Li o livro mais recente de Jared Diamond que na tradução portuguesa tem o estranho título “Como se renovam as nações” quando no original em inglês o título era simplesmente “Upheaval” que poderia ter sido traduzido por “Disrupção”.
Nele o autor fala de disrupções que ocorreram no passado de 7 países:
- Finlândia e da estratégia seguida para se manter independente da União Soviética e agora da Rússia;
- Japão, o seu primeiro contacto com europeus, fechamento e depois abertura forçada nos finais do século XIX na época Meiji;
- Chile, de Allende a Pinochet e o regresso a uma espécie de democracia;
- Indonésia, a formaçao de um país novo, Sukarno, Suharto e pós-Suharto;
- Alemanha, a reconstrução após 1945;
- Austrália, as inflexões após 1945 em que deixaram de se considerar uma espécie de prolongamento do Reino Unido.
Seguem 4 capítulos sobre
- Japão e crise actual;
- Estados Unidos da América, suas forças e fraquezas actuais, em 2 capítulos
- Problemas actuais do Mundo, designadamente armas nucleares, alterações climáticas, combustíveis fósseis, fontes alternativas de energia, outros recursos naturais, desigualdade, estrutura da crise;
seguidos por um epílogo.
Gostei muito do livro, do mesmo autor já apreciara o “
Guns, Germs and Steel”e o “
Collapse”.
Como sempre a humanidade enfrenta desafios complicados, não vai ser fácil resolver estes problemas que já estavam à espera de solução mesmo antes da crise do Coronavírus.
Há várias décadas que se diz que o planeta não suporta que os consumos per capita de recursos naturais dos países mais pobres sejam idênticos aos actuais dos países desenvolvidos, mas ainda não se sabe como esse consumo poderá ser reduzido, os economistas falam constantemente na necessidade de crescimento.
Gostei da capa, mostrando uma ilustração de Kinuko Y.Craft, uma artista americana nascida no Japão, em que se vê um Samurai indo ao encontro do comandante Perry e que apresento a seguir.
Trata-se duma variação da famosíssima “
Grande Onda de Kanagawa” de Hokusai em que ao fundo, em vez do monte Fuji se vê o navio do comandante Perry.
Parece-me existir aqui muita liberdade na composição, em princípio o comandante deveria ter ancorado o navio na baía do porto de Tóquio onde seria estranho que existissem ondas desta dimensão. E a propulsão da pequena embarcação onde vão os dois japoneses, feita apenas com um remo na popa servindo também de leme, semelhante á propulsão das gôndolas nos calmos canais de Veneza, parece-me completamente inapropriada para vagas tão grandes.