Krugman escreve uma carta aberta à Europa, “A Letter to Europe” dando conselhos sobre a negociação das tarifas com Trump, introduzindo a carta com a frase “You’re stronger than you think. Act like it.”
Fecha o post com esta interpretação do hino da União Europeia num espectáculo conduzido por André Rieu em Maastricht

