O jornal Expresso tem trazido uma pequena colecção de 4 "livros de auto-ajuda" produzidos pela "School of Life" uma instituição criada por Alain de Botton. No 3º da série escrito por Philippa Perry e intitulado "Como manter a sanidade mental" (How to Stay Sane) tem um pequeno apontamento sobre diferenças nas regras da cortesia.
Diz a autora (na página 53) que em países densamente povoados como o Reino Unido ou o Japão existe a tendência para a "cortesia negativa" em que as pessoas têm consciência da necessidade de privacidade dos outros e do seu desejo de não a verem invadida. O que parece uma frieza é afinal uma cortesia.
Nos países em que há mais espaço livre como nos EUA (talvez isto não se aplique às grandes cidades) predomina a "cortesia positiva" favorecendo a inclusão e a abertura.
Lembrei-me a propósito destas duas fotos que tirei no Japão, que mostrei em post anterior "comer sózinho", cuja estranheza (para um português) poderá ser explicada pela necessidade de privacidade de japoneses em áreas superpovoadas
O João Miguel continua a produzir um conjunto de boas sugestões culturais que estão disponíveis,
e são actualizadas, no A-Z Weblog e no
facebook. Numa das sugestões recentes referiu um documentário de 53 minutos que
iria passar no canal ARTE sobre a arquitecta francesa Charlotte Perriand (1903-1999) e que
estará disponível neste sítio da ARTE de 6/Out a 11/Dez/2019.
Nos tempos que correm acaba por ser mais prático ver os programas de
TV nos sítios da internet na altura que nos é mais conveniente, quer na
“box” para os canais de gravação automática quer nos sitios na internet
de cada canal para os que não são gravados.
É muito devido às tão agradáveis e numerosas sonecas que esta cadeira me tem proporcionado (a maior parte das vezes consigo iniciar repouso, adormecer profundamente e acordar retemperado ao som do alarme do telemóvel em 20 minutos, tudo incluído) que me tenho interessado pela história desta cadeira e de Charlotte Perriand.
Neste filme que passou no canal ARTE dizem que foi após um tempo passado num hospital que no regresso a casa sentiu que existiam móveis a mais na sua habitação e que aderiu emocionalmente às teses funcionalistas então em voga.
Depois da formação em arquitectura trabalhou no atelier de Le Corbusier de 1927 a 1937, tendo-se dedicado nesse período sobretudo a projectos de interiores.
Nota: já devia ser tempo de encontrar traduções adequadas em português para o termo inglês “Design”, mas usar “artes decorativas” para alguém que se quer afastar da “decoração” parece muito inadequado, por outro lado “projecto” parece demasiado vago se bem que “design” só adquira o significado específico de “arquitectura de interiores” quando contextualizado.
Nesse projecto de interiores participou activamente na concretização em conjunto com Le Corbusier e Pierre Jeanneret da já referida “B306 Chaise Longue”, além desta “Cadeira de braços LC1” cuja imagem encontrei na National Gallery of Victoria
e também esta Poltrona LC2
interessando-se pela aplicação dos processos industriais de produção em massa ao mobiliário das casas de habitação. Foi-se interessando pela melhoria das habitações das classes trabalhadoras, cujas condições em Paris eram nessa altura deploráveis, o que deve ter contribuído para a saída do atelier de Le Corbusier. Aproximou-se do PC francês, tendo-se afastado após acordo Stalin-Ribbentrop.
Nas vésperas da invasão de Paris em 1940 viajou de barco para o Japão, a convite do Ministério do Comércio e Indústria, via colega japonês com quem trabalhara no atelier de Le Corbusier, para melhorar padrões dos produtos japoneses tendo em vista a exportação para o Ocidente.
Ficou encantada com o minimalismo japonês que encontrou e talvez perplexa sobre que alterações sugerir às soluções japonesas. Ficou imediatamente fã do chão em Tatami, uma esteira feita,entre outros materiais com palha de arroz. Diziam no filme: “elle s’est immédiatement tatamisé”.
"O vazio tem imenso poder, é nele que nos movemos", parece-me ter ouvido durante o filme, comentando o espaço vazio comum nas casas tradicionais japonesas.
Com a entrada do Japão na guerra saiu do país e esteve no Vietnam, então colónia francesa, até ao fim da guerra, altura em que voltou para França.
Esteve envolvida na construção da estância de férias Les Arcs, em Bourg-Saint-Maurice, a uns 140km de Genève de que existem umas imagens interessantes aqui:
Li há poucos dias uma entrevista do Amartya Sen (nascido em 1933) para a New Yorker intitulada “Amartya Sen’s Hopes and Fears for Indian Democracy”, economista indiano laureado com o prémio nobel de que sou fã e que tenho referido nalguns posts deste blogue.
Nela foi mais uma vez referida a importância da democracia na supressão das formas mais extremas de fome que levavam à morte em massa de milhares ou mesmo milhões de pessoas numa dada região.
Ele mostrou que a presence de uma fome mortal numa sociedade democrática é imediatamente combatida com sucesso pelo governo da ocasião, que não se pode dar ao luxo de perder quer directamente eleitores morrendo à fome quer indirectamente pelos sobreviventes descontentes.
Mas o tempo tem-lhe mostrado que outras injustiças tais como a subalimentação sistemática de partes da população, a frequente discriminação das mulheres ou a inexistência de boas escolas para a maioria das crianças são muito mais difíceis de combater, mesmo em regimes democráticos.
A propósito dos comunistas retirei este pequeno extracto:
«
And also, in terms of sympathy for the poor, I thought the communists had something really important to offer. On the other hand, I was always shocked by the absence of political theory. It is not often recognized that Marx had very little interest in political organization. This whole idea of the dictatorship of the proletariat really makes no sense whatsoever. [Laughs.] And, as John Kenneth Galbraith argued, you need opposition, what he called “countervailing power.” There is no countervailing power in their thinking.
»
que me atrevi a traduzir assim:
«
E também, em termos de simpatia pelos pobres, eu pensei que os comunistas tinham realmente algo importante para oferecer. Por outro lado, sempre me chocou a ausência de teoria política. É poucas vezes reconhecido que Marx tinha muito pouco interesse em organização política. A própria ideia da ditadura do proletariado não faz nenhum sentido. [Risos.] E tal como John Keneth Galgraith argumentou, é precisa oposição, o que ele chamou “contra-poder”. Não existe contra-poder no pensamento deles.
»
Estas considerações apareciam num contexto de censura à política do actual primeiro-ministro da União Indiana, Narendra Modi, pela sua deriva hinduísta em detrimento das outras culturas que habitam no vasto território da União e do abuso da concentração do poder.
Pareceu-me uma coincidência interessante estas reflexões sobre a importância da oposição na altura das eleições legislativas em Portugal.
No caso do PS e também do PSD, parece-me que não basta existir oposição quando têm maioria absoluta pois, como nessas circunstâncias a oposição diz sempre mal de tudo o que fazem, acabam por não a ouvir.
A necessidade do partido do governo fazer alguma negociação com a oposição tempera as medidas que acabam por ter maior qualidade, como aconteceu em Portugal na legislatura de 2015-2019.
Espero que estes hábitos de negociação sistemática com a oposição perdurem na legislatura em que agora entramos.
O blogue "Dias com árvores" do Paulo V. Araújo e Maria P. Carvalho continua a brindar-nos com imagens líndíssimas das mais variadas plantas acompanhadas de textos com uma parte mais dedicada a botânicos profissionaise/ou amadores juntamente com outra dirigida ao público em geral.
A parte botânica dá-nos uma ideia da vastidão deste ramo da biologia, a para o público em geral contém considerações muito ponderadas, como é o caso de mais este post sobre as Vieiras de Tenerife, onde fui buscar as duas imagens que mostro a seguir
Tive acesso à Internet em casa desde Maio/1998 através dum Zoom Fax Modem com velocidade de 33.6kbit/s e disponibilizada por um pacote NETPAC da Portugal Telecom.
Na altura coloquei uma calha desde o sítio onde tenho o PC até à tomada do telefone, foi preciso um cabo com 15 metros pois o trajecto quase nunca é em linha recta.
Em 2003 já tinha uma ligação ADSL (Asymmetric Digital Subscriber Line) com um “Alcatel Speed Touch USB 330 Modem” e um novo contrato com a PT. Diz na Wikipédia que este aparelho podia ir até 7Mbit/s nos downloads e 1 Mbit/s nos uploads. Não me lembro das velocidades típicas do serviço, os valores acima eram majorantes impostos pelo equipamento.
Nessa altura já se dizia que as velocidades de acesso à internet podiam ser enganadoras dado que os servidores que continham os diversos domínios podiam não conseguir responder com a velocidade máxima da ligação à Internet do assinante.
Por curiosidade estive agora a verificar que tenho e-mails apenas a partir de 2005, é posssível que tivesse alguns anteriores mas deviam ser poucos.
Quando chegou a fibra óptica ao meu prédio nos Olivais Sul em Jul/2009 subscrevi o serviço, mas preferi usar a Wi-Fi disponibilizada no router (que tinha para o PC fixo uma performance de cerca de 10Mbit/s ) do que passar um cabo Ethernet com 30metros do PC até ao router em substituição do cabo de 4 condutores com 15m para a ADSL que ia do PC até à tomada do telefone fixo.
Um PC portátil ao lado do fixo consegue cerca de 20Mbit/s e em locais próximos do router (distância de 1 metro) chegou aos 50Mbit/s. Daqui é fácil concluir que o problema da baixa velocidade estava no PC fixo e não no router do operador de telecomunicações
Entretanto constatei que por vezes a velocidade do Wi-Fi descia a valores exasperantes, do género 100kbit/s, que presumo devidas a problemas do operador, mas estas ocorrências raras aumentaram a minha vontade de migrar para uma ligação Ethernet.
Andei hesitante em comprar um TP-link, aparelhos que usam a rede de fios eléctricos duma casa para transmitir sinais de uma rede ethernet. Coloca-se um aparelho TP-link ligado a a uma tomada de 220V ao pé do router e outro aparelho TP-link a outra tomada eléctrica ao pé do PC e ligam-se o PC ao TP-link próximo com um cabo ethernet e o router ao TP-link próximo dele com outro cabo ethernet.
Embora tenha tido boas referências do TP-link, numa conversa que tive sobre estes equipamentos disseram-me a certa altura que o aparelho se tinha avariado, ilustrando a vantagem de um cabo simples que tem uma fiabilidade mais elevada.
Da informação que consultei na Internet constatei que os cabos CAT5 (Categoria 5) com 4 pares de condutores entrançados são adequados para ligações Ethernet até 100metros, funcionando bem com velocidades de 100Mbit/s e mesmo mais, tendo também constatado que eram muito mais flexíveis do que os cabos que eu vira utilizar em algumas aplicações profissionais, conseguindo passar pelos cantos apertados das calhas que eu instalara alguns anos atrás.
A instalação de cabos pelos operadores de telecomunicações em casas impreparadas para o efeito é feita usando pistolas de cola quente. Quando um dos cabos deixa de ser necessário costuma ser abandonado no local, normalmente junto a um rodapé. Desta vez retirei o cabo coaxial que servira para a TVCabo e que deixara de ser usado e coloquei
- o cabo de fibra óptica;
- o cabo do router (passando por caixinha) até ao telefone fixo;
- o novo cabo para ligação Ethernet
numa calha com capacidade para estes 3 cabos, ficando a pensar que deveria ter usado uma calha ligeiramente maior, para algum novo cabo que venha a ser necessário.
Existem cabos Ethernet com as fichas de 8 terminais já ligadas para comprimentos de vários metros, de 10 e de 20m. Comprimentos maiores talvez só por encomenda e no meu caso o cabo teria que passar por um orifício sendo preferível colocar a ficha após a passagem por esse orifício para manter este com dimensão pequena.
A ligação de um cabo Ethernet a uma ficha RJ45 é fácil para quem tem prática. No meu caso falhei duas ligações antes da primeira ligação bem sucedida. É necessário dispor de um alicate para esmagar os contactos da ficha nos condutores previamente colocados lado-a-lado numa ordem pré-determinada, no meu caso usei a T568B.
Este filme do YouTube (Cat RJ45 easy Technique) foi essencial para eu conseguir que os 8 condutores ficassem bem planos e bem paralelos, de forma a que cada um entrasse no orifício que lhe estava destinado na ficha RJ45.
Ao fim de algum tempo e depois de algumas deslocações de mobiliário seguidas da devida reposição consegui uma ligação Ethernet directa entre o router e o PC fixo que no teste da FCCN deu cerca de 90 Mbit/s quer no download quer no upload.
Notei que nalguns sítios a informação parecia chegar mais depressa e certamente o tempo de transmissão de ficheiros vai ser bastante menor.
Adenda: não costumava ver programas da TV no PC entre outras razões porque me cansava das pausas frequentes que ocorriam. Constato agora que com os 90 Mbit/s em vez dos 10 Mbit/s anteriores estas transmissões fluem muito melhor.