Só há pouco tempo soube da edição (em Nov/2019) em Portugal dum novo livro da Jung Chang e foi nessa altura que tomei conhecimento que Sun Yat-sen (1866-1925) o primeiro presidente provisório da República da China, fora casado de 1915 a 1925 com Soong Ching-ling (1893-1981), enquanto Chiang-Kai-shek (1887-1975) o Generalíssimo, chefe do Kuomintang, foi casado com Soong Mai-ling (1898-2003) desde 1927 até à morte, sendo assim cunhado da viúva de Sun Yat-sen.
Esta viúva, que viveu durante algum tempo na Rússia, foi-se aproximando da ideologia leninista e do Partido Comunista Chinês sendo frequentemente contactada por membros importantes do partido que contudo considerou que “Madame Sun Yat-sen” seria mais útil ao PCC não estando nele filiada. Foi admitida no PCC na iminência da sua morte e existe actualmente uma fundação com o seu nome.
Existia uma 3ª irmã, a primogénita, Soong Ei-ling (1889-1973), mulher de negócios casada com H.H.Kung que foi ministro das finanças de Chiang-Kai-shek durante 10 anos. O casal foi durante algum tempo dos mais ricos da China, devido em boa parte à corrupção que grassava no país e de que beneficiaram.
Além das 3 irmãs existiram mais 3 irmãos que são referidos como T.V.Soong, T.L.Soong e T.A.Soong, que são tratados como personagens secundárias.
O pai desta família Soong foi trabalhar para a América, converteu-se ao cristianismo numa igreja Metodista, estudou para missionário durante 7 anos, tendo depois regressado à China. Os missionários metodistas na China deram-lhe pouco trabalho, tendo montado uma editora e ganho muito dinheiro, o que lhe permitiu mandar estudar as 3 filhas para a América onde cada uma delas permaneceu vários anos.
O livro dá conta da competição entre os anos 20 e 50 do século XX, entre a América e a Rússia, para influenciar o futuro da China, competição que dividiu estas irmãs.
A autora não poupa críticas quer a Sun Yat-sen quer ao generalíssimo Chiang-Kai-shek, ambos mais interessados no poder do que em servir a população chinesa. Este último terá mesmo estado envolvido na assassínio de um adversário político em 1912, mas nesses tempos de grande desordem social, os políticos estavam quase permanentemente em risco de vida e a maioria dos altos dirigentes chineses eram responsáveis por alguns massacres.
Achei interessante a presença de numerosas notas no fim da obra, referindo bibliografia fundamentando muitas das afirmações feitas no livro, que é assim uma espécie intermédia entre um livro de História e um simples ensaio. Resumindo, gostei muito deste livro.
Nota: na internet descobri outra versão da mesma obra, de uma editora brasileira, em que gostei muito mais da capa, que mostro a seguir:
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