2025-06-12

Não há almoços grátis, já quanto a canhões , aviões e outras armas...

 

Lembro-me da frase constantemente usada pelo economista João César das Neves de que não existem almoços grátis. A facilidade com que o secretário da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sugere ou quase exige que cada membro passe dos actuais 2% do PIB para 3,5% ou mesmo 5% parece-me completamente injustificada. 

E acho curioso o discurso do governo minimizando a eventualidade de outras áreas da governação verem os eu orçamento reduzido pelo aumento da despesa em armamento. É como se dissessem:

 Não há almoços grátis, já quanto a canhões , aviões e outras armas: não sabemos

Por outro lado inquieta-me esta tolerância para aumentar o déficit para comprar armamento. Da última vez que isto aconteceu, quando na sequência da crise do subprime causada pelos então nossos grandes aliados e amigos, os Estados da União Europeia foram encorajados a gastarem liberalmente em investimentos como contra-ciclo à recessão que ameaçava ou existia. Portugal, como bom aluno, seguiu a sugestão para depois ser violentamente censurado pelo déficit excessivo, foram-nos impostos PECs sucessivos (Programas de Estabilidade e Crescimento) até à intervenção da austeridade da Troika.

Tanto mais que J.D.Vance nos explicou em Munique que a preocupação que tínhamos com Putin era completamente injustificada, devíamo-nos era preocupar com os atentados aos "nossos" valores ocidentais deixando proliferar à vontade nas redes sociais os insultos , calúnias e falsidades que aparentemente segundo ele são essenciais numa sociedade livre. Devíamos também não ser tão burocratas ao anular, por exemplo, uma eleição presidencial na Roménia em que buscas na casa do vencedor da eleição revelou quantidade grande de dinheiro indiciando que teria havido na campanha maiores gastos do que os legalmente permitidos.

Enquanto o amigo americano nos avisa para não nos preocuparmos com Putin, o nosso general Agostinho Costa, que há quem diga ser pró-russo também nos tranquiliza sobre Putin, alegando que em Portugal não existem russos no sentido de que não justificam uma invasão.

Contudo não me esqueço da ambição manifestada por Medvedev que referi no post "De Lisboa a Vladivostok ou o Sonho de Medvedev" de Abril/2022 com esta imagem


em que manifesto a minha alegria por pertencermos à NATO, alegria essa que desde então tem esmorecido. 

É nesse sentido que me parece prudente reforçar as nossas capacidades de defesa, sem entrar em exageros. O presidente da América quer fazer a América (não é Portugal) grande outra vez, vendendo muitas das suas armas sofisticadíssimas e caríssimas, tão sofisticadas que poderão certamente ser desligadas a partir de Washington caso os aviões americanos sejam usados de forma com a qual eles discordem. À semelhança dos Teslas que são remotamente imobilizados quando, por exemplo, existe algum mal-entendido na liquidação dum pagamento. Comprar um F-35 fará a América um pouquinho maior, julgo que o mesmo não sucederá a Portugal. Como fornecedor prefiro a Suécia. 

 

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