2018-03-13

Jardins rochosos na calçada de Lisboa


Hesitei bastante antes de publicar estas fotos sobre as humildes plantas que crescem nos pequenos interstícios entre as pedras que constituem a calçada dos passeios lisboetas, como esta que mostro a seguir, enriquecidas com uma tentativa (não 100% segura) do Paulo V. Araújo (PVA) de as identificar num comentário deste post

PVA: trevos, talvez o Trifolium tomentosum

Estas fotos foram tiradas entre Maio/2013 e Jun/2016 e o texto que vou escrevendo não representa uma  forma cínica de apresentar um eventual problema. Como julgo que a maior parte das pessoas eu achava que estas ervinhas representavam desleixo na manutenção dos passeios.

PVA: foto é de um Lotus

Contudo ultimamente tenho gostado de ver a pujança como brotam estas plantas, em qualquer altura do ano, mas sobretudo na Primavera que em Lisboa costuma chegar um bocadinho antes do equinócio

Lembro-me de quando andava no IST estarem frequentemente umas jardineiras com umas pequenas ferramentas manuais a arrancar ervinhas do gigantesco empedrado


existente entre a escadaria no topo da Alameda D.Afonso Henriques e o pavilhão central do Instituto, mostrado acima numa vista geral e a seguir com mais detalhe


Uma pessoa a andar no empedrado apercebia-se com mais facilidade das imperfeições existentes do que destes interessantes padrões geométricos que terão sido  percepcionados pelos projectistas nos desenhos sobre estirador do projecto e agora finalmente com o Google Earth e os drones cada vez mais banais.

Agora que penso um pouco mais neste tema julgo que o problema reside na falta de frequência de pisoteio na  calçada em questão, o empedrado tem uma função monumental, tendo uma largura desajustada em relação ao número de pessoas que por ali passa, fazendo com que as jardineiras tenham um autêntico trabalho de Sísifo, quando acabam de limpar o terraço já outras ervinhas despontam na zona por onde começaram a arrancá-las.

PVA: foto parece ser de uma avoadinha (género Conyza)

Estas plantas que julgo ter fotografado nos passeios dos Olivais devem também em parte o seu desenvolvimento à pequena frequência com que passam pessoas pelos passeios.

Uma vez em Copenhague vi um jardineiro com um pequeno lança-chamas às costas que ia queimando as ervinhas no passeio por onde passava

PVA: Leontodon taraxacoides

Ao princípio pareceu-me um método muito eficaz e bastante melhor do que as ferramentas usadas no IST mas constatei que ao aproximar-se duma paliçada de madeira o homem quase que provocava um incêndio, mostrando os riscos do método. De qualquer forma seria uma pena queimar qualquer uma das plantinhas que estou mostrando

PVA: Erodium moschatum

Como as pedras da calçada têm dimensões parecidas, o diferente tamanho das pedras nas várias imagens que estou a mostrar sinalizam que as escalas das imagens são diferentes.

PVA: trevos

Para finalizar mostro um conjunto de florinhas num canteiro mais rochoso que está fora da calçada

PVA: Crepis capillaris






2 comentários:

Paulo Araújo disse...

As ervas nos passeios são, a outra escala, tão bonitas como as flores de jardim, e não é possível nem desejável excluir da cidade tudo quanto é espontâneo. Impressiona-me que haja pessoas que, mesmo num jardim, considerem que as folhas secas são lixo - talvez preferissem árvores de plástico.

Já agora, essas plantinhas têm nome. Aqui vai uma tentativa (não 100% segura) de as identificar:

- as plantas da primeira e penúltima foto são trevos, a primeira talvez o Trifolium tomentosum, a outra não consigo dizer;

- a segunda foto é de um Lotus, mas hesito na espécie;

- a quinta foto parece-me ser de uma avoadinha (género Conyza)

- a sexnta foto é do Leontodon taraxacoides, a sétima do Erodium moschatum, e a nona e última do Crepis capillaris.

Espero ter ajudado.

Saudações,
P.V. Araújo

jj.amarante disse...

Paulo Araújo, muito obrigado pelo seu comentário, aproveitei as suas informações e legendei as imagens.
Cumprimentos
JJ.Amarante