Em 24/Jun/2022 fui surpreendido por estas construções na areia na Praia da Rocha, no concelho de Portimão
Pensei na altura que quem passeava no passadiço de madeira em vez de ver o mar ao longe via um estaleiro de obras com résteas de mar ao fundo entre as nesgas deixadas livres por alguns contentores ou então via apenas a parede de lona branca de uma espécie de armazém, o mesmo se passando com os restaurantes de praia ao longo do passadiço que ignoro se terão sido todos indemnizados pela obsrução da vista desimpedida incluída certamente no custo dos contratos de concessão desses estabelecimentos.
Entretanto o proprietário de um dos restaurantes do passadiço informou-me que não receberam qualquer indemnização pelo prejuízo causado pela presença de um estaleiro de obras obstruindo a vista do mar, de ruídos de obras durante a construção e o desmantelamento dos equipamentos temporários, e da existência de música num nível sonoro elevado, não apreciado pela clientela habitual que se rarefez, sem a sua ausência ser compensada pela presença dos espectadores dos festivais, consumidores de estabelecimentos existentes no interior do recinto. Esta rarefação de clientela estendeu-se desde 20/Maio a 20/Julho, um período importante na actividade sazonal destes estabelecimentos.
Ao fundo não se vêem toldos nem chapéus de sol, confirmei depois que os concessionários não os puderam instalar durante esse período. Os concessionários foram indemnizados por essa circunstância, não sei se de forma adequada.
Nesta foto achei curiosa a presença de uma fiada de instalações sanitárias mas, pensando melhor considerei que seriam sobretudo para os trabalhadores que instalaram os equipamentos pois seriam manifestamentamente insuficientes para os muitos milhares de espectadores dos espectáculos.
Os 4 pilares metálicos aparentavam a altura de um prédio com pelo menos 6 andares, aproximadamente 18 metros, devem ser necessidades das instalações sonoras.
Seis dias depois, no dia 30/Jun/2022 pelas 10 e meia da noite, na véspera do 1º dia do "AfroNation" tirei mais três fotos dos equipamentos, a partir da Avenida Tomás Cabreira e da Fortaleza de Santa Catarina
Nesta imagem constata-se que a cobertura com a altura de 6 andares está completa, assim como o que presumo que seja um 2º palco lá ao fundo, do lado direito da imagem. Entre os dois palcos existe um pavilhão com dois pisos onde estariam mesas com cadeiras mais ou menos vip mas todas bastante dispendiosas. O número de instalações sanitárias aumentou muito desde 24/Jun, não faço ideia se serão suficientes.
Nas traseiras do palco principal vi estas tendas em formas de iglo e uma com a forma de um toro geométrico. Senti-me uma criança a perguntar para que serviriam estas tendas, disseram-me que provavelmente seriam camarins para os artistas que iriam actuar. O toro, com uma planta no espaço interior, talvez fornecesse uma área de convívio para artistas e organizadores do evento
Na noite seguinte, dia 1/Julho/2022 àas 11 da noite tirei mais duas fotos, na primeira vê-se a imensa multidão em frente do palco e o pavilhão com mesas e cadeiras iluminado com cores roxas e rosadas
Na imagem a seguir vê-se melhor a multidão
Não contentes com a série de espectáculos em 1, 2 e 3/Jul, houve uma segunda série de espectáculos nos dias 6, 7 e 8/Jul. Desta vez fotografei a actividade de dia, ao fim da tarde, cerca das 8 horas, vendo-se agora a multidão à luz do dia
Para finalizar fotografei ainda no dia 14/Jul/2022 o local previamente invadido por equipamentos e multidões pelas 7 e meia da tarde.
A restituição do espaço ao público em geral ainda não estava completada, disseram-me que ficou concluída em 20/Jul/2022.
Considero esta cedência de espaço público a uma organização de festivais um abuso de poder da CMP-Câmara Municipal de Portimão. Os proprietários dos numerosos apartamentos da Praia da Rocha pagaram no preço respectivo, no IMT (à semelhança da sisa o imposto mais estúpido do mundo que ainda perdura) e todos os anos no IMI uma importância que em boa parte se deve à presença de uma praia que a CMP tem a obrigação de manter em boas condições de utilização, incompatíveis com a indisponibilidade de uma área muito importante da praia, na época alta e muito alta, vendida a organizadores de eventos barulhentos.
O estádio de futebol construído no concelho de Loulé para o Campeonato Europeu de Futebol do princípio do século XXI seria, por exemplo, uma localização muito mais adequada para um evento deste tipo, os Portugueses não devem ser privados do usufruto do seu Domínio Público Marinho.