Estava a ler este post da Vida Breve, referindo a exposição intitulada “Venice, Canaletto and his Rivals” que decorre na National Gallery em Londres, de 13 de Outubro de 2010 a 16 de Janeiro de 2011 e acabei a fazer uma visita breve ao site da Galeria.
Tenho reticências a variados aspectos da cultura anglo-saxónica mas aprecio a clareza com que identificam os bens públicos. Nem sempre o conseguem, quando passaram pela época Thatcher os museus que eram gratuitos passaram a ser pagos, mas regressaram agora a alguma forma de gratuitidade.
O argumento do utilizador-pagador costuma ser uma figura de retórica dos governos que não conseguem controlar os gastos do Estado. Se não existem bens comuns disponíveis “gratuitamente” a todos os cidadãos, para que servem os nossos impostos? Um dos casos mais gritantes dessa falácia foi a atribuição da cobrança das portagens da Ponte 25 de Abril à Lusoponte, para pagar uma parte da ponte Vasco da Gama. É completamente contra o princípio do utilizador-pagador fazer os utilizadores da ponte 25 de Abril pagarem a outra ponte. Quem os pôs a pagá-la foi o ministro Ferreira do Amaral do PSD mas tenho a certeza que o PS seria capaz de fazer o mesmo. Trata-se simplesmente de ir buscar dinheiro aonde se consegue, neste caso aos clientes cativos da ponte 25 de Abril, obrigando-os a pagar algo que não usam. È um caso de “não-utilizador”-pagador.
Na Inglaterra actual existem muitos museus de entrada livre, à semelhança do que acontece em muitos museus de Washington. E a National Gallery de Londres, tem além disso um site magnífico em que se acede com grande rapidez a uma grande quantidade de quadros e surpreendeu-me o grau de detalhe que se consegue com ampliações sucessivas.
Por exemplo neste quadro naïf de Henri Rousseau (dit le Douanier) intitulado “Surpris” em que vemos um tigre surpreendido por um relâmpago numa selva debaixo duma tempestade com muita chuva e vento, que fui buscar ao site da National Gallery, aqui.
Julgo já ter referido que continua a ser difícil avaliar qual das várias reproduções disponíveis na internet sobre um dado quadro é mais fiel ao original. A própria variação da restituição das cores de monitor para monitor torna este tema muito complicado. Mas as reproduções da National Gallery pareceram-me de grande qualidade. À partida os responsáveis por museus devem-se interessar mais do que a média dos utilizadores pela qualidade das imagens. Até agora costumava preferir as imagens da Wikipédia mas vou investigar melhor no futuro as disponibilidades dos museus.
Entretanto mostro a ampliação máxima que se consegue do quadro acima, mostrando a cabeça do tigre em grande detalhe
É quase como se fôssemos lá.
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