Tiago Martins de Oliveira foi empossado no dia 24/Out/2017 como presidente da Estrutura de Missão para a instalação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais.
Trata-se dum engenheiro florestal , doutorado em gestão de risco de incêndio e também bombeiro. Trabalha para a Afocelca, cujo site informa que “A AFOCELCA é um agrupamento complementar de empresas do grupo The Navigator Company e do grupo ALTRI que com uma estrutura profissional tem por missão apoiar o combate aos incêndios florestais nas propriedades das empresas agrupadas, em estreita coordenação e colaboração com a Autoridade Nacional de Protecção Civil - ANPC.”
No meio do ruído sobre o perigo dos eucaliptos tenho-me informado que as áreas de floresta geridas pelas companhias de celulose têm consistentemente ardido muito menos do que os minifúndios onde cresce a maioria da floresta portuguesa. No ano de 2017 a área de eucaliptos das celuloses mais uma vez ardeu menos do que a floresta do resto do país.
Foi assim com satisfação que tomei conhecimento da nomeação de Tiago Oliveira para a missão acima referida, uma pessoa rara que alia o gosto pela acção no terreno como bombeiro ao estudo de métodos e processos inovadores para minimizar as áreas ardidas da floresta e que tem tido sucesso na sua actividade de prevenção e combate aos fogos florestais, ao contrário do que se passa na maioria da restante área da floresta portuguesa.
Depois foi com surpresa que soube das reservas (das quais discordo) do Bloco de Esquerda e também de Vital Moreira à nomeação de uma pessoa por ter trabalhado para entidades privadas no combate aos incêndios.
À visão maniqueísta de que os gestores públicos são incompetentes, preguiçosos e corruptos e de que os gestores de empresas privadas são competentes, trabalhadores e honestos, corresponde a visão simétrica de que os gestores públicos são competentes, eficazes e dedicados à causa pública enquanto os que trabalham para os privados só pensam no lucro, no luxo e estão a soldo de interesses inconfessáveis.
Esta visão do mundo que o divide de forma clara entre o Bem e o Mal adquiriu o adjectivo “maniqueísta” devido a uma filosofia religiosa dualística criada por Maniqueu, um cristão persa do século III que deve ter sido influenciado pelo Zoroastrismo também nascido na Pérsia.
Os seguidores de Zoroastro mantinham um fogo aceso nos seus templos e dizem que este
que eu fotografei e já mostrei aqui arde ininterruptamente há mais de 1500 anos, presumo que sem causar danos.
A visão dualista simplificada da realidade é inadequada em muitas situações. Não se pode dizer à partida se públicos ou privados são todos bons ou todos maus. Até mesmo nos fogos existem uns que são bons e outros que são maus.