Passei por mais esta exposição interessante na Fundação Calouste Gulbenkian com cerâmicas de países mediterrânicos e de um ou outro mais longínquos, com “Newsletter” da Fundação referida neste site espanhol intitulado “Retabloceramico”.
Normalmente a Gulbenkian deixa fotografar as obras expostas nos seus museus, interditando apenas o flash e o uso de tripés, talvez desta vez estivessem mais limitados por terem de respeitar normas das instituições que cederam objectos para a exposição.
Avisaram-me que não podia fotografar pelo que fiquei com uma única foto desta exposição. Ao procurar imagens na net descobri aqui este azulejo turco com um faisão pousado em ramo de prunus do século XVI, © Cité de la Céramique, Sèvres
A exposição tem alguma cerâmica de Iznik, de que o Museu Gulbenkian possui lindíssimos exemplares.
O único objecto que fotografei foi esta peça de cerâmica do Irão
um caso de “azul sobre ouro”, em vez do tradicional “ouro sobre azul”. Suspeito que o tom dourado da parede se deve a um “controlo de brancos” deficiente, mas gosto do resultado final.
Como na altura não tomei nota da legenda da peça, achei que dava mau aspecto tirar uma foto à legenda depois de me terem dito que não se podia fotografar, fui depois à net ver se encontrava referências.
Encontrei logo esta imagem, em que a peça de cerâmica é acompanhada por uma obra de M.C.Escher:
Os admiradores de Escher costumam saber que ele fez visita demorada ao Alhambra, em Granada na Espanha, e esta figura fazia parte de uma exposição/livro que teve lugar na Holanda intitulada “Escher-meets-islamic-art”.
O virtuosismo com que Escher preenche o plano de figuras muitas vezes geométricas apoia-se em boa parte nas descobertas islâmicas, com a vantagem de poder explorar o uso de figuras humanas e animais, uso esse interdito ou muito desencorajado pelo Islão.
Além do interesse que costumo ter por motivos geométricos, que me levaria a reparar nesta peça cerâmica, julgo que a minha atenção foi ainda mais chamada pelo facto da figura se basear no traçado de 3 quadrados, rodados de 30º, quando a figura islâmica mais popular são os dois quadrados rodados de 45º.
Para me entreter fiz as figuras que acabo de referir numa folha excel:
Há uma referência sucinta à figura de 8 pontas como “Rub el Hizb” na Wikipédia.
Nas viagens é frequente o guia referir significados para esta associação de 2 quadrados. Costumo ouvir com curiosidade esses significados e esquecê-los depois rapidamente, presumo que por não me terem convencido na altura. Devido a esse esquecimento frequente procurei agora na net esse significado e encontrei neste sítio “Morrocan Design” onde em vez de um referem uma imensidade de significados, nenhum deles mais convincente do que os outros. Mas se os significados não são por aí além, as figuras mostradas são muito interessantes.
Na net esta peça era referida como fazendo parte da colecção do “Gemeentemuseum Den Haag”, o Museu Municipal de Haia, na Holanda. Posteriormente consultei o catálogo da exposição que confirmava este museu, dizendo que a peça era proveniente de Kashan, na Pérsia e datada à volta de 1400 DC:
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