2020-11-29

Assar castanhas no forno

 

As castanhas que assavam no forno na casa dos meus pais não eram satisfatórias, muitas vezes eram difíceis de descascar e não ficavam “al dente”, ficavam um bocado assadas de mais e um pouco moles.

As instruções que vi em português sobre o tema eram muito vagas pelo que procurei descrições em inglês onde encontrei maior precisão. Do que li e das poucas experiências que fiz apresento uma receita.

1) Pré-aquecimento do forno
Deve ser pré-aquecido a 200ºC. Em rigor dever-se-ia esperar que a luz do termostato do forno se apague mas eu coloco o termostato a 200ºC e marco 12 minutos no temporizador do telemóvel para sinalizar que o forno deve estar suficientemente quente.

2) Incisão nas castanhas
É necessário fazer uma incisão em cada castanha pois caso contrário poderão “explodir” dentro do forno quando o vapor de água que se forma dentro da castanha consegue finalmente romper a casca da castanha que não sofreu uma incisão. Não estraga o forno mas a castanha transforma-se nuns bocados não comestíveis.
A incisão deve cortar apenas a pele da castanha para manter o miolo inteiro, deve ser feita sobre a parte mais redonda da castanha estando a parte mais plana apoiada sobre uma tábua e deve ir de um lado ao outro da castanha para facilitar a operação de descascar quando a castanha já está assada.
Deve-se ter grande cuidado no corte da pele da castanha para evitar ferida acidental na mão dado que é preciso alguma força para cortar a pele exterior da castanha.

3) Levar à fervura em água
Li numa recomendação na net que seria aconselhável colocar as castanhas num tacho com água fria e levar a água à ebulição. A ideia não é cozer as castanhas mas apenas forçar alguma hidratação para no final não ficarem muito secas. Não se deve deitar as castanhas em água pré-aquecida pois dificultará a hidratação. Neste caso de que mostro foto a seguir preparei cerca de 200g de castanhas e a água chegou à fervura em cerca de 5 minutos mas não sei qual a potência do disco do fogão. Quando a água começou a ferver a maioria das castanhas apresentava a incisão ligeiramente aberta (1 ou 2 mm) dado que as castanhas teriam inchado. Para qualquer quantidade dever-se-á usar disco que leve a água fria com as castanhas à fervura em cerca de 5 minutos.
Costumo deitar alguma água fria no tacho antes de deitar a água do tacho na pia inox para as castanhas não ficarem tão quentes e coloco-as depois uma a uma num prato pyrex. Provavelmente não terá importância a posição das castanhas mas assim vejo no final do forno que as cascas estão bem abertas.

4) Colocar pyrex no forno
Coloco na parte mais alta do forno que estará mais quente. Não uso resistência para gratinar, apenas a resistência do turbo. Uso um prato pyrex que me parece mais adequado do que uma forma metálica pois manterá as castanhas quentes durante mais tempo quando o prato sair do forno. Li que o tempo no forno deverá ser 15 a 20 minutos, eu prefiro 15.

 

    



5) Após retirar do forno
Li nalguns sítios que se devem colocar as castanhas dentro de um pano que se dobra para as manter quentes e esperar uns 5 a 10 minutos. Era o que eu fazia mas constatei que usando este método as últimas castanhas a comer já só estavam mornas e eram difíceis de descascar. Por outro lado constatei que conseguia descascar as castanhas mal saídas do forno, embora nas primeiras castanhas tenha dificuldades semelhantes às que tenho com as acabadas de comprar num fogareiro de venda na rua. Optei assim por usar uma tampa de pyrex com pega isolada. Quando coloquei a tampa condensou parte do vapor de água em presença no interior da tampa que estava à temperatura ambiente. Mantendo as castanhas sobre o pyrex quente e com a protecção da tampa as castanhas ficaram quentes até ao fim do consumo.

Não sei quando e onde hei de pôr o sal pelo que opto por pôr sal refinado à medida que as vou descascando e comendo.
 

Adenda: um leitor informou-me que a altura ideal para pôr o sal é na água fria com as castanhas que se leva até à fervura. Outro disse-me que costuma colocar sal grosso sobre as castanhas antes de as pôr no forno.

Adenda nº 2: um amigo enviou-me esta imagem dum Cortador de pele de castanhas que em tempos comprou no supermercado Continente. 


 Disse-me ainda que costuma colocar as castanhas de molho em água fria com algumas horas de antecedência, método que terá apenas o inconveniente de não satisfazer um apetite inesperado.


2020-11-22

Mais de um milhão

 

O "Número total de visualizações de páginas" deste blogue que existe desde 17/Mar/2008 ultrapassou o milhão antes das 02:22 do dia 22/Nov/2020. Muitas destas "visualizações" são dos robots do Google no seu trabalho incansável de mapeamento do que se passa na Internet mas também são de seres humanos.

Agradeço aos leitores a atenção.

 


 

Magister dixit

 

Após a noite das eleições nos EUA em 3/Nov/2020, numa conferência de imprensa dada pelo presidente Trump ao fim da 5ª feira, dia 5/Nov/2020, as 3 grandes redes televisivas, ABC, CBS e NBC cortaram  a emissão em directo da intervenção presidencial alegando que o presidente estava a dar informações falsas sobre a existência de fraudes relevantes nas eleições em que prosseguiam as contagens dos votos.

Algumas das redes de TV não só interromperam como corrigiram algumas das afirmações do presidente.

Desta edição online do New York Times transcrevo:

«
Major Networks Cut Away From Trump’s Baseless Fraud Claims

By Michael M. Grynbaum and Tiffany Hsu
    Published Nov. 5, 2020Updated Nov. 10, 2020
The three big broadcast networks — ABC, CBS and NBC — cut away from President Trump’s news conference at the White House on Thursday as the president lobbed false claims about the integrity of the election.
...
»

Na RTP Play, na RTP3, na Parte 1 do programa de informação 360 de 6/Nov/2020, aos 37:14 da gravação, em que no canto inferior esquerdo tem a hora 20:37 (provavelmente duma anterior emissão na RTP) podem-se ver dois locutores dessas redes que interromperam a transmissão da conferência de imprensa do presidente.

Seguidamente na RTP3 mostraram ainda um trecho da CNN em que um editor comparava o presidente Trump a uma "tartaruga obesa de patas para o ar": "É o presidente dos Estados Unidos, a figura mais importante do mundo e vêmo-lo como uma tartaruga obesa virada sobre as costas, a debater-se sob um sol escaldante, apercebendo-se que o seu tempo acabou. Mas ele não o aceitou e quer arrastar  todos consigo incluindo este país...".

Enquanto concordo com o corte da transmissão em directo do presidente (para grandes males, grandes remédios) discordo desta comparação completamente descabida da CNN do presidente com uma tartaruga. Já o início e o fim da frase me parecem mais razoáveis: "É o presidente dos Estados Unidos, a figura mais importante do mundo ... apercebendo-se que o seu tempo acabou. Mas ele não o aceitou e quer arrastar  todos consigo incluindo este país...". Dizem-me que esse editor não tardou a pedir desculpa pela imagem de mau gosto.

Para um presidente "normal", em que uso o qualificativo "normal" como caracterizando uma pessoa que constitui uma fonte de informação digna de crédito, embora não infalível, o comportamento normal das estações de TV seria não interrromper essa fonte de informação a falar em directo. Os meios de comunicação social têm a obrigação de fornecer ao público informação fidedigna. Quando a informação não é fidedigna é obrigação dos meios de comunicação social não a transmitirem.

Aplica-se aqui a crítica clássica do "magister dixit". Na maior parte dos casos os "magisters" dizem coisas acertadas/verdadeiras. Mas quando há evidência abundante de que o "magister" produz informação de má qualidade, mesmo que o povo o tenha ungido como "magister", não se deve veicular tudo o que o "magister dixit". Deve-se preferir a verdade à autoridade.



 


2020-11-18

A(s) Garça(s) na Colina

 

 Em Outubro de 2016 no meu passeio diário nos Olivais avistei ao longe uma ave branca


 que se sê melhor com "ampliação digital" da mesma foto tirada pelo telemóvel


 Tirei outra foto

fiz a "ampliação"

e a seguir mudei o "Tonemap" 

Tirei a última foto desse passeio e parecia que a garça se tinha ido embora

mas "ampliando" há uma mancha branca

que marquei na imagem a seguir

 

e em que depois alterei o tonemap

constatando-se que a garça ainda não se tinha ido embora mas estava-se a ir embora.


Com este conjunto de imagens lembrei-me do "Blow-up", um filme de Antonioni de 1966 que vi nessa altura (menos as cenas de nudez que foram então censuradas) em que o protagonista fotografa por acaso uma cena distante num jardim que após muitas ampliações parece revelar um assassínio.

Ao contrário do que era habitual, o filme acaba sem revelar se tinha ou não ocorrido um assassínio, deixando o tema em aberto para, dizia-se apelar à intervenção do espectador, que deixaria de ser passivo para ter um papel interpretativo na obra de arte que acabara de ver.

Na altura Umberto Eco publicara um conjunto de ensaios intitulado "Obra Aberta" em que consideraria até que uma obra que não fosse susceptível de várias interpretações não deveria ser considerada como arte mas eu, que não lera ainda nessa altura nada do Umberto Eco, pareceu-me um bocado indecente que o filme acabasse sem decifrar o mistério.

Se fosse agora dir-se-ia que era para garantir uma sequela, caso o filme tivesse sucesso na bilheteira. Na realidade até teve, possivelmente pelas cenas mais ousadas (para a época) censuradas em Portugal, mas não houve qualquer sequela a desvendar o mistério.

Através do Google cheguei ainda a este sítio para "fashionistas" onde tem várias  imagens do filme acompanhadas de comentários ligeiros.

 

Mas regressando à garça, que não há dúvida que estava na colina dos Olivais que eu então fotografei, agora, em Outubro de 2020, voltei a ver uma garça no mesmo local

e o zoom que segue ficou melhor do que os anteriores


Este prédio fica praticamente no enfiamento da Avenida de Pádua pelo que uma "Garça-branca-pequena" (Egretta garzetta) apenas teria que voar umas centenas de metros em linha recta para chegar aqui vinda duma margem do rio Tejo. Porém, dado que é patente que tem um bico amarelo em vez do bico preto da espécie que acabo de referir, tratar-se-á provavelmente duma "Garça-boieira" (Bubulcus ibis) talvez companheira de alguma vaca da Quinta Pedagógica que fica por trás deste prédio.


Aproveito para recordar esta representação estilizada duma garça feita pelo Charley Parker que mostrei num post de 2012:



 

2020-11-15

Christine Borland, Cast from Nature

 

Depois de me inscrever no sítio do Museu Calouste Gulbenkian recebo de vez em quando e-mails  informando eventos, como aconteceu agora com a exposição "Esculturas Infinitas" com um filme de apresentação de 10:48s que poderá ver aqui


Quando vi o filme impressionou-me sobremaneira esta parte apresentada pela curadora Penelope Curtis sobre uma peça moldada por Christine Borland num projecto de recuperação de outra peça moldada a partir de um cadáver que existia no Colégio de Cirurgia de Edinburgo. Essa parte do filme que dura 95 segundos pode ser acedida na imagem seguinte

Acesso apenas à apresentação da obra de Christine Borland


Para documentar o que o filme mostra, cujo visionamento recomendo antes de prosseguir a leitura deste post tirei "instantâneos" do filme que passo a mostrar:

Primeiro a peça moldada a partir de um cadáver:

depois um anjo voando:

e finalmente a mesma escultura em posições separadas por rotação de 180º:


2020-11-12

Outono (2)

 

Normalmente associa-se o Outono, e bem, à queda das folhas das árvores , aos tons castanhos, cor de cobre, amarelos, laranjas e vermelhos dessas folhas e a uma hibernação vegetativa.

Contudo, como habitualmente existe outra parte da história, os terrenos ressequidos que ficaram amarelos e castanhos com o sol inclemente do Verão (na Índia falam do Verão rigoroso que lá têm em vez do Inverno rigoroso) enchem-se de verde com as primeiras chuvas.

Foi o que aconteceu nesta colina em que além do tapete verde

 


 tem um pequeno hibisco plantado em Janeiro deste ano numa pequena caldeira cavada na encosta.

Além deste hibisco de flores vermelhas há mais uns 3 ou 4 nesta encosta, de outras cores. Tenho visto flores nestes hibiscos ao longo do ano, no Algarve costumo vê-las mais no Verão mas também é a altura em que lá vou com maior frequência...

A imagem anterior foi tirada em 6/Nov, com o céu nublado

Ainda a mesma colina em 7/Nov já com sol com fartura




2020-11-06

Boa explicação

 Boa explicação sobre a predominância de votos democratas nos boletins que chegaram por correio nas eleições americanas em curso:




Outono

 

Com as primeiras chuvas no final de Setembro vi este formigueiro

 com uns buracos enormes, proporcionalmente às formigas, já de si bastante grandes. Porém, dado que foi uma foto tirada com o telemóvel, tive dificuldade em localizar as formigas na foto, nesta ampliação marquei o que me pareceram formigas


2020-11-02

COVID na Europa e nos E.U.A.


A crónica semanal de CFA (Clara Ferreira Alves) na Revista do jornal Expresso de 31/Out/2020 começa com estas frases “No dia 27 de outubro de 2020, a Europa tinha 8.786.209 casos reportados de infeção, e os Estados Unidos tinham 8.704.524 casos reportados. Donald Trump não é o Presidente da Europa, o continente esclarecido e desenvolvido onde vigoram sistemas nacionais de saúde e Estado social. A Europa de repente excedeu os números da América...”.

Achei descabida a comparação entre a gestão desastrosa da pandemia nos E.U.A., muito dificultada pela actuação do presidente Trump e as dificuldades que se têm sentido na Europa no combate à pandemia.

Fui verificar os números no Worldometers e vi números parecidos aos apresentados pela CFA. Porém constatei também que o conceito de “Europa” no Worldometers, e certamente noutra fonte eventualmente usada com números parecidos, será duma estatística em que a região “Europa” inclui entre outros um país como a Rússia, com 145 milhões de habitantes e 16 milhões de km2, como se constata nesta página https://www.worldometers.info/world-population/.

É assim completamente ridículo, quase “trumpiano” e politicamente censurável fazer comparações dos números da Federação dos Estados Unidos da América do Norte com uma miscelânea de conveniência geográfico-estatística da ONU designada por “Europa”. Mais absurda ainda em comparar números absolutos sem considerar a dimensão das populações em causa.

Sob o ponto de vista da pandemia Covid-19 o conjunto mais verosímil de estados europeus que poderá servir de comparação com os EUA será o considerado nas estatísticas do ECDC (European Centre for Disease Prevention and Control) que agregam além dos actuais 27 estados da União Europeia ainda os membros do EEA-European Economic Area (Islândia, Noruega e Liechtenstein) e o Reino Unido que está na transição do Brexit. Somando as populações (com valores disponíveis dos estados referidos em https://www.worldometers.info/world-population/ ) obtém-se um total de 518,9 milhões de habitantes.

No sítio do ECDC, em 31/Out/de 2020 e desde o início da pandemia, o nº total de casos Covid-19 no conjunto de países referido foi 7 162 575 enquanto o nº total de óbitos foi 219 228, que extraí desta citação:
«
As of 31 October 2020, 7 162 575 cases have been reported in the EU/EEA and the UK: France (1 331 984), Spain (1 185 678), United Kingdom (989 745), Italy (647 674), Germany (518 753), Belgium (392 163), Netherlands (340 974), Poland (340 834), Czechia (323 673), Romania (235 586), Portugal (137 272), Sweden (124 355), Austria (101 443), Hungary (71 413), Ireland (61 059), Slovakia (55 091), Bulgaria (51 041), Croatia (46 547), Denmark (45 225), Greece (37 196), Slovenia (32 510), Norway (19 563), Luxembourg (17 134), Finland (15 910), Lithuania (13 823), Malta (5 942), Latvia (5 679), Iceland (4 797), Estonia (4 771), Cyprus (4 217) and Liechtenstein (523).

As of 31 October 2020, 219 228 deaths have been reported in the EU/EEA and the UK: United Kingdom (46 229), Italy (38 321), France (36 565), Spain (35 878), Belgium (11 308), Germany (10 452), Netherlands (7 335), Romania (6 867), Sweden (5 938), Poland (5 351), Czechia (3 078), Portugal (2 468), Ireland (1 908), Hungary (1 699), Bulgaria (1 254), Austria (1 079), Denmark (719), Greece (620), Croatia (531), Finland (358), Norway (282), Slovenia (225), Slovakia (212), Lithuania (157), Luxembourg (152), Estonia (73), Latvia (69), Malta (61), Cyprus (25), Iceland (12) and Liechtenstein (2).
»

No gráfico do Worldometeters (https://www.worldometers.info/coronavirus/country/us/ ) para os USA para 31/Out/2020 e desde o início da pandemia o nº total de casos é 9 402 590, enquanto o nº total de óbitos é 236 072.

Podemos assim resumir a situação em 31/Out/2020:

 

Unidade Estatística

Total de Casos

Total de Óbitos

População

(milhões)

Casos/ milhão de habitantes

Óbitos/ milhão de habitantes

E.U.A.

9 402 590

236 072

331

28 407

713

ECDC

7 162 575

219 228

519

13 801

422

Portugal

137 272

2 468

10,2

13 458

242

 

Resumindo e considerando valores por milhão de habitantes, que são os indicadores com interesse para comparar performances das lutas contra a pandemia, os Estados Unidos da América do Norte tiveram por milhão de habitantes mais do dobro dos casos contabilizados pelo ECDC (Centro Europeu para a prevenção e Controlo de Doenças) e mais 70% do que as mortes observadas nesta parte da Europa.

Os números de Portugal, que inseri por curiosidade, permitem constatar que a nossa performance em relação ao nº de casos é muito parecida à da média do ECDC e as mortes foram apenas 57% do que se observou nessa área europeia.

Estes resultados parecem-me difíceis de compatibilizar com os discursos tremendistas da nossa impreparação para tratar a Covid-19 mas será uma tradição dos media dizer-nos constantemente que poderia ser tudo muito melhor do que foi.