2019-01-17

Dos Mistérios ao Mystery Room


Não conhecia a designação “Religiões de mistérios” desta entrada em português da Wikipédia cuja versão em inglês é “Greco-Roman mysteries”, a que cheguei pela referência à Casa dos Mistérios no post anterior sobre um fresco da cidade de Pompeia.

De uma forma geral eu usava o termo “religiões pagãs” para designar os cultos religiosos que precederam o cristianismo mas apercebi-me agora melhor da existência de dois tipos de religiões, aquelas que aceitam a adesão de qualquer pessoa e as que “reservam o direito de admissão”. Nas primeiras os rituais serão normalmente públicos enquanto nas segundas tenderão a existir rituais secretos reservados apenas para os membros do “clube”, uma das formas de garantir a exclusividade da condição de membro.

Acho agora interessante o uso da palavra “mistério” para classificar uma religião, no cristianismo existem mistérios como por exemplo a Eucaristia, que consiste na transformação de pão e vinho respectivamente na carne e no sangue de Cristo, mas que é realizada publicamente numa parte da missa, a designação de “mistério” neste caso é de que ninguém sabe como se realiza a transformação, além de que o pão e o vinho mantêm as características organolépticas que tinham antes da alegada transformação.

Mas nesta procura de mistérios cheguei à Mystery Room do hotel  “Arizona Biltmore” em  Phoenix nos E.U.A.



Trata-se de um hotel concluído em 1929, desenhado pelo arquitecto Albert Chase MacArthur, irmão dos donos do hotel e discípulo de Frank Lloyd Wright, que deu alguma consultoria durante parte da construção.

Esta “Mystery Room” era usada para servir bebidas alcoólicas durante a Lei Seca (1920-1933) em que foi constitucionalmente proibido a fabricação, transporte e venda de bebidas alcoólicas nos E.U.A. Existia um empregado de vigia para avisar os clientes para saírem da sala através de passagens secretas caso fosse visto algum carro de polícia a aproximar-se do hotel. Clark Gable foi um dos clientes desta sala.

Eu já tinha ouvido que durante a lei seca serviam álcool em chávenas de chá em alguns estabelecimentos e que existiam salas escondidas onde eram servidas bebidas alcoólicas, mas julgava que essas infracções eram feitas em estabelecimentos de pequena dimensão, nunca supus que isto se pudesse passar numa instituição com a dimensão deste hotel.


Uma das características que me desagrada nos E.U.A. é esta facilidade com que um hábito frequente, como por exemplo o consumo moderado de bebidas alcólicas ou mesmo a abstenção das mesmas, se transforma em aconselhável e rapidamente em obrigatório como aconteceu neste caso. A uma excessiva pressão social responde depois um comportamento fora-da-lei.

Pensando bem, em Portugal passam-se situações vagamente semelhantes com, por exemplo, a limitação dos 120km/h nas auto-estradas mas, por enquanto, a vigilância policial tem sido muito ténue para pequenas violações do limite.

No sítio do hotel na internet (e também no hotel...) existem estes tijolos desenhados pelo arquitecto e feitos com areia do Arizona de que também gostei.






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