2020-04-27

O Alentejo em Lisboa


Em Abril/2016 as plantas dos prados dos Olivais foram deixados crescer até alturas consideráveis, julgo que na altura por se ter procedido à transição dos serviços de jardinagem da Câmara Municipal para as Juntas de Freguesia. Ontem, dia 26/Abril estava uma situação parecida com as "searas" a atingir talvez um metro de altura, desta vez provavelmente devido a efeitos colaterais do COVID-19. Gosto de ver as plantas a desenvolver-se até ao seu mãximo de vez em quando, sem serem constantemente cortadas, como nesta foto de ontem à tarde:





Os Olivais, se bem que sejam das freguesias mais populosas da cidade de Lisboa e tenham, além dos prédios económicos de 3 andares, muitos outros de 10 andares, dada a inexistência do quarteirão clássico e o pouco comércio de pequena dimensão nas ruas do bairro, acaba por ter pouco movimento pedonal nos passeios das ruas, dando a ilusão de uma baixa densidade populacional. Juntando a isto os prados com "searas" a ondular ao vento, até parece que uma pessoa está no Alentejo!

2020-04-26

Discurso do Presidente da República em 25 de Abril de 2020


Não tenho gostado do tom da generalidade das críticas que surgiram a propósito da realização da sessão solene do 25/Abril deste ano na Assembleia da República.

Entretanto o número de pessoas presente na cerimónia inicialmente previsto foi reduzido tendo-se chegado a uma solução numericamente satisfatória e respeitando recomendações da DGS. Há quem critique a presidência da AR por não ter acertado num número adequado logo na primeira tentativa. Eu prefiro constatar com agrado que a presidência foi capaz de levar em conta algumas das críticas sobre os planos iniciais.

Gostei muito do discurso do Presidente da República em 25 de Abril de 2020, refutando alguns dos argumentos críticos da realização da sessão solene, cujo vídeo está disponível no sítio da Presidência da República neste endereço.


2020-04-21

Pastor Alentejano, um Sueco do Sul


Gostei desta foto dum pastor alentejano mais o seu cão guardando rebanho de ovelhas pastando num prado com alguns sobreiros que me dizem ser no nosso Alentejo em Santa Margarida da Serra, ao pé de Grândola.


A foto é do jornal El País, num artigo intitulado "Portugal, los suecos del sur", datado de 12/Abr/2020, referido pelo jornal Expresso há uns dias.
Não me atrai a vida no campo se bem que tenha alguns aspectos positivos.

2020-04-15

Testes de detecção do Coronavírus em Portugal


Depois de ultrapassadas algumas dificuldades durante parte do mês de Março/2020 na realização dos testes de detecção da presença do vírus que provoca a doença COVID-19, a que se seguiram acusações de que se estaria a fazer um racionamento dos testes, racionamento esse que explicaria porque não tínhamos mais infectados, de alguns dias a esta parte passou a ser publicado o número acumulado de testes realizados.

Hoje, dia 2020-04-15 cerca das 17:00 tirei um "instantâneo" do sítio https://www.worldometers.info/coronavirus/#countries, após ter seleccionado a Europa e ordenado por valor decrescente da coluna "Tests/1M pop" (Testes acumulados desde início da pandemia/ milhão de habitantes).

Depois editei a foto retirando países e territórios com menos de 1 milhão de habitantes, fáceis de detectar pois são aqueles em que o "Total tests" é inferior ao "Tests/1M pop".



Constata-se que na Europa Portugal, com 18798 testes por milhão de habitantes, tem um honroso 4º lugar na tabela, a seguir à Estónia, Noruega, e Suíça, afastando completamente o meu receio que os nossos casos estivessem subestimados por estarmos a fazer menos testes do que os nossos  parceiros europeus. Constato também que estamos mesmo à frente da Alemanha, país de que se dizia que estavam a fazer imensos testes.

Ao nível do planeta nesta data e considerando os países com mais de 1 milhão de habitantes apenas os Emirados Árabes Unidos, o Bahrain e o Qatar fizeram mais testes por milhão de habitantes do que Portugal, o que nos deixa no 7º lugar em todo o mundo. Os EUA fizeram até agora cerca de 9500 testes por milhão de habitantes.

2020-04-12

Jared Diamond – Disrupção


Li o livro mais recente de Jared Diamond que na tradução portuguesa tem o estranho título “Como se renovam as nações” quando no original em inglês o título era simplesmente “Upheaval” que poderia ter sido traduzido por “Disrupção”.

Nele o autor fala de disrupções que ocorreram no passado de 7 países:
- Finlândia e da estratégia seguida para se manter independente da União Soviética e agora da Rússia;
- Japão, o seu primeiro contacto com europeus, fechamento e depois abertura forçada nos finais do século XIX na época Meiji;
- Chile, de Allende a Pinochet e o regresso a uma espécie de democracia;
- Indonésia, a formaçao de um país novo, Sukarno, Suharto e pós-Suharto;
- Alemanha, a reconstrução após 1945;
- Austrália, as inflexões após 1945 em que deixaram de se considerar uma espécie de prolongamento do Reino Unido.

Seguem 4 capítulos sobre
- Japão e crise actual;
- Estados Unidos da América, suas forças e fraquezas actuais, em 2 capítulos
- Problemas actuais do Mundo, designadamente armas nucleares, alterações climáticas, combustíveis fósseis, fontes alternativas de energia, outros recursos naturais, desigualdade, estrutura da crise;
seguidos por um epílogo.

Gostei muito do livro, do mesmo autor já apreciara o “Guns, Germs and Steel”e o “Collapse”.

Como sempre a humanidade enfrenta desafios complicados, não vai ser fácil resolver estes problemas que já estavam à espera de solução mesmo antes da crise do Coronavírus.

Há várias décadas que se diz que o planeta não suporta que os consumos per capita de recursos naturais dos países mais pobres sejam idênticos aos actuais dos países desenvolvidos, mas ainda não se sabe como esse consumo poderá ser reduzido, os economistas falam constantemente na necessidade de crescimento.


Gostei da capa, mostrando uma ilustração de Kinuko Y.Craft, uma artista americana nascida no Japão, em que se vê um Samurai indo ao encontro do comandante Perry e que apresento a seguir.


Trata-se duma variação da famosíssima “Grande Onda de Kanagawa” de Hokusai em que ao fundo, em vez do monte Fuji se vê o navio do comandante Perry.

Parece-me existir aqui muita liberdade na composição, em princípio o comandante deveria ter ancorado o navio na baía do porto de Tóquio onde seria estranho que existissem ondas desta dimensão. E a propulsão da pequena embarcação onde vão os dois japoneses, feita apenas com um remo na popa servindo também de leme, semelhante á propulsão das gôndolas nos calmos canais de Veneza, parece-me completamente inapropriada para vagas tão grandes.

2020-04-09

Maruyama Okyo (1733-1795) - Gelo Fracturado


Na série da BBC Civilizações que tem estado a passar nas tardes de sábado na RTP2, no episódio 6 o historiador David Olusoga, um dos apresentadores da série, falou sobre a interacção entre arte japonesa e europeia e apresentou esta obra intitulada "Gelo Fracturado" (Cracked Ice) da colecção do British Museum




com tanta eloquência que revi duas ou 3 vezes o que ele disse para verificar se este aparente conjunto de riscos a merecia. Não é a primeira vez que tenho dificuldade em ver a relação de um discurso com um quadro, como por exemplo aqui, numa obra de Sol Lewitt.

Mas fui-me convencendo que o discurso não era oco, por exemplo ao chamar a atenção da influência da perspectiva auropeia nesta obra japonesa pois o conjunto de riscos faz realmente pensar que se situam num plano horizontal que se estende até lá longe, eventualmente ajudado pelo título da obra.

Entretanto a gravação do episódio 6 que eu consultara nas gravações automáticas deixara de estar disponível, na versão BBC para iPlayer não estava disponível para quem estivesse em Portugal, na RTP Play apenas está disponível o último episódio e não é altura de comprar DVDs. Procurei o texto na net e parece-me que o encontrei neste post de Philip Singleton sobre Okyo, citando de forma aproximada o que David Olusoga terá dito no episódio 6 de Civilisations.

Resumindo o David Olusoga diz que esta obra de tinta sobre papel é uma síntese cultural de técnica, em que à linha simples da caneta se adiciona uma "profundidade visual"em que a vista é conduzida através da superfície gelada por linhas que se tornam mais finas. O uso da técnica europeia da perspectiva  é o oposto da representação plana bidimensional da  arte japonesa tradicional.

O fascínio pela imperfeição e não permanência típica do Budismo e da filosofia japonesa é aqui satisfeito pelas fracturas que são uma imperfeição na pureza da folha de gelo sendo a não permanência assegurada pela fusão do gelo que, ao tranformar-se em água fará desaparecer as fracturas.

O perfeccionismo japonês convive assim com um fascínio pela imperfeição, como documentei na arte japonesa do Kintsugi.

O artigo da Wikipédia sobre Maruyama Okyo cita a existência de uma lenda, contada por Van Briessen (presumo que seja o autor de "The Way of the Brush: Painting Techniques of China and Japan" ) em que um daimyo encomendou a Okyo uma pintura do espírito (ghost) de um parente recentemente falecido. Okyo pintou o espírito de uma forma tão realista que quando completou a pintura o espírito saiu da pintura e voou para longe.

Penso agora que esse quadro poderia ter sido este outro, intitulado "Fantasma pairando sobre gelo fracturado", num momento em que o espírito já voara:





2020-04-08

Estado de Nova Iorque e Portugal na COVID-19


Nos Estados Unidos da América do Norte o estado mais atingido nesta data é o de Nova Iorque, com 19,5 milhões de habitantes, onde está a cidade homónima.

Na Wikipédia nesta data (2020-04-08 23:22) constava em relação à COVID-19:

- Data de  detecção de 1º caso: 1-Mar-2020
- Casos confirmados: 149 316
- Óbitos: 6268

Em Portugal com 10,3 milhões de habitantes (cerca de metade)  os números eram:

- Data de  detecção de 1º caso: 2-Mar-2020
- Casos confirmados: 13 141
- Óbitos: 380

Hoje, o presidente Donald Trump ameaçou cessar a contribuição dos EUA para a OMS (Organização Mundial de Saúde). Parece uma decisão pouco construtiva no meio desta enorme crise.


2020-04-06

Olivais Sul em dia de chuva e de confinamento


Um pouco menos pessoas do que em dias de sol mas a diferença não é grande. Gostei do verde claro da árvore em primeiro plano


e achei graça a esta ameixoeira-do-jardim variedade Pissardii que poderia ser chamada "árvore bicolor" enquanto as folhas verdes não mudam de côr para o vermelho escuro final


finalizando com outra vista com muito pouca gente




2020-04-03

Bill Gates e o Coronavírus


Sempre que ouço o Bill Gates penso que ouvi coisas muito acertadas, como estas que seleccionei do seu blogue "GatesNotes",ordenados por data, dos mais recentes para os mais antigos:


- What our leaders can do now (02Apr2020)
Em que entre outras coisas recomenda a preparação de fábricas de vacinas desde já, para que a produção em massa de vacina eficaz que seja descoberta possa começar mais cedo.

- 31 questions and answers about COVID-19 (19Mar2020)
Com alguns comentários sobre o "Imperial College COVID-19 Response Team report "

We’re not ready for the next epidemic (18Mar2015)
Uma TED talk publicada em 2015 onde chamava a atenção que o mundo não estava preparado para uma nova pandemia, como estamos agora a constatar, e onde sugere várias acções para o longo prazo.

A apresentação faz parte do post do blogue mas pode ser acedida logo aqui: