2020-11-18

A(s) Garça(s) na Colina

 

 Em Outubro de 2016 no meu passeio diário nos Olivais avistei ao longe uma ave branca


 que se sê melhor com "ampliação digital" da mesma foto tirada pelo telemóvel


 Tirei outra foto

fiz a "ampliação"

e a seguir mudei o "Tonemap" 

Tirei a última foto desse passeio e parecia que a garça se tinha ido embora

mas "ampliando" há uma mancha branca

que marquei na imagem a seguir

 

e em que depois alterei o tonemap

constatando-se que a garça ainda não se tinha ido embora mas estava-se a ir embora.


Com este conjunto de imagens lembrei-me do "Blow-up", um filme de Antonioni de 1966 que vi nessa altura (menos as cenas de nudez que foram então censuradas) em que o protagonista fotografa por acaso uma cena distante num jardim que após muitas ampliações parece revelar um assassínio.

Ao contrário do que era habitual, o filme acaba sem revelar se tinha ou não ocorrido um assassínio, deixando o tema em aberto para, dizia-se apelar à intervenção do espectador, que deixaria de ser passivo para ter um papel interpretativo na obra de arte que acabara de ver.

Na altura Umberto Eco publicara um conjunto de ensaios intitulado "Obra Aberta" em que consideraria até que uma obra que não fosse susceptível de várias interpretações não deveria ser considerada como arte mas eu, que não lera ainda nessa altura nada do Umberto Eco, pareceu-me um bocado indecente que o filme acabasse sem decifrar o mistério.

Se fosse agora dir-se-ia que era para garantir uma sequela, caso o filme tivesse sucesso na bilheteira. Na realidade até teve, possivelmente pelas cenas mais ousadas (para a época) censuradas em Portugal, mas não houve qualquer sequela a desvendar o mistério.

Através do Google cheguei ainda a este sítio para "fashionistas" onde tem várias  imagens do filme acompanhadas de comentários ligeiros.

 

Mas regressando à garça, que não há dúvida que estava na colina dos Olivais que eu então fotografei, agora, em Outubro de 2020, voltei a ver uma garça no mesmo local

e o zoom que segue ficou melhor do que os anteriores


Este prédio fica praticamente no enfiamento da Avenida de Pádua pelo que uma "Garça-branca-pequena" (Egretta garzetta) apenas teria que voar umas centenas de metros em linha recta para chegar aqui vinda duma margem do rio Tejo. Porém, dado que é patente que tem um bico amarelo em vez do bico preto da espécie que acabo de referir, tratar-se-á provavelmente duma "Garça-boieira" (Bubulcus ibis) talvez companheira de alguma vaca da Quinta Pedagógica que fica por trás deste prédio.


Aproveito para recordar esta representação estilizada duma garça feita pelo Charley Parker que mostrei num post de 2012:



 

1 comentário:

J Ricardo disse...

Muito interessante JJ, não só as fotos como a lembrança do filme Blow Up de Michelangelo Antonioni, um dos grandes filmes da história do Cinema e cujo visionamento é uma lição da 7a Arte.