2020-11-22

Magister dixit

 

Após a noite das eleições nos EUA em 3/Nov/2020, numa conferência de imprensa dada pelo presidente Trump ao fim da 5ª feira, dia 5/Nov/2020, as 3 grandes redes televisivas, ABC, CBS e NBC cortaram  a emissão em directo da intervenção presidencial alegando que o presidente estava a dar informações falsas sobre a existência de fraudes relevantes nas eleições em que prosseguiam as contagens dos votos.

Algumas das redes de TV não só interromperam como corrigiram algumas das afirmações do presidente.

Desta edição online do New York Times transcrevo:

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Major Networks Cut Away From Trump’s Baseless Fraud Claims

By Michael M. Grynbaum and Tiffany Hsu
    Published Nov. 5, 2020Updated Nov. 10, 2020
The three big broadcast networks — ABC, CBS and NBC — cut away from President Trump’s news conference at the White House on Thursday as the president lobbed false claims about the integrity of the election.
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Na RTP Play, na RTP3, na Parte 1 do programa de informação 360 de 6/Nov/2020, aos 37:14 da gravação, em que no canto inferior esquerdo tem a hora 20:37 (provavelmente duma anterior emissão na RTP) podem-se ver dois locutores dessas redes que interromperam a transmissão da conferência de imprensa do presidente.

Seguidamente na RTP3 mostraram ainda um trecho da CNN em que um editor comparava o presidente Trump a uma "tartaruga obesa de patas para o ar": "É o presidente dos Estados Unidos, a figura mais importante do mundo e vêmo-lo como uma tartaruga obesa virada sobre as costas, a debater-se sob um sol escaldante, apercebendo-se que o seu tempo acabou. Mas ele não o aceitou e quer arrastar  todos consigo incluindo este país...".

Enquanto concordo com o corte da transmissão em directo do presidente (para grandes males, grandes remédios) discordo desta comparação completamente descabida da CNN do presidente com uma tartaruga. Já o início e o fim da frase me parecem mais razoáveis: "É o presidente dos Estados Unidos, a figura mais importante do mundo ... apercebendo-se que o seu tempo acabou. Mas ele não o aceitou e quer arrastar  todos consigo incluindo este país...". Dizem-me que esse editor não tardou a pedir desculpa pela imagem de mau gosto.

Para um presidente "normal", em que uso o qualificativo "normal" como caracterizando uma pessoa que constitui uma fonte de informação digna de crédito, embora não infalível, o comportamento normal das estações de TV seria não interrromper essa fonte de informação a falar em directo. Os meios de comunicação social têm a obrigação de fornecer ao público informação fidedigna. Quando a informação não é fidedigna é obrigação dos meios de comunicação social não a transmitirem.

Aplica-se aqui a crítica clássica do "magister dixit". Na maior parte dos casos os "magisters" dizem coisas acertadas/verdadeiras. Mas quando há evidência abundante de que o "magister" produz informação de má qualidade, mesmo que o povo o tenha ungido como "magister", não se deve veicular tudo o que o "magister dixit". Deve-se preferir a verdade à autoridade.



 


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