2025-05-27

América, China e Europa por Paul Krugman


Estou numa fase de redescoberta de Paul Krugman através do seu blogue no Substack..

O penúltimo post “The Economic Consequences of Destroying Harvard” era sobre o ataque de Trump à universidade de Harvard através de ordens executivas tentando cortar subsídios, deduções fiscais e por último proibindo a instituição de admitir estudantes estrangeiros, acções que a universidade tem contestado nos tribunais e que estes têm bloqueado nalguns casos.

Este sítio da universidade de Harvard mostra o número de estudantes internacionais que tem recebido desde o ano lectivo de 2006-07 até 2024-25, num crescimento contínuo ligeiramente perturbado apenas pelo COVID, sendo actualmente de 6793 estudantes que representam 27,2% do total.

A quase totalidade destes estudantes paga propinas consideráveis, representando uma fonte importante do rendimento da Universidade. Rendimento esse que Trump quer anular obviamente para aumentar a dificuldade do funcionamento da instituição, aproveitando a ocasião para dizer que, além de virem de alguns países que não são amigos dos EUA, mentir mais uma vez ao afirmar que os estudantes internacionais de Harvard não pagam propinas.

Cito directanete esta parte do post:
«
The most important aspect of this campaign of intimidation and disruption is, of course, the attack on freedom of thought. I hope that nobody actually believes the MAGA line that universities are indoctrinating their students in wokeness, DEI, Marxism, whatever. The real complaint, obviously, is that these institutions aren’t indoctrinating their students — that they are exposing young people to a variety of ideas and encouraging them to think for themselves, when they should be preaching right-wing dogma and obedience to whatever The Leader says they should believe.
»
(Nota: DEI= Diversity, Equity, Inclusion)


As universidades que sempre tiveram alguma dificuldade em manter a liberdade de pensamento são frequentemente objecto de ataques de autoridades políticas/religiosas/ditatoriais como é agora o caso do Líder Trump que quer vergar não só as opiniões com a própria realidade às suas crenças.

Na Europa isto tem ocorrido de vez em quando e na América também.

Na China a ocorrência recente mais gritante foi durante a Revolução Cultural de 1966-1976 que referi entre outros neste post sobre o meu desencanto e no livro “Cisnes Selvagens” que referi aqui  e aqui.

A foto mostrada no blogue do Paul Krugman que a seguir exibo
 


lembrou-me essa Revolução Cultural na China desencadeada pelo líder Mao-Tse-Tung na reconquista dum poder ditatorial que sentiu ameaçado pelas elites chinesas de que estes professores deveriam fazer parte, deixando um rasto de destruição e morte no país e uma geração de analfabetos.

Além de Trump atentar contra o funcionamento duma instituição americana de grande prestígio nacional e internacional, atenta também contra a economia da região de Boston e contra o futuro dos EUA.

Várias universidades de Hong-Kong não perderam tempo em tentar aliciar os estudantes internacionais de Harvard, garantindo-lhes o reconhecimento dos créditos já obtidos nessa universidade e uma transição suave para a obtenção de graus equivalentes.

 

No post seguinte Krugman escreve uma carta aberta à Europa, “A Letter to Europe” dando conselhos sobre a negociação das tarifas com Trump, introduzindo a carta com a frase “You’re stronger than you think. Act like it.

Fecha o post com esta interpretação do hino da União Europeia num espectáculo conduzido por André Rieu em Maastricht

2025-05-22

David Hockney (1937 - )

 

O JMiguel, um amigo e ex-colega, além de me enviar semanalmente as Sugestões, envia-me também várias actividades referidas pela revista francesa BeauxArts.

Desta vez apareceu uma referência sobre uma exposição em Paris dedicada a David Hockney, um nome que me era familiar mas a cuja obra tinha prestado pouca atenção.

Parece-me que já tinha visto este quadro (de 1972), talvez quando foi notícia por ter sido vendido recentemente por muito dinheiro

 

intitulado "Retrato de um Artista (Piscina com Duas Figuras)". Gosto da composição e do ambiente solar. Nestas reproduções passa despercebida a dimensão do original que é 213,5 cm × 305 cm , suficiente para preencher na totalidade uma parede de um quarto médio de um apartamento em Lisboa. Existem imensos sítios com imagens deste quadro. Tirei esta daqui onde existe uma com 1600x1136 pixels.

Na notícia das BeauxArts sobre a exposição de David Hockney tinha este quadro de que gostei muito, com as suas cores vivas e as curvas, as rectas e tantas formas e cores

tendo ido à internet à procura de mais versões de reproduções deste quadro. Cheguei a esta que tinha com legenda "Garrowby Hill". Presumo tratarem-se de duas versões dum mesmo motivo ou dum único fotografado em diversas etapas da sua construção.


Gosto das duas versões, prefiro a primeira, as duas mostram a enorme dificuldade da reprodução fiel das cores nos monitores de computadores, é possível que algumas cores sejam diferentes por diferenças existentes nas infinitas possibilidades de ajuste das cores dos monitores em que cada uma foi fixada.

Para finalizar mostro este autoretrato com uma sugestão de regressão infinita de quadro dentro de quadro mas que aqui se esgota na segunda figura por falta de pormenor para mais.

 


2025-05-21

O Genocídio em Gaza

 

 Usando este link aparecem 16 ou 17 posts deste blogue sobre Gaza, sendo o primeiro datado de 14Out2023, sete dias depois do infame acto terrorista do Hamas no território do Sul de Israel em que matou mais de 1200 israelitas e levou mais de 250 pessoas como reféns para Gaza.

Desde essa altura nunca mais me esqueci deste acto terrorista cometido pelo Hamas e por outras organizações terroristas existentes na faixa de Gaza sobre alguns militares e uma maioria de civis. Concluí esse primeito post com estes dois +parágrafos:

«

A recente carnificina feita pelo Hamas em território israelita não tem qualquer justificação. Hà muitos anos que considero que os terroristas são pessoas más cujo principal objectivo é fazer mal a outros seres humanos e que por vezes recorrem a umas desculpas políticas/religiosas para cometerem os actos hediondos que os satisfazem.

No entanto, também aprendi que as ferramentas bélicas actualmente existentes, como por exemplo bombardeamentos aéreos, permitem executar com menor dificuldade, porque não se vêem as vítimas a morrer, actos também hediondos de matança de inocentes que tiveram o azar de viver próximo de terroristas e que têm reconhecidamente dificuldade de sair de onde vivem.

»

A partir dessa altura referi integralmente a intervenção em 24Out2023 de António Guterres na sua qualidade de Secretário da ONU que nessa data (pasme-se!) já considerou a retaliação israelita como exagerada 

Em 20Mar2024 num post intitulado "Guerra Israel-Palestina em Gaza" terminei desta forma:

«

O que se está a passar em Gaza trata-se de limpeza étnica, uma prática reiterada do Estado de Israel desde a sua criação, com aspectos de início de genocídio.

Deixei de acreditar nos comunicados do exército de Israel bem como do seu Governo.

» 

O último post sobre Gaza neste blogue em 21Nov2024 referiu os "Mandados de detenção para Netanyahu, Gallant e Comandante do Hamas pelo TPI" que me pareceram perfeitamente justificados .

De vez em quando, quando aparecem mais notícias sobre novos bombardeamentos de Israel sobre Gaza, penso que estas acções executadas pelo exército israelita não constituem propriamente uma acção de guerra mas mais um massacre da população de Gaza. O que me parecia há meses um início de  genocídio parece-me agora um genocídio em curso, conforme opinião da Amnistia Internacional e de outras organizações.

Aproveitei uma iniciativa conjunta da França, Inglaterra e Canadá instando Israel a cessar os preparativos para mais uma invasão terrestre de Gaza e para parar o bloqueio da ajuda internacional à população de Gaza contra a qual está deliberadamente a criar condições para que boa parte da população morra à fome, para revisitar este massacre em curso.

Retirei esta foto da entrada da Wikipédia "Genocídio na Faixa de Gaza"

 


mostrando um campo de tendas onde vivem refugiados que tiveram que abandonar as casas, não estando completamente livres de que lhes caia mais alguma bomba israelita em cima, a propósito de nada ou de que tinham um vizinho que era terrorista.

A imagem seguinte é dum filme tirado por um drone sobre a destruição do edificado numa parte da faixa de Gaza. O resto da faixa também está assim destruído.

 

Tem-me custado constatar o silêncio vergonhoso da União Europeia em relação a este genocídio em curso bem como a reserva alegadamente prudente do governo de Portugal. A estimativa de mortes causada pelos ataques de Israel à Faixa de Gaza desde 07Out2023 até 21Mai2025 ultrapassa 52000 pessoas.



2025-05-16

"The Great Gig in the Sky" do "The Dark Side of the Moon"

 

Passei a ser leitor habitual do blog de Paul Krugman, desta vez o post "Drill, Baby, Dr... Never Mind" em que apresenta várias estatísticas prevendo que os EUA estão a atrasar a oportunidade das renováveis eólicas e solares e que o futuro do processo de fracking não é risonho.

No fim do post, como habitualmente, dá a ligação para um vídeo, normalmente de uma música que lhe ocorreu ao escrever o post e que  desta vez foi esta:

 

Não reconheci o título "The Great Gig in the Sky" ao começar a ouvir a música reconheci os Pink Floyd cujo nome aliás aparecia na "capa" do vídeo e depois reconheci a música como fazendo parte do álbum "The Dark Side of the Moon" de que comprei primeiro o LP em vinil e depois o CD pois prefiro sempre a reprodução a partir do CD que além de melhor e mais prática não está sujeita às vicissitudes dos riscos nem dos grãos de poeira que se instalam acidentalmente nas pistas dos vinis.

O álbum foi publicado em 1973 e apreciei desde o início o vanguardismo da música e a exploração dos efeitos electrónicos musicais, então uma grande novidade Na altura também gostei muito da capa em que se vê um prisma a decompor um raio de luz nas cores do arco-íris e, talvez só agora quando fotografei a capa do CD que mostro a seguir, também a pequena parte reflectida do raio luminoso incidente

  


A Wikipédia refere em "The Great Gig in the Sky" que a parte instrumental foi composta por Richard Wright e na ausência de letra para a canção Alan Parsons sugeriu Clare Torry, uma cantora independente, que nesta situação e após ouvir a parte instrumental, improvisou a sua voz como se fosse um instrumento. Depois de dois takes ainda começou um terceiro que interrompeu a meio por achar que se estava a repetir.
A banda apreciou a intervenção que foi incluída no álbum com diversas partes dos takes gravados pagando o custo por hora à cantora que na ausência de comentários da banda julgou que a sua contribuição não seria usada no álbum.

Teve mais alguns contactos com os Pink Floyd e em 2004 pôs-lhes um processo por ausência de direitos de autor, tendo chegado a um acordo extra judicial em 2005 por quantia não revelada. Conjecturei que por essa altura terá reparado que não tinha tratado convenientemente da sua reforma e que tinha aqui uma oportunidade de reparar essa situação.

Antigamente estes pormenores apenas estavam disponíveis em revistas da especialidade, agora tudo isto é fácil de conhecer na internet.
 
Gostei muito de voltar a ouvir esta canção no álbum original e na que consta no vídeo, com duas cantoras, nehuma delas sendo a Clare Torry. A interpretação dela no álbum original é mais discreta do que a deste vídeo. 


 

2025-05-12

2025-05-10

Flores das Oliveiras (2)

 

Num post de Abril/2008  e noutro de Maio/2009 tinha falado das Flores das Oliveiras.

Há uns dias reparei que esta oliveira estava cheia de flores 

 

passados uns dias que também aparecem tapetes das mesmas. No campo não tem importância, nas cidades sobra para as equipas de limpeza.

 




Jarrinha com Inflorescência

 

Temos uma  colecção de jarras miniatura com 8 cm de altura que costumo usar no início da Primavera quando os prados dos Olivais se enchem de florinhas silvestres.

Desta vez foi uma inflorescência de um arbusto, que além de bonita tem um cheiro agradável que se pode tornar enjoativo mas não co apenas este raminho.

É recorrente o problema que tenho com a focagem mas já é tarde para corrigir, as florinhas na realidade já estão murchas.

 



2025-05-07

Conclave no Vaticano


Inicia-se hoje (07/Mai/2025) o Conclave para a escolha do novo papa. Do início das actividades faz parte a invocação do Espírito Santo para ajudar os cardeais a fazerem uma boa escolha. Vi no Expresso e a referência a este vídeo no Youtube 

 

em que se vêem os cardeais na Capela Sistina e se ouve o cântico "Veni, creator Spiritus" cuja letra em latim e português está disponível nos Dehonianos.
 
Ao princípio julguei ingenuamente que eram os cardeais que estavam a cantar, talvez induzido pelas partituras que alguns iam seguindo, mas achei estranho ouvir umas vozes femininas no coro, numa assembleia só com homens e alguém me chamou a atenção que no filme se via que os cardeais estavam calados. Talvez alguns estivessem a acompanhar baixinho...
 
O filme data de 12/Mar/2013 no início do Conclave que elegeu o papa Francisco, na sequência da abdicação do papa Bento XVI em 28/Fev/2013.
 
Em 1997 o então cardeal Ratzinger, num comentário à influência do Espírito Santo na escolha do Conclave disse que o Espírito Santo ajuda mas deixa muita liberdade aos cardeais, finalizando assim: "Evidentemente existem numerosos exemplos de Papas que o Espírito Santo nunca teria escolhido".
 
 
«
Em 1997, em uma entrevista concedida a um jornalista da televisão bávara, que lhe perguntou explicitamente se o Espírito Santo era responsável pela escolha do Papa (se pensarmos em alguns dos não tão ilustres que ocuparam o trono de Pedro ao longo da história…), Ratzinger afirmou:

“Não afirmarei dessa forma, no sentido de que seja o Espírito Santo que o escolhe. Eu diria que o Espírito Santo não assume exatamente o controle da questão, mas, como bom educador, Ele nos deixa muito espaço, muita liberdade, sem nos abandonar completamente. Portanto, o papel do Espírito deve ser entendido em um sentido muito mais elástico, não como se ele ditasse o candidato em quem se deve votar. Provavelmente, a única garantia que Ele oferece é que a coisa não pode ser totalmente arruinada. Há muitos exemplos de papas que o Espírito Santo evidentemente não teria escolhido”.

» 

No topo da  Capela Sistina existe um fresco mural enorme, feito por Miguel Ângelo, aludindo ao juízo final. Os cardeais têm ali uma lembrança que serão julgados no além, entre outras coisas, por uma boa escolha do novo papa no Conclave em que vão votar.
 
Finalizo mostrando o fresco que já mostrara neste post.
 
 


2025-05-05

2003, o Ano de Todos os Apagões (enfim, de muitos...)

 

Em 09/Dezembro/2003 fiz uma apresentação em PowerPoint com 65 slides ao Conselho de Administração da REN em que entre outros referi um enorme apagão que  ocorreu no Nordeste dos EUA e parte do Canadá em Agosto e outro em toda a Itália (excepto Sardenha) em Setembro do mesmo ano.

Uma vez que já se passou tanto tempo pensei em divulgá-lo mostrando que naturalmente já nesse tempo havia preocupação em evitar apagões, se faziam análises do que se tinha passado e recomendações para o futuro.

Sempre apreciei PowerPoints com poucas decorações e provavelmente hoje teria evitado o fundo dos slides em azul ultramarino e as letras amarelas, uma espécie de ouro sobre azul, que talvez se devesse à projecção dos slides em salas escuras como se fossem salas de cinema.

Dado que a análise do apagão de 28Abril2025 deve demorar algum tempo esta apresentação tem a vantagem de falar sobre apagões que já tinham sido analisados.

O ficheiro PowerPoint  está disponível aqui. A primeira página era esta

 

 

em que lamento não ter colocado o ano (2003) por isso ser claro para todos os ouvintes.

 

2025-05-01

Meditação

 

Para quem não tem que analisar os milhares de informações que foram registadas milisegundo a milisegundo nos sistemas de controlo em tempo real dos sistemas ibéricos de electricidade onde ocorreu o apagão de 28/Abril/2025 deixo aqui uma imagem que poderá ajudar a fazer alguma meditação, no sentido de esvaziar a mente de conjecturas inúteis, enquanto não é concluído o trabalho de análise dos acontecimentos que tiveram como consequência o referido apagão

 


Trata-se duma fotografia da praia de Alvor em 20Abr2025 com 3 dos 4 elementos clássicos, a Terra, a Água e o Ar, apenas faltando o Fogo que é dispensável para meditação. Foi uma Páscoa bastante nublada com aguaceiros esporádicos que parecem presentes em parte da paisagem. A linha do horizonte tão bem definida ajudará a acalmar o espírito.

Como alternativa ou mesmo complemento recomendo:

- um artigo do jornalista Miguel Prado intitulado "O apagão, a importação e o carvão: vamos trocar umas ideias sobre o assunto?" dirigida ao público em geral

- um texto mais para especialistas de ex-director do CECOEL  Juan Temboury Molina intitulado "La necesaria inteligibilidad de un gran incidente" justificando a conveniência de esperar pelo relatório resultado da análise técnica do incidente