Saiu mais uma versão do Manifesto para a Política Energética em Portugal em que resumindo se defende a biomassa e a energia nuclear e em que se atacam as energias eólica e solar.
É impossível discutir estes temas com profundidade num blogue pelo que me limitarei a referir o meu desapontamento por haver pessoas que, mesmo após os desastres de Three Mile Island, de Tchernobyl e tão recentemente de Fukushima, depois de mais de 50 anos de falhanços sucessivos na tentativa de tratar eficazmente os resíduos radioactivos resultantes da actividade das centrais, depois de tantos falhanços financeiros de projectos de centrais nucleares, o último dos quais está a acontecer na Finlândia onde se acumulam os problemas e atrasos, depois da decisão da Alemanha de fechar subitamente no ano passado 8 centrais nucleares e decidir fechar as restantes até 2022 haver pessoas, ia eu dizendo, que achem que vale a pena continuar, aqui e agora no meio desta enorme recessão com o consumo de electricidade a diminuir em Portugal pela primeira vez desde o fim da 2ª grande guerra e sem dinheiro para nada, a estudar o eventual interesse de instalar uma central nuclear em Portugal! Não será tabu mas será certamente uma perda de tempo.
Havendo vários pontos contestáveis no documento, a minha atenção foi chamada para o ponto 34
«É de estranhar que Portugal seja na Europa um campeão das novas renováveis. Se a opção fosse assim tão boa, porque razão é que os outros países, bem mais ricos e desenvolvidos e dotados de um bastante melhor recurso eólico, não adoptaram a mesma política, estando mesmo a abandoná-la, como é o caso da Holanda?»
onde é feita uma referência a eventuais mudanças de estratégia de implementação de renováveis na Holanda que desconheço e sobre as quais não me pronuncio.
Mas um texto em que se afirma que "os outros países da Europa bem mais ricos e desenvolvidos... não adoptaram a mesma política", quando a Dinamarca e a Alemanha precederam Portugal na implementação em larga escala da energia eólica é um texto intelectualmente desonesto.
Tomei nota dos nomes dos subscritores do manifesto que passarei a considerar como pessoas distraídas ou ao serviço de interesses que desprezam o interesse de Portugal.
Entretanto escrevi há pouco tempo um post em que referia a situação das centrais nucleares no Japão mas antes de o visitarem sugiro que contemplem estas imagens do Monte Fuji, que compreendo cada vez melhor ter sido e continuar a ser uma fonte de inspiração inesgotável para tantos artistas japoneses e que fui buscar a este site: http://www.cies.co.jp/photo/
Começo por uma neblina matinal
passo por uma árvore que me parece ter cristais de gelo nos ramos
e termino com um lago e uma árvore em flor
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2 comentários:
Em Portugal os promotores da energia nuclear só pensam numa coisa: dinheiro. Por várias vezes pude constatar a desonestidade intelectual deles em entrevistas nos media, face a jornalistas que não têm a bagagem científica para desmontar as aparentes vantagens que apontam ao nuclear face às renováveis.
Penso que a opção nuclear pode ser discutida, desde que de forma honesta e com estimativas realistas de custos e benefícios. Ora esse simples requisito de honestidade intelectual está posto de parte tratando-se dessas pessoas.
tens toda a razão
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